História

Civilização Romana – O Império de 27 a.C. à 476 d.C.

Com o advento do Império, em 27 a.C., reorganizou-se a estrutura política romana, concentrando-se toda a autoridade nas mãos do imperador.

Esse último período apresenta duas etapas distintas: o Alto Império (século I a.C. a III d.C.) e o Baixo Império (século III a V d.C.).

Roma atingiu seu apogeu, durante o Alto Império, devido ao desenvolvimento sem precedentes do modo de produção escravista e às conquistas territoriais, alcançando riquezas e poder como nenhuma outra civilização.

Ao imperador, supremo mandatário, cabia exercer totalmente o controle político, sobrepondo-se ao Senado.

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A ele competia nomear magistrados, controlar os exércitos, interferindo, até mesmo, nas questões religiosas.

Com a plena centralização, conseguia-se a estabilidade, anulando os tradicionais conflitos entre as várias facções políticas.

O império foi, enfim, a solução governamental encontrada para pôr fim ao descontrole político republicano.

Otávio Augusto, o primeiro imperador (27 a.C.- 14 d.C.), preocupou-se com as obras públicas, sendo dessa época muitas das magníficas construções, cujas ruínas podem ser vistas ainda hoje em Roma.

Para cuidar da sua segurança, criou-se a Guarda Pretoriana, cuja principal função era defender o imperador e vigiar a capital. Ao mesmo tempo, Otávio Augusto, distribuía trigo à população e organizava sistematicamente grandes espetáculos públicos de circo, a chamada política de pão e circo, ampliando muito a sua popularidade.

Administrativamente, foi criada uma nova estrutura, que visava modificar desde a forma de cobrança de tributos, pondo fim ao usual arredamento de arrecadação, até as divisões sociais e a convocação de homens para o exército. O funcionalismo público também foi ampliado, sendo o conseqüente aumento de despesas coberto pelo crescente fluxo de riquezas.

Para uma população imperial de quase 60 milhões de habitantes, a sociedade romana passou a ser dividida em cidadãos, cerca de 5,5 milhões de pessoas, e províncias. Os cidadãos, por sua vez , eram hierarquizados de acordo com suas fortunas: no topo da escala social ficava a ordem senatorial, um conjunto aproximado de duas mil pessoas, os possuidores de mais de 1 milhão de sestércios (moeda de prata); em seguida vinha a ordem eqüestre, cerca de vinte mil indivíduos com fortuna superior a 400 mil sestércios; e finalmente abaixo, ficava a ordem plebéia. No plano militar, Otávio Augusto organizava um poderoso exército de mais de 300 mil homens, divididos em 25 legiões (cada uma com 5.620 combatentes), composto por cidadãos e tropas auxiliares das províncias, cujos membros só recebiam a cidadania após o serviço militar.

Foi, graças ao poder e àestabilidade iniciada por Augusto, que Roma pôde desfrutar de um período de grande prosperidade, constituindo a pax romana que duraria pelo menos mais de dois século após o seu governo.

Durante o governo de Otávio, nasceu Jesus Cristo, em Belém, o fundador de uma nova religião – o cristianismo – que, pouco a pouco foi ganhando seguidores em todo o Império.

Na literatura, o período de governo de Otávio Augusto foi conhecido como século de ouro graças a seu ministro Mecenas, que, por seu grande interesse pelas artes, apoiou, entre outros, escritores como Horácio e Virgílio Com a morte de Otávio, o Alto Império passou por diversas dinastias: de 14 a 68, o governo coube à dinastia Júlio-claudiana, seguida pela dos Flávios, que perdurou até 96, vindo a seguir a dos Antoninos, que governaram até 192.

A última dinastia foi a dos Severos, que estiveram no poder de 193 a 235.

Os sucessores de Augusto desestruturaram o governo, minando o modo de produção escravista, fator de riqueza para o Império, além de favorecerem o descontrole político com as constantes intrigas palacianas, as crises sucessórias e a imoralidade em nível não só pessoal, mas também administrativo.De maneira geral, essa situação se agravou com os imperadores Tibério (14-37), Calígula (37-41) E Nero (54-68).

Tibério desmoralizou o governo, e acabou sendo transferido para Capri, onde morreu assassinado; Calígula, famoso por sua imoralidade e despotismo inconseqüente, chegou a nomear o cavalo Incitatus, cônsul romano. Foi também Calígula que mandou cortar a cabeça das estátuas dos deuses em Roma, substituindo-as por seu próprio rosto como modelo. Já Nero celebrizou-se pelas perseguições aos cristãos, que se negavam a cultuá-lo como divindade. Para incrimina-los e reprimi-los com mais violência, Nero mandou incendiar a cidade de Roma.

Com a dinastia dos Antoninos, Roma voltou a ter relativa estabilidade e prosperidade, pois a habilidade de imperadores como Trajano e Marco Aurélio amenizou temporariamente as dificuldades do Império.

Durante o governo de Trajano, o Império atingiu a sua maior extensão territorial e com Marco Aurélio, um enorme reerguimento cultural.

No final do período antonino , entretanto, delinearam-se os contornos que poriam fim ao escravismo e ao mundo romano, processo que perdurou do século III ao V. No governo da dinastia dos severos, a fragilidade romana não podia mais reverter a sua decadência, crescendo a pressão dos povos vizinhos que avançavam em ordas sobre o interior do Império, iniciando o Baixo Império Romano O Baixo Império foi marcado pela decadência, pelas grandes crises e pela anarquia, devidas principalmente à interrupção das conquistas, o que arruinou a economia imperial, baseada no trabalho escravo e na exploração das províncias. Escasseando os tributos impostos aos vencidos, Roma caminhou para o progressivo esgotamento econômico.

Os principais imperadores desse período foram: Diocleciano(284-305) – tentou salvar a falência do Império, baixando o Edito Máximo, onde fixou preços máximos para as mercadorias e salários, sendo os infratores condenados à morte. A medida não surtiu efeito, pois as mercadorias desapareceram enquanto os preços continuaram a subir descontroladamente.

Outra decisão importante de Diocleciano foi a criação da tetrarquia – divisão do Império entre quatro generais buscando conseguir a paz social e o controle político perdido. Constantino (313-337) – através do Edito de Milão, concedeu liberdade de culto aos cristãos, já importantes em número e influência.

Buscou também estabilizar a produção rural frente à escassez de mão-de-obra decretando, com a Lei de Colonato, a obrigatoriedade de fixação do colono à terra que trabalhava. Era a intensificação do uso do trabalho servil em substituição ao trabalho escravo.

Outra medida de destaque tomada por Constantino foi a fundação de uma segunda capital do Império – Constantinopla (hoje Istambul), com a finalidade de garantir a proteção da fronteira do leste.

Teodósio (378-395) – oficializou o cristianismo e, em 395, dividiu o Império Romano em dois: o do Oriente , que tinha como capital Constantinopla; e o do Ocidente, cujo capital era Roma.

Ao final de seu governo, os bárbaros conseguiram se infiltrar por todo o Império, o que culminou nas invasões e na queda definitiva do Império Ocidental, em 476, quando a tribo dos hérulos, chefiada por Odoacro, derrubou o último imperador romano, Rômulo Augusto.

Foram diversos os fatores que causaram a decadência romana, destacando-se o imperialismo, as guerras civis, a anarquia militar, a crise do escravismo, a ascensão do cristianismo e as invasões bárbaras.

O imperialismo romano e as guerras civis internas foram os responsáveis pela ampliação do aparelho militar e burocrático, bem como a instabilidade política.

As sucessivas lutas pelo poder geraram corrupção, descontrole político, queda de valores tradicionais, desencadeando uma série crise moral. No século III impôs-se a anarquia militar: as legiões entronavam e destronavam imperadores segundo interesses imediatos (de 211 a 284, por exemplo, sucederam-se cerca de vinte imperadores).

Os soldados, que gozavam de grande prestígio, apoiavam irrestritamente os generais, que se apossavam, mesmo que por curtos períodos, de regiões provinciais, o que contribuía para o acirramento da crise. A crise do escravismo, ocasionado pelo fim das guerras de conquistas e que fez escassear o numero de prisioneiros, tornou-se um obstáculo à produção, baseada fundamentalmente na escravidão. Os proprietários foram então obrigados a arrendar suas terras a camponeses, que se sujeitavam a pagar quaisquer tributos que lhes fossem cobrados. Substituí-se o escravismo pela servidão rural.

O crescimento do cristianismo foi outro fator de desagregação do Império, pois se opunha à estrutura militar e escravocrata , sustentáculo do Império Romano. A crise econômica, advinda da crise escravista, resultou na diminuição de receitas para cobrir os gastos com a manutenção da burocracia e do exército, ao lado disso, houve uma nítida diminuição de áreas cultivadas, devido à falta de mão-de-obra, o que veio a encarecer os produtos. Ao mesmo tempo, o Estado desvalorizava a moeda, devido à diminuição de metais nobres, como ouro e prata, único meio de que dispunha para saldar seus compromissos.

Houve, em conseqüência, uma inflação crescente, que resultou num caos monetário, no início do século III, e que acelerou a decadência econômica.

A volta para uma economia rural de subsistência fez com que a população rural se isolasse em vilas auto-suficientes e autônomas, para poder enfrentar a crise geral do Império. Finalmente, as invasões bárbaras minaram as forças imperiais, já agonizantes, tomando pouco a pouco seus territórios e pondo fim ao Império Romano em 476.