Biologia

Entenda o que são as Células-tronco

Nos últimos anos, muito se ouviu falar sobre os avanços da medicina graças ao uso das células tronco, mas você sabe realmente o que elas são e para que servem?

Basicamente, as células-tronco são células capazes tanto de criar cópias idênticas de si mesmas, como de se diferenciar em variados tipos celulares. Essas duas propriedades: auto renovação e potencial de diferenciação, são suas principais características.

Explicando melhor: a auto renovação é a capacidade que esse tipo de célula tem de se reproduzir, dando origem a células idênticas; já o potencial de diferenciação é a capacidade que essa mesma célula tem de gerar células especializadas e típicas de diferentes tecidos, desde que esteja submetida a condições favoráveis.

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As células-tronco podem ser classificadas, de acordo com seu potencial de diferenciação, em três diferentes níveis:

Células totipotentes:

Único tipo capaz de gerar um organismo completo. São classificados dessa forma os óvulos fecundados (zigotos) e as primeiras células geradas entre esse estágio e o blastocisto.

Células pluripotentes:

São capazes de gerar células de tecidos primordiais do primeiro estágio embrionário, mas não podem gerar organismos completos. O exemplo mais significativo desse tipo são as células da massa celular interna do blastocisto. São conhecidas como células-tronco embrionárias.

Células multipotentes:

Possuem a capacidade de gerar um certo número de células especializadas. São encontradas em diferentes partes do corpo e podem gerar células típicas dos tecidos dos quais são originárias.

Essas células são as mesmas responsáveis pela renovação celular constante dos órgãos. São multipotentes as células da medula óssea e as células mesenquimais.

O mais surpreendente é a possibilidade de induzir a pluripotência de uma célula através da reprogramação genética. Essa técnica foi desenvolvida em 2006, por um pesquisador japonês chamado Shinya Yamada. Sua pesquisa iniciou-se em camundongos e após um ano o procedimento passou a ser realizado em células humanas.

A reprogramação pode ser realizada a partir de diferentes células, mas as células da pele são as mais usadas, pois assemelham-se muito às células-tronco embrionárias, conservando as mesmas propriedades de auto renovação e potencial de diferenciação.

Os avanços que a medicina alcançou com essa descoberta ainda estão sendo medidos, mas é certo que a medicina regenerativa, a biologia celular e a biologia do desenvolvimento beneficiaram-se muito dessa tecnologia.

As novas possibilidades de manipular as células trouxeram diferentes perspectivas para o estudo da embriogênese humana e, consequentemente, contribuíram para a cura ou tratamento de várias doenças.

A pesquisa com células-tronco permitiu que se entendesse melhor o crescimento e o funcionamento dos organismos, proporcionando a chance de mapear doenças, testar medicamentos e desenvolver tratamentos mais eficientes.

Também muito se fala sobre as células-tronco extraídas do sangue (células hematopoéticas) e do tecido (células mesenquimais) do cordão umbilical. Atualmente, oitenta enfermidades podem ser tratadas dessa forma, entre elas o câncer, deficiências autoimunes e patologias do sangue. Por isso, tem se tornado cada vez mais comum que pessoas coletem e armazenem células-tronco do cordão umbilical. As amostras mais antigas estão armazenadas há cerca de 25 anos.

Outra possibilidade é o uso de embriões congelados que serão descartados, mas esse assunto é extremamente polêmico, pois esbarra em questões de cunho moral e religioso. Mayana Zatz, professora de Genética Humana na USP, defende o estudo e uso dessa terapia: “Acho que é uma coisa do outro mundo e que existe muito desentendimento e desinformação, porque a proposta é usar os embriões que sobram nas clínicas de fertilização e vão para o lixo.”

É certo que ainda existem muitos obstáculos a serem transpostos para que esse tratamento seja efetivamente aplicado. Além de esclarecer melhor toda a população, é necessário utilizar métodos bastante rigorosos de pesquisa para garantir a segurança e a eficácia do tratamento longo prazo.