Geografia

O processo de globalização no Terceiro Mundo

Como sistema socioeconômico, o capitalismo passa por ciclos de crescimento, intercalado por fases de estagnação. Esta situação é consequência direta dos momentos onde ocorre avanços tecnológicos, que vão refletir em novas formas de produção, com novos fatores que indiquem a importância de cada país ou bloco de países, na nova realidade de relações de poder, quanto ao comando e o grau de dependência.

O processo de globalização fortaleceu mais ainda os processos anteriores, aumentando a dinâmica de internacionalização e transnacionalização em níveis jamais esperados pelos especialistas. Os países centrais entram na fase pós-urbano/industrial, isto é, detêm o controle sob nova tecnologia e o sistema financeiro, enquanto a maioria das fábricas, principalmente aquelas que exigem elevado uso de matéria-prima, recursos energéticos e que não necessitam de mão-de-obra muito qualificada e degradam o meio ambiente (Citação do autor: aqui lembro dos biocombustíveis, caso do etanol por exemplo, produção de carvão é um outro exemplo e por aí vai), são transferidas para os países periféricos. Quanto menor for a importância da fábrica, maior será sua distância em relação aos países centrais.

Está caracterizado o modelo atual, onde deve ser desconcentrado, distribuindo a produção para o Terceiro Mundo, das atividades mais antigas, enquanto fica mantida a concentração do high tech e do poder de capital. Os laboratórios e centros de pesquisas, com pessoal altamente qualificado e os centros financeiros, ficam concentrados nos países centrais, enquanto fábricas de automotores, eletrodomésticos, brinquedos, siderurgia, química pesada, etc., são rapidamente transferidas para os países pobres. Está apresentado um dos motivos para a privatização das estatais no Terceiro Mundo.

Um bom exemplo desta situação, é o que está acontecendo na China Popular, com a sua abertura econômica localizada nas Zonas Econômicas Especiais, em seu litoral, é o país que mais cresceu economicamente nas duas últimas décadas, mas sua luta maior é quanto à transferência de tecnologia de ponta e o controle do capital externo. Para superar esta situação, o país pratica a pirataria tecnológica, onde mais de 90% dos softwares produzidos no país são cópias ilegais, gerando prejuízo de bilhões de dólares, todo ano, para as multinacionais.

O Brasil, a exemplo dos demais países latino-americanos, está lutando para assumir este novo papel nas relações internacionais, mas esta nova forma de dependência exige mudanças internas estruturais, tanto econômicas como financeiras, que vão refletir na realidade política, social e cultural da população (Citação do autor: aqui lembro das famigeradas ideias de reformulação jurídica, política, administrativa e tributária. Famigeradas porque sei que fazem parte do pacote neoliberal, que o Fernando Henrique tratou de enfiar ânus adentro do povo brasileiro).

O Mundo está cada vez menor, o sistema de comunicação em massa, quantifica, podendo também até qualificar o número de informações para a sociedade, permitindo um acompanhamento mais próximo das atividades do Estado, ao mesmo tempo que este próprio Estado está diminuindo seu poder de dominação com as medidas neoliberais. Portanto, não podemos dizer que houve um aumento no índice de corrupção, incompetência administrativa, enfim, de prepotência das autoridades e mau uso dos recursos públicos, o que aumentou foi a transparência das informações e a capacidade de cobrança da sociedade. Já foi o tempo do empreguismo, das propinas, dos elefantes brancos. Só falta as autoridades se conscientizarem que não estão mais acima do bem e do mal. Enquanto isto não acontece, o Terceiro Mundo vai vivendo com o acúmulo de crises econômicas e financeiras e de escândalos políticos.

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