Biologia

Hermafroditismo

Pode-se denominar um ser como hermafrodita aquele que possui os órgãos genitais tanto masculinos quanto femininos em seu corpo, esta anomalia é a oitava mais rara do mundo. O nome hermafrodita nasceu do grego Hermafrodito, o filho de Afrodite – a deusa do amor – e Hermes – deus das viagens e do atletismo, ambos representantes dos gêneros masculino e feminino. Esta anomalia pode ser proveniente de mutações genéticas, que ocorrem em situações bem raras em todos o mundo, como também por alta ingestão de hormônios pela mãe do indivíduo ou a fecundação simultânea de aspectos normais e anormais em óvulos inativos.

Na condição de hermafrodita, o indivíduo apresenta estrutura tecidual ovariana e testicular e possui características físicas externas ambíguas, além de aparência tanto feminina quanto masculina. Por conta destas particularidades, os hermafroditas podem ser subdivididos em quatro categorias distintas:

– XX: este caso ocorre quando o indivíduo nasce com os cromossomos XX (femininos) e com os ovários, porém os aspectos externos da genitália são masculinizados. As causas mais comuns em que o caso XX pode ocorrer são pela alta quantidade de hormônio masculino ingerido ou recebido pela mãe, tumores ovarianos (que aumentam a produção de hormônios masculinos no corpo da mãe), hiperplasia adrenal congênita (uma doença genética que afeta os distúrbios das glândulas adrenais que produzem hormônios como o cortisol) e deficiência de aromatase (capaz de converter hormônios masculinos em femininos no organismo).

– XY: caso em que o indivíduo nasce com os cromossomos XY (masculinos) e com uma formação diferenciada da genitália externa (havendo deformações ou ausência total de testículos), podendo ser ambígua ou com evidencias femininas. O caso XY podem apresentar causas como a SIA (síndrome de insensibilidade do andrógeno), quando os receptores dos hormônios masculinos não funcionam como deveriam; dificuldades para a produção de testosterona (principal hormônio masculino); má administração de testosterona pelo organismo que não faz a distribuição correta do hormônio, problemas na formação dos testículos e problemas com a enzima 5-alfa-reductase (enzima necessária para a conversão da testosterona em dihidrotestosterona – DHT).

– GONADAL VERDADEIRO: neste caso, o indivíduo pode apresentar os tecidos ovariano ou testicular em seu organismo, chamado de ovotestículo (quando ocorre na mesma gônada), e ter um ovário e um testículo. Os fatores que podem provocar um intersexo gonadal verdadeiro são desconhecidos.

– COMPLEXO OU INDETERMINADO: o indivíduo, nesta situação, pode apresentar variações cromossômicas bem diferenciadas, sendo o 45-XO (fato quando há somente um cromossomo X), como também quando apresenta um cromossomo sexual extra (o 47-XXY e 47-XXX). O caso de intersexo complexo ou indeterminado podem ser decorrentes de níveis de hormônios sexuais, números de hormônios sexuais com alterações e problemas de desenvolvimento sexual do embrião.

De forma de que hermafroditismo não seja considerada uma doença, somente alterações na normalidade cromossômica que levam a distinções físicas nos órgãos genitais dos indivíduos, não há sintomas desenvolvidos. Porém, por haverem alterações hormonais variadas, a puberdade da pessoa pode ser afetada de alguma maneira, podendo até mesmo a não existir em alguns casos. Há relatos também de pessoas que sofreram algumas mudanças inesperadas no período da puberdade, porém sem demais complicações fisicamente constatadas.

A ajuda médica para solucionar estes casos deve ser procurada logo após o nascimento da criança, quando o médico realiza a descoberta do hermafroditismo. O médico também irá auxiliar a família em tudo o que consta no sentido físico da criança e ajuda psicológica para todos, algo extremamente necessário na fase da puberdade e desenvolvimento do indivíduo para saber lidar com as diferenças em seu corpo e organismo. A cirurgia ocorre para poder definir um sexo no indivíduo, de acordo com as características externas apresentadas nos órgãos genitais. No entanto, alguns defendem a ideia de que a cirurgia pode ser feita posteriormente, quando o indivíduo já tiver algum desenvolvimento hormonal mais avançado e definições assertivas quanto a sua sexualidade.

No caso das plantas e animais, o hermafroditismo ocorre de diferentes maneiras e podem ser definidos em suficientes (que podem realizar a autofecundação, como as tênias) e os insuficientes (a fecundação cruzada pela troca de gametas masculinos entre os seres, como no caso das minhocas). Nas plantas angiospermas também ocorre o hermafroditismo por possuírem ambos os sexos; as autógamas se autofecundam e as alógamas realizam a polinização cruzada.