Saiba mais: Tratado de Latrão, Tratado de Santa Sé ou Tratado de Roma-Santa Sé
O Tratado de Latrão também recebe o nome de Tratado de Santa Sé e Tratado de Roma-Santa Sé. É, basicamente, um trato assinado entre a Itália e a Santa Sé em 1929. Este termo de entendimento colocou fim à chamada “Questão Romana”, que tratava de questões territoriais envolvendo a Santa Sé e o governo da Itália.
Com a assinatura deste tratado, houve o reconhecimento da soberania do Vaticano, um acordo sobre a posição estratégica da Igreja Católica no Estado Italiano e um acordo financeiro a respeito das perdas territoriais sofridas pela Santa Sé.
O contexto do Tratado de Latrão
Durante muitos anos, a Igreja Católica foi uma importante base de poder político e religioso na Europa, sendo a religião mais influente da Idade Média. Com isso, os católicos receberam grandes extensões territoriais de reis como Pepino, o Breve. Um dos principais territórios ficava localizado na região central da Itália, dando origem aos chamados Estados Pontifícios, que existiram até o ano de 1870. Contudo, essas terras foram incorporadas ao território da Itália pelas tropas do rei Vitor Emanuel II, gerando conflitos entre a monarquia e o Papa Pio IX.
O rei chegou a oferecer uma indenização à igreja, mas o Papa não concordou, criando um problema diplomático que ficou conhecido como “Questão Romana”. Houve, em seguida, uma disputa territorial entre o papado e o governo da Itália. Esse conflito de interesses durou décadas.
Depois que a Itália se tornou uma república e que o ditador Benito Mussolini assumiu o poder, ocorreu uma tentativa de diálogo entre a igreja e o governo. Com isso, ambos chegaram a um acordo, que recebeu o nome de Tratado de Latrão.
Dessa forma, em 11 de fevereiro de 1929, Mussolini e o cardeal Pietro Gasparri assinaram o tratado que deu origem ao Vaticano, um território soberano, governado pelo Papa, neutro nas decisões políticas mundiais e inviolável. Por meio do acordo assinado, a igreja católica abriu mão de seus antigos territórios da Idade Média e passou a reconhecer Roma como a capital da Itália.
Resultados do Tratado de Latrão
O Tratado de Latrão concedeu autonomia ao Vaticano e poder político ao Papa, que se tornou também chefe de Estado. A igreja também recebeu uma indenização por conta dos prejuízos que sofreu com a perda de territórios. Além disso, a religião católica passou a ser reconhecida como a fé oficial da Itália, condição que perdurou até o ano de 1978, quando a Itália se tornou um Estado Laico.
Em 1984, houve uma revisão do Tratado de Latrão, pela qual o Vaticano se manteve soberano, mas foram abolidas das escolas italianas as aulas obrigatórias de religião.