História

Revolução Mexicana

Introdução
No México, ano de 1823 marca o fim do governo de Augustín Iturbide e abre um longo período de instabilidade com as disputas caudilhescas. O general Antonio López de Sant’Anna sobressai, impondo-se a diversos governos.

Várias vezes presidente, Sant’Anna aliou-se aos conservadores, sustendando-se no poder pela força das armas. A igreja católica e os grandes latifundiários também estiveram ao lado dos conservadores, sendo favoráveis a um governo centralizado. O avanço dos liberais mexicanos ocorreu quando, durante o governo de Sant’Anna, o Texas e outros territórios foram perdidos para os Estados Unidos. Desgastados, os conservadores não conseguiram conter a insatisfação popular e, em 1855, em meio a uma revolta popular, Sant’Anna era derrubado. Assumiram os liberais liberados por Benito Juárez.

Em 1857, o México adotava uma nova Constituição, cujos termos desagradavam, e muito, aos conservadores, à Igreja Católica e ao Exército, por ter extinguido os tribunais militares e eclesiásticos, o que retirava o poder desses grupos e fortalecia o Estado. Juárez, índio zapoteca, fora excomungado pela igreja católica, além de ter sofrido forte oposição dos conservadores. Em resposta lançou mão das Leis da Reforma, que promoviam a separação entre Estado e Igreja, suprimiam a cobrança de dízimos, implantavam a liberdade de culto e tornavam o ensino leigo. Essas reformas provocaram uma guerra civil, a Guerra da Reforma, que durou dez anos (1858-1868).

O governo de Juárez, em razão da crise gerada pelas disputas internas, havia suspendido o pagamento da dívida externa – Os maiores credores eram França, Inglaterra e Espanha. Esse fato foi utilizado pelos conservadores, que, derrotados, pediram auxílio a essas nações para promover uma intervenção no México. Inglaterra e Espanha não cederam aos conservadores, porém a França de Napoleão III resolveu atender a tais apelos.

O governo francês, apoiado pelos conservadores e clérigos, impôs uma monarquia no México, governada pelo arquiduque Fernando Maximiliano, da Áusria.

Liberados por Juárez, os liberais e patriotas travaram uma guerra de guerrilha contra a dominação francesa. Contando com a colaboração dos Estados Unidos, em 1867 expulsaram os franceses e executaram Maximiliano por fuzilamento.

Porfiriato
Após a morte de Juárez, o pais encontrava-se arrasado e novas lutas armadas pelo poder continuaram até que, em 1876, Porfírio Díaz deu um golpe, estabelecendo uma prolongada ditadura.

Pretendendo implantar um programa de governo que realizasse o desenvolvimento mexicano, baseado na ciência e na técnica, recorreu ao capital estrangeiro. As explorações petrolífera e mineradora foram entregues às companhias inglesas e norte-americanas; houve a manutenção dos latifúndios, que passaram a ser explorados, também por estrangeiros; a comunidade indígena, o ejido, desapareceu, pois o governo passou a exigir o título de posse das terras (Lei dos Baldios, de 1893-1902). Como os indígenas não possuíam tais títulos, o governo confiscou as terras e as vendeu a latifundiários e empresas estrangeiras. Apesar dos altos índices de crescimento do país, a maioria da população vivia em franco processo de empobrecimento, resultado da grande entrada de capitais estrangeiros, característica típica dos países dependentes.

A concentração de terras tornou-se um grave problema. No Sul essa situação resultava da monocultura da cana-de-açúcar, desde o período colonial; no Norte, em função da pecuária, mineração e, também, da agricultura. Os mais prejudicados com essa estrutura fundiária forma os indígenas que passaram à situação de mendicância.

A política social do Porfiriato consistiu em uma repressão constante à população, inibindo e dividindo os grupos menos favorecidos pelo crescimento econômico do país. As tradições culturais indígenas foram substituídas pela influência estrangeira, que as desprezava.

Desse desenvolvimento nasceu uma classe média que exigia reformas democráticas e o direito de participação política. A elite mexicana também não estava satisfeita, pois grande parte da riqueza foi parar em mãos estrangeiras, e, além disso, o grande avanço econômico não foi acompanhado por uma modernização institucional, pois Porfírio Díaz era, de fato, um ditador. O Porfiriato era um modelo desgastado até mesmo para os Estados Unidos, que investiam no México. Díaz, ao buscar investimentos europeus para neutralizar a influência norte-americana, perdeu o apoio desse importante aliado, que passou a incentivar a oposição a Díaz.

O Processo da Revolução
Em 1910, Porfírio Díaz convocou eleições presidenciais, e a oposição lançou o nome de Francisco Madero para concorrer ao cargo.

Díaz mandou, então, que se prendesse Mandero antes das eleições e que somente o soltassem após o término do pleito. Em liberdade, Mandero refugiou-se no Texas, de onde passou a incentivar a revolução. Ao prometer a devolução das terras aos camponeses do Sul – liderados por Emiliano Zapata – e do norte, liberados por Francisco (Pancho) Villa.

Em maio de 1911, Porfírio Díaz renunciou e Madero assumiu provisoriamente a presidência da república, que lhe foi confirmada em eleições no mesmo ano. As expectativas em torno do governo a ser realizado por Madero eram enormes pois para que seu movimento se concretizasse contou com um amplo apoio social, principalmente das camadas populares. Porém, à medida que o tempo ia passando, Madero mostrava-se extremamente moderado diante das reivindicações das camadas populares e, ao mesmo tempo, extremamente benevolente com os antigos adeptos do porfiriato – que permaneceram em cargos governamentais.

Devido a essa posição dúbia e moderada, Madero passou a enfrentar a oposição das camadas populares que clamavam por reformas urgentes, como a reforma agrária proposta por Zapata. Como Zapata não conseguiu fazer-se ouvir e ter as reivindicações atendidas por Madero, rompeu o apoio que dava ao governo e lançou o Plano de Ayala, propondo reforma agrária imediata, confisco de 1/3 das terras que estavam nas mãos de grandes latifundiários, para serem entregues aos camponeses, criação de um banco para dar crédito à agricultura e confisco de bens dos que se opusessem às reformas do plano. A situação passou para um momento de radicalização das forças sociais e Francisco Madero não conseguiu ter habilidade política para, ao mesmo tempo, fazer reformas destinadas às camadas populares, preservar o latifúndio e garantir os interesses estrangeiros. Esse fato culminou com um golpe desfechado pelo general Victoriano Huerta – Apoiado pelos Estados Unidos e empresas estrangeiras – Contra Francisco Madero, que foi executado, em 1913.

Victoriano Huerta, apesar do apoio norte-americano, não era um nome de consenso para liderar o país. O governador do estado de Cohauilla, Venustiano Carranza, não reconheceu o seu governo e passou a compor uma frente anti-huertista, reunindo em torno de si figuras como Pancho Villa e Álvaro Obregón.

As relações de Huerta com os Estados Unidos passaram a ficar estremecidads a partir do momento em que o ditador passou a favorecer a entrada de capitais ingleses no país, que chegaram a superar os norte-americanos, pondo em risco os interesses destes últimos, principalmente no setor petrolífero. Daí para a retirada de apoio foi um passo, que logo se realizou com o presidente Wilson, dando apoio a Carranza e, ao mesmo tempo, intervindo no México, pretextando a morte de norte-americanos causadas pelo processo revolucionário.

Victoriano Huerta fugiu e o poder foi, brevemente, dividido entre Zaparta e Pancho Villa. No curto período em que Zapata administrou o estado de Modellos, colocou em prática a reforma agrária e fixou limites para a propriedade. Realizou uma série de reformas sociais, criou escolas técnicas, indústrias de ferramentas e o povo exercia o poder através da democracia.

O Retrocesso da Revolução
Quando Carranza passou a ocupar a presidência do país, seus seguidores lançaram-se contra o estado de Morellos, em 1916. Nesse mesmo ano reuniu-se a constituinte, que promulgou a Constituição em 1917. Um retrocesso era visível no processo revolucionário, marcando a vitória da elite sobre as camadas populares.

A Constituição separava o estado e a igreja; a propriedade privada era reconhecida; o ejido voltava a existir, porém sob a forma de cooperativa controlada pelo estado; foi estabelecida a igualdade jurídica e religiosa; feitas concessões trabalhistas, como a jornada de trabalho de 8 horas por dia, reconhecimento do direito de greve e de associação dos trabalhadores.

Em 1919, vítima de uma emboscada, Zapata foi assassinado, tendo ocorrido o mesmo com Pancho Villa, em 1923. As pressões norte-americanas aumentaram e ameaçavam o país com possíveis intervenções militares.

A década de 1920 marcou no México um período de paralisação de lutas sociais. Mas, de certo modo, ocorreram momentos de avanço das conquistas sociais. Durante a presidência de Álvaro Obregón (1920-24), os sindicatos organizaram-se e as escolas leigas espalharam-se pelo país. Elias Calles (1924-28), durante sua presidência, aprovou a lei que limitava o tempo de exploração das jazidas de petróleo por empresas estrangeiras e criou o Partido Revolucionário Nacional (PRN). Em 1928, Obregón candidatou-se novamente à presidência e foi eleito; porém foi assassinado antes da posse. A crise de 1929 trouxe uma série de problemas e disputas internas no México, o que não foi um fato isolado do restante dos países capitalistas.

Retomada das Conquistas Populares
Em 1934, foi eleito Lázaro Cárdenas para a presidência da república. Nacionalizoue distribuiu milhões de hectares de terras aos camponeses, retomando o projeto de reforma agrária do ejido, sistema pelo qual a parcela de terra distribuída mantinha seu caráter comum ou coletivo.

Foi fundado o Banco de Crédito Nacional, para dar apoio financeiro aos camponeses. As greves operárias deixaram de ser reprimidas e várias leis ampliando os direitos sociais foram aprovadas.

Em meio aos efeitos da crise de 1929, Cárdenas iniciou uma série de obras públicas visando gerar empregos para a população. E, sem dúvida, a sua maior medida nacionalista foi a criação da Petróleo mexicano – Pemex, que, a partir de 1938, criava o monopólio estatal sobre o petróleo.

As reformas empreendidas por Cárdenas não tiveram um caráter revolucionário. Na realidade, elas atrelaram o movimento popular ao estado, neutralizando-o politicamente, ao mesmo tempo em que a burguesia mexicana se fortalecia “cooperando” com os Estados Unidos e, com isso, esvaziando o conteúdo social da Revolução Mexicana.

Cronologia
1855 – Queda de Sant’Anna
1857 – Constituição Mexicana
1876-1911 – Porfiriato
1893-1902 – Lei dos Baldios
1911 – Plano de Ayala
1913 – Morte de Madero
1919 – Morte de Zapata
1920-1924 – Álvaro Obregón
1924-1928 – Elias Calles
1929 – Crise do Capitalismo

Bibliografia:
Apostila Objetivo Nº6 Ano 1998, Páginas 197 e 198

Imagem:
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