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Predicativos

Durante uma análise sintática de uma oração, podemos nos deparar com um elemento que, geralmente através de um verbo de ligação, atribui uma característica, um estado ou alguma classificação ao sujeito. Esse termo é chamado de predicativo do sujeito.

Vejamos alguns exemplos em que o sujeito está sublinhando e o predicativo está em negrito.

O Cachorro dele era feroz.

Ela estava feliz por ter comprado uma roupa nova.

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Repare que as palavras feroz e feliz fornecem características para os sujeitos “O cachorro” e “Ela”, respectivamente, sendo classificados como predicativos do sujeito. Nos casos em que há um verbo de ligação e o predicativo torna-se o núcleo do predicado, temos um predicado nominal.

Mas, nem sempre o predicativo aparece junto de um verbo de ligação. Vejamos outros exemplos:

A professora ouviu tudo furiosa.

Minha mãe voltou desanimada.

Observe que os verbos “ouvir” e “voltar são verbos de ação, e as palavras furiosa e desanimada são predicativos do sujeito. Nesses casos o núcleo do predicado é formado pelo verbo e pelo predicativo, o que caracteriza um predicado verbo-nominal.

Predicativo do Objeto

Esse termo atribui uma característica, um estado ou alguma classificação ao objeto de uma oração. Vamos entender melhor com alguns exemplos:

Eu achei o quadro lindo.

Eu encontrei meu amigo alegre.

As palavras em negrito fazem referência aos objetos das frases. Caso haja alguma dúvida para diferenciar os dois tipos de predicativos, basta parar um pouco e se perguntar a quem essas características se referem. Nos exemplos acima sabemos que o sujeito de ambas as orações é a palavra “Eu”. Então, questione-se: quem é lindo? O quadro. E quem é alegre? Meu amigo. Portanto, temos dois predicativos do objeto. Em uma análise inicial, trata-se de um tema bem simples que não costuma gerar muitas dúvidas.

A maior dificuldade quando se trata predicativos

Geralmente, após algumas leituras e exercícios, os alunos não encontram dificuldades para diferenciar os predicativos. Porém, a língua portuguesa sempre tem suas complicações e, nesse caso, as dúvidas começam quando um terceiro elemento entra na análise sintática: o adjunto adnominal.

Em uma definição rápida o adjunto adnominal acompanha um substantivo, dando-lhe significação. O grande problema é que, na prática, ele é extremamente similar ao objeto direto e pode ser difícil diferenciá-los em um primeiro momento. Veja dois exemplos:

Eu degustei uma refeição maravilhosa.

Eu achei a refeição maravilhosa.

Qual é a função da palavra maravilhosa nessas orações? Fazer essa definição pode ser muito problemático, já que os sentidos das sentenças são muito próximos, exceto que, no primeiro caso a palavra maravilhosa dá a ideia de uma característica mais constante e inerente. Já no segundo, o sujeito está diretamente dando sua opinião e classificando a refeição como maravilhosa.

Portanto, no primeiro caso temos um adjunto adnominal, e no segundo um predicativo do objeto.

Provavelmente, essa explicação, constantemente encontrada em gramáticas da língua portuguesa, não será suficiente para um aluno que está iniciando no tema, mas, em casos como este, temos uma regra de substituição que nos ajuda a encontrar o predicativo do objeto.

Basta refazer a frase substituindo o objeto por um pronome oblíquo, se conseguirmos manter o predicativo e a oração ainda fizer sentido, temos um predicativo do objeto, caso contrário, trata-se de um adjunto adnominal que desaparece quando o substantivo é substituído por um pronome. Isso irá ficar mais claro com os exemplos:

Eu degustei-a (maravilhosa). Perceba que a palavra maravilhosa é um adjunto adnominal, portanto não faz mais sentindo na oração quando colocamos o pronome, pois soa estranho e forçado.

Eu achei-a maravilhosa. Note que mesmo com a colocação do pronome, a palavra maravilhosa ainda se encaixa na frase e completa seu sentido, portanto temos um predicativo do sujeito.

REFERÊNCIAS

AZEREDO, J.C. Fundamentos de gramática do Português. 2. Ed. Rev. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

BECHARA, E. Gramática Escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,2010.