Geografia

Paisagens e Ecologia

A paisagem não é estática, pois todos seus elementos constituintes são passíveis de transformações próprias, como também se alteram mutuamente. Duas são as paisagens, a natural existente e a humanizada construída. O ambiente urbano é tanto paisagem quanto natural. E o ambiente degradado também o é, da mesma forma que aquele que se preservou, com suas feições naturais, ou que se reconstituiu segundo as necessidades humanas.

Paisagem é toda a parte que descortinamos, a partir de um ponto, como observadores, e que também podemos chamar, de panorama ou vista. É evidente que qualquer vista tem uma série de elementos que a definem como única, e que a diferencia de outras infinitas paisagens. A cada movimento em torno do seu eixo, o observador em 360 graus terá muitas vistas, novos elementos que somam e transformam o visual.

O paisagista deve estar atento, também, para a adaptação e ajustamento entre o ser e o meio, o homem e a natureza, o homem e a cidade. O jardim ordenado nos espaços urbanos de hoje, é e deve ser, um convite ao convívio, à recuperação do tempo real da natureza das coisas, em oposição à velocidade ilusória das regras da sociedade de consumo. A sociedade como um todo, deverá dar sua contribuição positiva intervindo e participando ativamente nas decisões, pois são questões que dizem respeito ao nosso bem estar e ao futuro das gerações que nos sucedem.

Esta semana no metrô presenciei uma cena que me marcou profundamente.

Sentada na minha frente no banco lateral, uma senhora, que calculo com uns 60 anos e bem apessoada, descascou uma bala, e ostensivamente atirou o papel amassado ao chão. Como havia melecado os dedos, ela pegou um pequeno guardanapo, limpou os dedos, e novamente com a mesma atitude, arremessou-o junto ao papel da bala. Todos passageiros no entôrno se entreolharam, numa atitude de desaprovação, mais ainda sob o olhar desta senhora de superioridade e consciente do que estava fazendo. Uma mocça que acompanhou o fato, se aproximou e juntou os dois papeis, aguardando abrir a porta de sua estação. A senhora indignada reagiu com palavras desabonatórias à moça, que educadamente respondeu a esta atitude revoltante: “lastimo que a senhora tenha pouco ou nada para ensinar seus filhos e netos”. Vontade tive, assim como os que demais que presenciaram o fato, de aplaudir a moça, inserida dentro de uma realidade que desejamos, ou seja preservar e cuidar o que é de todos.

Devemos nos educar coletivamente e ter os cuidados com os bens públicos, com a paisagem e com o espaço coletivo. Necessários são um planejamento e infra estruturas, para um crescimento harmônico, com visão de futuro. Todos condicionantes como: geográficos, vias, natureza circundante, indústrias, entre muitos outros fatores, devem interagir na formação das diretrizes de renovação urbana, sem esquecer e manter viva a própria história das cidades, pois o trabalho acumulado de muitas gerações é um dos principais encanto das cidades.

Texto enviado às 17:26 – 24/03/2008
Autor: Nydia Thays Serra Nogueira