Neocolonialismo
O colonialismo do século XIX (neocolonialismo), incrementado a partir de 1880, tem por base uma nova divisão econômica e política do mundo pelas potências capitalistas em ascensão. Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha experimentam um auge industrial e econômico a partir de 1870, seguidos pela França e Japão. Itália e Rússia ingressam na via da industrialização nesse mesmo período. Os monopólios e o capital financeiro de cada potência competem acirradamente pelo controle das fontes de matérias-primas e pelos mercados situados fora de seus países.
Tipos de colônia – O neocolonialismo desenvolve política que tem por eixo dois tipos de colônia: as colônias comerciais e as colônias de assentamento. As colônias comerciais devem fornecer matérias-primas e, ao mesmo tempo, constituir-se em mercados privilegiados para produtos e investimentos de capitais das metrópoles. As colônias de assentamento servem de áreas de recepção dos excedentes populacionais das metrópoles.
Era Vitoriana – É durante o reinado da rainha Vitória (1837-1901) que a Inglaterra experimenta sua maior expansão colonialista, chegando a conquistar um quinto das terras de todo planeta. O sistema parlamentarista é consolidado sob a liderança de Benjamin Disraeli e William Gladstone. A prosperidade do Estado e da alta burguesia é contrabalançada pela rigidez moral (puritanismo) e pelas péssimas condições de vida e trabalho das classes mais pobres da população.
Rainha Vitória (1819-1901) é como fica conhecida Alexandrina Vitória, rainha do Reino Unido. Nasce no Palácio de Kensington, Londres, filha única de Eduardo, duque de Kent, da casa dos Hanôver. Sucede o tio Guilherme IV em 1837, aos 18 anos. Casa-se com o primo, Alberto de Saxe-Coburgo, e tem nove filhos. Mesmo assessorada por conselheiros e primeiros-ministros, intervém pessoalmente em todos os assuntos de Estado, principalmente no que se refere ao comércio exterior. Durante seu reinado, o mais longo da História inglesa, o país chega ao auge do imperialismo. A Inglaterra participa da Guerra dos Bôeres (1899-1902), no sul da África, da Revolta dos Cipaios (1857-1858), na Ásia, e da Guerra do Ópio (1840-1842), na China. Torna-se famosa também pela rigidez e pelo puritanismo moral. É sucedida por seu filho mais velho, Eduardo VII.
PARTILHA DA ÁFRICA
Ocorre a partir de 1870, quando a Alemanha e a Itália entram em disputa com a Inglaterra e a França pela conquista de territórios que sirvam como fontes de abastecimento de matérias-primas industriais e agrícolas e mercados para seus produtos. Portugal e Espanha conseguem manter alguns de seus antigos territórios coloniais. A Conferência de Berlim, em 1884 e 1885, oficializa e estabelece normas para a partilha. Qualquer posse territorial deve ser comunicada às potências signatárias e toda potência estabelecida na costa tem direito ao interior do território, até defrontar com outra zona de influência ou outro Estado organizado.
França – Conquista territórios no norte da África (Tunísia, Argélia, Marrocos e parte do Saara), na África ocidental (Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Daomé – atual Benin –, Gabão e
Congo – atual Zaire –, estes últimos denominados África Equatorial Francesa). Domina também territórios na África central (Níger, Chade e Sudão) e na África oriental (Madagascar, trocada com o Reino Unido por Zanzibar, atual Tanzânia), Obok, baía de Tadjurah, os sultanatos de Gobad e Ambado e os territórios dos Afars e Issas, atual Djibuti.
Reino Unido – Estabelece territórios coloniais na África ocidental (Gâmbia, Serra Leoa, Costa do Ouro, atual Gana, Nigéria e as ilhas de Santa Helena e Ascensão), na África oriental (Rodésia, atuais Zâmbia e Zimbábue, Quênia, Somália, ilha Maurício, Uganda e Zanzibar, atual Tanzânia, e Niassalândia, atual Malavi), e na África meridional (União Sul-Africana, incluindo a antiga Colônia do Cabo e as ex-repúblicas bôeres de Natal, Orange e Transvaal – África do Sul –, e os protetorados de Bechuanalândia, atual Botsuana, Basutolândia, atual Lesoto, e Suazilândia).
Alemanha – Conquista Togo e Camarões (África ocidental), Tanganica e Ruanda-Burundi (África oriental) e Namíbia (África do sudoeste).
Portugal – Mantém as colônias instaladas na África ocidental (Cabo Verde, São Tomé, Príncipe, Guiné-Bissau), África do sudoeste (Angola e Cabinda) e África oriental (Moçambique).
Espanha – Continua com suas posses coloniais na África do norte (parte do Marrocos, ilhas Canárias, Ceuta, território de Ifni e Saara Ocidental) e na África ocidental (Guiné Equatorial).
IMPERIALISMO NA ÁSIA
As potências européias, o Japão e os Estados Unidos envolvem-se numa disputa acirrada para redividir os territórios asiáticos.
Índia – A presença britânica na Índia com a Companhia das Índias Orientais supera a concorrência portuguesa e francesa desde o século XVII. Contra essa hegemonia se rebelam, em 1857, as tropas nativas, ou cipaios.
Revolta dos Cipaios – Levante de grupos indianos (cipaios) contra a exploração britânica. Começa em 1857 e é violentamente reprimida pelos britânicos, terminando no ano seguinte. O governo britânico dissolve a Companhia das Índias, reorganiza o exército colonial e converte a Índia em domínio britânico.
Influência britânica – O Reino Unido implanta em território indiano um sistema de ensino inglês, uma rede ferroviária e a modernização dos portos. Com seus produtos industriais mais baratos, destrói a economia rural autárquica e aumenta o desemprego. Os ingleses se expandem e criam Estados intermediários no Nepal e Butão. Entram no Tibete para garantir privilégios comerciais. Anexam a Birmânia (atual Mianmá ) e Ceilão (atual Sri Lanka ) e tentam disputar com os russos o domínio do Afeganistão. O domínio britânico faz surgir um movimento nacionalista entre setores das classes abastadas indianas, europeizadas nos colégios e universidades inglesas, onde tinham livre curso as idéias liberais e democráticas. Em 1885 é fundado o Congresso Nacional Indiano, com o objetivo de obter uma participação ativa na administração do país.
China – Até meados do século XIX os europeus mantêm feitorias no território chinês, por onde realizam o comércio com as metrópoles. A partir daí ocorre uma intensificação nas tentativas de dominar o mercado chinês por meio de guerras e conquistas.
Guerra do Ópio – Uma das principais atividades do Reino Unido na região é o cultivo do ópio (em território indiano), que é depois vendido aos chineses. Em 1840 as autoridades chinesas passam a reprimir a venda ilegal da droga, o que leva o Reino Unido a declarar a chamada Guerra do Ópio. O conflito termina dois anos depois pela Paz de Nanquin, tratado segundo o qual o Reino Unido retoma o comércio de ópio e obtém ainda a cessão de Hong Kong, ponto estratégico para comércio que deve ser devolvido à China em 1997. A partir de 1844, França, Estados Unidos, Inglaterra e Rússia conquistam o controle de áreas do território chinês, como Xangai e Tientsin.
Guerra Sino-Japonesa – Em 1868, após um longo isolamento, o Japão emerge disposto a se tornar uma potência mundial. Seis anos depois, envia tropas contra Formosa (Taiwan), com o objetivo de testar a resistência chinesa. Por pressão diplomática do Reino Unido recolhe as forças militares, recebendo uma “indenização” da China. O expansionismo japonês volta a se manifestar em 1879, com a anexação das ilhas Ryu-kyu. Mas o principal objetivo do Japão é a Coréia, situada em posição estratégica e possuidora de grandes reservas minerais, especialmente carvão e ferro.
Intervenção na Coréia – China e Coréia procuram desenvolver laços estreitos de colaboração por intermédio de acordos comerciais e militares. A China busca consolidar sua influência na região, principalmente modernizando as forças militares coreanas. Essa atitude provoca diversos confrontos armados entre facções pró-China e grupos favoráveis aos interesses do Japão, levando ambos os países a enviarem tropas ao território coreano para conter o conflito interno. Estabelecida a normalidade, o Japão, entretanto, decide não abandonar a Coréia, alegando que a situação ainda exige a presença das tropas japonesas para evitar novas rebeliões.
Conflito entre China e Japão – Tem início em agosto de 1894, com o bombardeamento de barcos japoneses pelas forças navais chinesas. O contra-ataque do Japão é rápido e fulminante, derrotando a China em pouco tempo. No início de 1895, o Japão invade a Mandchúria e a província de Shantung, toma Porto Arthur e controla o acesso marítimo e terrestre a Pequim. Em conseqüência, a China admite a derrota e, pelo Tratado de Shimonoseki, reconhece a independência coreana, abre mão das ilhas de Formosa e Pescadores e da península de Liaotung, na Mandchúria, paga uma indenização ao governo nipônico e abre quatro portos em seu território ao comércio japonês.
Expansão japonesa – É a conseqüência das duras condições de paz impostas à China, preocupando os governos da Rússia, França, Alemanha e Reino Unido. Para os dirigentes russos, a cessão da península de Liaotung ao Japão desequilibra o mapa político do Extremo Oriente. Assim, pedem a imediata modificação do tratado de paz, seguidos pelos governos da França e da Alemanha, temerosos do “perigo amarelo”. O Japão cede, exigindo, em contrapartida, um aumento da indenização paga pela China.
Incapacidade militar chinesa – Produz uma corrida entre as potências ocidentais e a Rússia em busca de concessões territoriais na China, além de privilégios comerciais. O resultado é desastroso para o governo de Pequim: a Rússia constrói um trecho da ferrovia transiberiana na Mandchúria; a França consolida as fronteiras do vale do rio Mekong; o Reino Unido alarga as fronteiras da Birmânia, avançando em território chinês; a Alemanha ocupa a região de Tsingtao, enquanto a Rússia toma Porto Arthur, Dairen e parte da província de Liaotung e a França e o Reino Unido arrendam importantes extensões territoriais por 99 anos.
“Reforma dos cem dias” – O risco de esfacelamento territorial provoca na China uma severa reação interna e, durante o período conhecido como “a reforma dos cem dias”, o governo inicia a modernização da administração, das Forças Armadas, da Justiça, do comércio e da indústria. Essas reformas produzem fortes contestações na burocracia governamental e levam a rainha-mãe, Tzu-hsi, afastada desde a deflagração da guerra com o Japão, a reassumir o poder com o apoio de um governo conservador. O imperador é mantido como virtual prisioneiro, enquanto parte das reformas administrativas é anulada. Tzu-hsi é radicalmente contra a modernização e ocidentalização da China e sua política nacionalista e xenófoba desemboca na Guerra dos Boxers, em 1900.
Revolta dos Boxers – Como reação à dominação estrangeira, nacionalistas se revoltam contra a dinastia mandchu. A Guerra dos Boxers, nome dado pelos ocidentais aos membros de uma sociedade secreta chinesa que organizam a revolta, se espalha pelas zonas costeiras e ao longo do rio Yang-Tse, em 1900. Exércitos estrangeiros esmagam a rebelião e impõem à China uma abertura à participação econômica ocidental. O capital estrangeiro implanta indústrias, bancos e ferrovias.
Nacionalismo chinês – A partir de 1905 o nacionalismo se organiza com a fundação do Partido Nacional do Povo (Kuomintang) por Sun Yat-sen, que defende a democracia e a reforma econômica. Em 1911 tem início a revolução nacionalista, que proclama a República em 1912.
DEPENDÊNCIA DA AMÉRICA LATINA
Ao longo do século XIX, França, Reino Unido e Estados Unidos disputam entre si a hegemonia econômica e política sobre a América Latina, que representa fonte de matérias-primas e mercado para seus produtos industriais. Interferem nas disputas políticas internas, nas quais revezam-se ditaduras caudilhescas.
México – Perde quase metade de seu território em 1846, como resultado da guerra contra os Estados Unidos. Califórnia, Arizona, Novo México, Utah, Nevada e parte do Colorado passam ao domínio norte-americano. A suspensão do pagamento da dívida externa mexicana, em 1861, provoca a intervenção da Inglaterra, França e Espanha, resultando no domínio francês até 1867.
Revolução Mexicana – Independente desde 1821, o México só consegue consolidar-se como Estado nacional entre 1876 e 1910 com a ditadura de Porfirio Díaz, o primeiro a ter controle sobre o conjunto do território. Exportador de produtos agrícolas e minerais, o país é dominado por uma aristocracia latifundiária. Os camponeses reivindicam terras e as classes médias urbanas, marginalizadas do poder, se opõem ao regime. Em 1910 o liberal e também latifundiário Francisco Madero capitaliza o descontentamento popular e se lança candidato à sucessão de Díaz. As eleições são fraudadas e Díaz vence. O episódio desencadeia uma guerra civil e o país entra numperíodo de instabilidade política que permanece até 1934, quando Lázaro Cárdenas assume o poder.
Rebelião de 1910 – A reeleição de Díaz provoca um levante popular no norte e no sul do país. No norte, os rebeldes liderados por Pancho Villa incorporam-se às tropas do general dissidente Victoriano Huerta. No sul, um exército de camponeses organiza-se sob o comando de Emiliano Zapata e exige uma reforma agrária no país. Díaz é deposto em 1911 e Madero assume o poder. Enfrenta dissidências dentro da própria elite mexicana e também dos camponeses: Zapata recusa-se a depor as armas enquanto o governo não realizar a reforma agrária. Em 1913 Huerta depõe e assassina Madero e tenta reprimir os camponeses. Villa e Zapata retomam as armas apoiados por um movimento constitucionalista liderado por Venustiano Carranza. Huerta é deposto em 1914, Carranza assume o poder e dá início a um processo de reformas sociais, mas a reforma agrária é novamente adiada. Em 1915, Villa e Zapata retomam novamente as armas mas Carranza já domina o país. Em 1917 promulga uma Constituição e consolida sua liderança. Zapata é assassinado em 1919. Villa retira-se da luta em 1920 e é assassinado em 1923.
Pancho Villa (1877-1923), como fica conhecido o político revolucionário mexicano Doroteo Arango. Aos 16 anos teria matado um rico fazendeiro e logo depois se alistado no Exército para fugir às perseguições da Justiça. Em 1910, como chefe de guarnição, toma o partido de Francisco Madero no combate à ditadura da Porfirio Díaz. Em maio de 1911 é exilado. Madero assume o governo no mesmo ano. Em 1912 o general Victoriano Huerta, que mais tarde deporia e substituiria Madero, condena Villa à morte por insubordinação. Auxiliado por Madero, Villa consegue se refugiar nos Estados Unidos. Depois da morte de Madero e da instauração da ditadura de Huerta, Villa volta ao México e integra as forças de Venustiano Carranza, que se opunha ao novo ditador. Contra Huerta combatiam, espalhados por todo país, Pancho Villa, Venustiano Carranza, Álvaro Obregón e Emiliano Zapata. Na guerra civil que se instala, a cavalaria, com mais de 40 mil homens, comandada por Villa tem papel fundamental. Depois da queda de Huerta, Carranza assume o poder mas se desentende com Villa, que acaba voltando à luta e domina o norte do país. Em 1916 uma força expedicionária norte-americana é chamada pelo governo para capturar Villa, mas ele consegue escapar. Quando Carranza é deposto, Villa se instala no interior como fazendeiro. Casa-se várias vezes e tem filhos com pelo menos oito mulheres diferentes. É assassinado numa emboscada.
Emiliano Zapata (1879-1919) revolucionário mexicano e um dois principais líderes da Revolução Mexicana. Filho de índios, logo cedo toma a liderança de camponeses índios pela reforma agrária no país. Forma um exército e conquista todo sul do México, rebelando-se contra Porfirio Díaz e os grandes proprietários de terra. Une-se a Pancho Villa e posteriormente volta-se contra os presidentes Madero, Huerta e Carranza, os quais tomam o poder com a ajuda de Zapata, mas fracassam na execução da reforma agrária. É assassinado por um adepto de Carranza.
Região do Prata – A influência inglesa mantém-se inalterada até a 1a Guerra Mundial (1914-1918), embora sofrendo a concorrência dos Estados Unidos, França e Alemanha. Ao Reino Unido interessam os produtos agrícolas e pecuários, os minérios e a manutenção do rio do Prata como área aberta à sua influência marítima. Em 1828 estimula a Guerra Cisplatina, que leva à independência do Uruguai, e em 1852 toma as ilhas Malvinas da Argentina.
Argentina – A presença de uma burguesia mercantil desenvolvida em Buenos Aires, associada ao capital internacional (principalmente inglês), acirra o conflito interno entre os unitários, partidários de um governo central forte, e os federalistas, favoráveis à autonomia regional. A ascensão de Juan Manuel Rosas ao governo de Buenos Aires marca o início de uma ditadura, de 1829 e 1852, que impõe a defesa da ordem civil e eclesiástica e resiste às pressões estrangeiras – o que não impede a ocupação das ilhas Malvinas pelo Reino Unido, em 1833. Em 1852, a aliança entre o Brasil e o caudilho de Corrientes, Justo José de Urquiza, derruba Rosas. Em 1853 é elaborada uma Constituição de caráter federalista, embora ainda com governo centralizado. Em 1859, a guerra civil entre Buenos Aires, independente desde 1854, e o governo federal termina com a integração, ao resto do país, daquela cidade, que, mais tarde, é declarada a capital. A fase posterior é de desenvolvimento econômico, colonização do interior e predomínio oligárquico.
Uruguai – Sua posição estratégica, junto ao rio do Prata, torna-o palco de disputas que remontam à fase colonial. Em 1821 é anexado ao Brasil, por Portugal, com o nome de Província
Cisplatina. A Guerra da Cisplatina, entre Brasil e Argentina, pela posse da região, possibilita sua independência, em 27/8/1828. Mas não encerra as disputas fronteiriças com os latifundiários do Rio Grande do Sul. As intervenções brasileiras na região – em 1851, contra Manuel Oribe, e em 1864, contra Atanasio Aguirre, em apoio ao general Venancio Flores – têm como reação a intervenção paraguaia. É ela que está na origem da guerra entre esse país e a Tríplice Aliança.
Paraguai – Após a independência, em 1814, o caudilho José Gaspar Rodríguez de Francia, que governa ditatorialmente com o título de El Supremo, recusa a anexação à Argentina e isola o país. Em 1840 assume o presidente Carlos Antonio Lopez, que inicia os contatos com o exterior e uma política de desenvolvimento autônomo, que será continuada por seu filho, Francisco Solano López. Seus sonhos expansionistas, de criação do Grande Paraguai, terminam com a derrota para o Brasil, secundado pela Argentina e Uruguai (1870). O país fica numa crise profunda, arrasado social e economicamente.
Região do Pacífico – O capital inglês associa-se às oligarquias locais, estimulando a formação de Estados independentes (Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Chile). O Reino Unido se dedica principalmente à exploração de prata, cobre, salitre e outros minerais.
Chile – O autoritarismo de Bernardo O’Higgins o faz ser derrubado, em 1823, por Ramón Freire, ditador até 1826. A desordem que impera durante o governo do general Francisco Pinto leva à guerra civil e à ditadura de Diego Portales (1830-1841). Depois disso, com Manuel Bulnes, o país entra numa fase de estabilidade.
América Central – A hegemonia norte-americana ocorre desde o início do século XIX.
Consolida-se com a desagregação da Federação das Províncias Unidas da América Central e com a oficialização da Doutrina Monroe como base da política exterior dos Estados Unidos. Estes intervêm na região para garantir concessões territoriais a monopólios agrícolas norte-americanos. A guerra pela independência de Cuba, iniciada em 1895 por José Martí e Antonio Maceo, serve de pretexto para a intervenção norte-americana e para o desencadeamento da guerra entre os Estados Unidos e a Espanha. Cuba conquista a independência em 1902, sob tutela dos Estados Unidos.
Como resultado da derrota espanhola, em 1898, Porto Rico passa ao domínio norte-americano.
Em 1903, por imposição da frota naval norte-americana, o Panamá separa-se da Colômbia e concede aos Estados Unidos a soberania sobre a Zona do Canal do Panamá.
DISPUTA PELO IMPÉRIO OTOMANO
A decadência do Império Turco-Otomano começa por causas internas, como administração corrupta, enfraquecimento do Exército e rebeliões das nacionalidades submetidas. O processo é acelerado pelo avanço das potências européias sobre os Bálcãs e pelo domínio dos acessos marítimos ao mar Negro e ao Mediterrâneo oriental.
Guerra da Criméia – Começa com a invasão russa dos principados otomanos do Danúbio, em 1853. A Turquia recebe o apoio do Reino Unido, França e Sardenha, interessados em impedir que a Rússia controle os estreitos de Bósforo e Dardanelos. Em troca, permite a entrada de capitais ocidentais na Turquia. Mas na Conferência de Londres, em 1875, a Rússia obtém o direito de livre trânsito nos estreitos e, em 1877, inicia nova guerra contra a Turquia a pretexto de libertar os cristãos dos Bálcãs. O Congresso de Berlim, em 1878, consagra a independência dos Estados balcânicos e as perdas turcas de Chipre, para o Reino Unido, da Armênia e parte do território asiático para a Rússia e da Bósnia-Herzegóvina para o Império Austro-Húngaro. Em 1895 o Reino Unido apresenta um plano de partilha da Turquia, rechaçadopela Alemanha, que prefere garantir para si concessões ferroviárias.
Guerras balcânicas – A crise começa em 1908, com a anexação da Bósnia-Herzegóvinapelo Império Austro-Húngaro, a anexação de Creta pela Grécia e a independência da Bulgária.
Surgem os planos de formação da Grande Sérvia e da Grande Grécia, com base na desintegraçãodo Império Otomano e na redivisão territorial dos Bálcãs. Em 1912 e 1913, em virtude dedistúrbios na Albânia, desordens internas na Turquia e expansão italiana no norte da África e nomar Egeu, a crise ganha dimensão regional. Forma-se a Liga Balcânica, integrada pela Sérvia,Bulgária, Grécia e Montenegro, com apoio da Rússia, contra as ameaças de expansãoaustro-húngaras.
1a Guerra Balcânica – Envolve em 1912, de um lado, os países da Liga Balcânica e, dooutro, a Turquia. A Sérvia exige acesso ao Adriático, contra a oposição da Itália, que pretendeanexar a Albânia. A Grécia quer expulsar a Itália do Dodecaneso, enquanto a Áustria-Hungriaopõe-se à expansão da Itália e da Sérvia e se alia à Bulgária. Como resultado, a Turquia perde osterritórios balcânicos.
2a Guerra Balcânica – Em 1913, começa pelo ataque da Bulgária à Sérvia na tentativade obter maiores territórios na divisão do Império Otomano. Romênia, Grécia, Montenegro eTurquia intervêm a favor da Sérvia. A Áustria-Hungria ameaça intervir a favor da Bulgária, queperde territórios, enquanto a Albânia converte-se em principado autônomo.