Colocação Pronominal
A língua portuguesa é uma das mais complexas de serem compreendidas. Dentre todas as regras existentes em nossa linguagem, a colocação pronominal é uma das que se destaca em sua utilização e aplicação. A colocação pronominal é algo que difere o português brasileiro do português lusitano (utilizado em Portugal) e requer alguma atenção.
Para exemplificar este termo, devemos levar em conta que a colocação pronominal é uma parte de toda a gramática que serve para a correta utilização dos pronomes oblíquos átonos em frases. Embora o falar natural do ser humano não siga padrões rigorosos da gramática, a forma escrita do português deve seguir algumas normas para que seja melhor compreendida. Primeiramente, vamos explicar alguns termos para sua compreensão:
– Pronomes Oblíquos: podem ser empregados em suas formas diretas e indiretas, ocorrendo em duas divisões distintas:
Pronomes Oblíquos Tônicos:
São precedidos de preposição (como em a, para, de e com) com acentuação tônica mais forte. Ex: Não saia sem mim.
Pronomes Oblíquos Átonos:
Estes não são precedidos de preposição com acentuação tônica mais fraca. Ex: Faça-nos ficar!
A colocação pronominal nada mais é que a inserção dos pronomes oblíquos átonos em uma frase relacionados a termos de alguma oração. Quando estas colocações são inseridas juntamente a verbos em uma frase, são originados os três tipos de colocação pronominal que citamos abaixo: próclise, mesóclise e ênclise.
– Próclise:
É a forma mais comumente encontrada, sendo utilizada em expressões negativas (como nunca, jamais), em advérbios, em pronomes (sejam relativos, demonstrativos ou indefinidos), em conjunções subordinativas (como embora, conforme), em frases interrogativas, em formas verbais proparoxítonas, em verbos no gerúndio e em frases exclamativas ou optativas. A próclise se enquadra no contexto onde tenham palavras atrativas aos pronomes, sendo empregadas antes mesmo do verbo. Acaso haja a pausa antes destas palavras atrativas, a obrigatoriedade da próclise fica nula.
Exemplos:
• Nunca nos falou nada. (negativo)
• Agora me falam tudo. (advérbio)
• Este é o local onde nos falaremos depois. (pronome relativo)
• Outros me falaram, eles não. (pronome indefinido)
• Para se falarem. (infinitivo pessoal)
• Ele me falou hoje? (interrogativa)
• Em se tratando de conversa, ele assume. (gerúndio)
– Mesóclise:
É utilizada quando o verbo se encontra no futuro do presente ou do pretérito do indicativo, sem conter qualquer palavra antes do verbo que se refira a próclise. A mesóclise é mais utilizada no contexto formal, literária e culta, tendo em consideração sua forma de escrever e construir orações. Acaso o verbo não seja iniciado no começo da oração, o caso da mesóclise é opcional e podendo ser substituída por próclise (acaso tenha, obrigatoriamente, alguma palavra atrativa). Ex: “Naquele dia, dir-lhe-ei o quanto a amo”, é um caso claro de mesóclise; “Naquele dia, lhe direi o quanto a amo” é um caso de próclise.
– Ênclise:
É utilizada no verbo quando este inicia a oração, quando o verbo se encontra no imperativo afirmativo, no infinitivo impessoal e quando está no gerúndio sem a preposição EM. Esta função não é utilizada quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito, sendo utilizada a mesóclise. Este grupo de colocações possui as seguintes regras:
• Quando os verbos são terminados em R, S ou Z, os pronomes oblíquos A, O, AS e OS se transformam em LA, LO, LAS LOS. Ex: “Fazer-a” se transforma em “Fazê-la”.
• Quando os verbos são terminados com M, ÕE e ÃO (sons nasálicos), os pronomes A, O, AS e OS se transformam em NA, NO, NAS e NOS. Neste caso, o verbo não é alterado. Ex: “Tornem-os” se transforma em “Tornem-nos”.
A colocação pronominal inserida nas locuções verbais é diferenciada, principalmente quando o verbo principal da oração esteja no gerúndio, no infinitivo ou no particípio. De uma forma simplificada, a locução verbal é composta por um verbo auxiliar + um verbo simplificado, podendo inserir o pronome antes mesmo da locução, (desde que este não inicie a oração), entre os dois verbos descritos ou então depois da locução. Veja os exemplos abaixo:
– Verbo principal estando no gerúndio ou no infinitivo:
Acaso a próclise não seja aplicada (não havendo palavra atrativa na oração), o pronome oblíquo poderá ser inserido após o verbo principal da frase ou após o seu verbo auxiliar. Ex: “Quero ouvir-te hoje” ou “Quero-te ouvir hoje”.
– Verbo principal no particípio:
O pronome oblíquo ficará depois do verbo auxiliar. Ex: “Falaram-me de suas trapaças” e “Eles tinham-lhe falado sobre isso”.