Geografia

Bolívia

Situada no centro da América do Sul, a Bolívia não tem saída para o mar. Em seu território, a cordilheira dos Andes atinge a largura máxima (650 km) e se divide em duas partes. Entre elas está o árido altiplano andino, onde vivem 70% da população e se localizam as principais cidades do país, como La Paz (3.636 m), a capital mais alta do mundo. Ao norte e a leste, as montanhas dão lugar a planícies cobertas pela floresta Amazônica e, no sudeste, à pantanosa região do Chaco. Cerca de dois terços dos bolivianos são indígenas, principalmente quíchuas e aimarás. Possuidora de grandes reservas de gás natural, a Bolívia é uma das nações mais pobres do continente, com o maior índice de analfabetismo e o menor índice de desenvolvimento humano (IDH) da América do Sul. Uma das principais tradições indígenas, mascar a folha de coca (também usada em chás e medicamentos), está na origem da ligação do país com o tráfico de drogas e na dificuldade do governo em erradicar o cultivo da planta.

BOLÍVIA
DADOS GERAIS

Nome oficial: República da Bolívia (República de Bolivia)
Capital: La Paz (sede do governo e administrativa), Sucre (legal)
Nacionalidade: boliviana
Idioma: espanhol, quíchua e aimará (oficiais)
Religião: cristianismo 98,9% (católicos 88,5%, protestantes 10,4%), outras 1,1% (1995)
Moeda: peso boliviano
Cotação para 1 US$: 5,49 (jul./1998)

GEOGRAFIA

Localização: centro-oeste da América do Sul
Características: planalto árido e salino com altitude média de 3.500 m (altiplano), situado entre dois braços na cordilheira dos Andes; lago Titicaca, vales e vertentes de montanhas (L); terras baixas na região amazônica (N) e na planície do Chaco (SE)
Clima: equatorial (depressão amazônica), de montanha (altiplano)
Área: 1.098.581 km²
População: 8 milhões (1998)
Composição étnica: quíchuas 30%, aimarás 25%, eurameríndios 15%, europeus ibéricos 15%, outros 15% (1996)
Cidades principais: La Paz (784.976), Santa Cruz (767.260), Cochabamba (448.756), Alto (446.189), Oruro (201.831) (1993)
Patrimônios da Humanidade: Cidade Mineradora de Potosí; Missões Jesuíticas de Chiquitos; Cidade Histórica de Sucre

GOVERNO – República presidencialista.

Divisão administrativa: 9 departamentos.
Chefe de Estado e de governo: presidente Hugo Bánzer Suárez (ADN) (desde 1997).
Principais partidos: Ação Democrática Nacionalista (ADN), Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR), União Cívica Solidariedade (UCS).
Legislativo: bicameral – Senado, com 27 membros; Câmara dos Deputados, com 130 membros. Ambos eleitos por voto direto para mandato de 4 anos.
Constituição em vigor: 1947.

ECONOMIA

Agricultura: soja (1 milhão de t), cana-de-açúcar (4,1 milhões de t), castanha (24,2 mil t), café (23,4 mil t) (1997)
Pecuária: eqüinos (1 milhão), bovinos (6,2 milhões), suínos (2,6 milhões), ovinos (8,2 milhões), caprinos (1,5 milhão), aves (65,4 milhões) (1997)
Pesca: 6,1 mil t (1995)
Mineração: zinco (145,1 mil t), estanho (14,8 mil t), prata (384,4 t), ouro (12,6 t), chumbo (16,5 mil t), gás natural (5,5 bilhões de m³), petróleo (10,4 milhões de barris) (1996)
Indústria: alimentícia, refino de petróleo, bebidas, jóias
Parceiros comerciais: EUA, Brasil, Japão, Argentina, Peru, Reino Unido

RELAÇÕES EXTERIORES

Organizações: Banco Mundial, FMI, Grupo do Rio, Mercosul (membro associado), OEA, OMC, ONU, Pacto Andino
Embaixada: SHIS – QL 10, cj. 1, casa 6, CEP 70470-900, Brasília, DF,
tel. (061) 364-3362, fax (061) 364-2339.

FATOS HISTÓRICOS – Os quíchuas e os aimarás que habitam o altiplano são dominados no século XIII pelo Império Inca. Com a conquista espanhola, iniciada em 1530, os índios são escravizados para trabalhar nas minas de prata. Em 1808, o Alto Peru, como a região era conhecida, é uma das primeiras colônias espanholas a se rebelar, conquistando a independência em 1825, sob liderança de Simón Bolívar e Antonio José de Sucre. Bolívar torna-se o primeiro presidente do país, chamado Bolívia em sua homenagem.

Perdas territoriais – Na Guerra do Pacífico (1879-1884), o país perde para o Chile seu acesso ao oceano Pacífico. Em 1903 encerra o conflito com seringueiros brasileiros vendendo para o Brasil o atual estado do Acre. A descoberta de petróleo no sopé dos Andes provoca a Guerra do Chaco (1932-1935), na qual a Bolívia perde o território para o Paraguai. Segue-se um período de governos militares. Em 1951, o presidente civil eleito Víctor Paz Estenssoro é impedido pelos militares de assumir. Uma revolução popular liderada por ele em 1952 restabelece o poder civil, promove a reforma agrária e nacionaliza as minas, o que provoca boicote internacional ao estanho boliviano. Um golpe militar em 1964 leva o general René Barrientos ao poder e reverte parte das reformas.

Golpes de Estado – A morte de Barrientos, em 1969, mergulha o país na instabilidade política. O general Alfredo Ovando Candía, que assume o poder pela força, é derrubado em 1970 pelo general Juan José Torres, que cai em 1971. O general Hugo Bánzer Suárez assume o governo. Uma tentativa frustrada de golpe, em 1974, leva-o a suspender as eleições por tempo indeterminado e a banir sindicatos e partidos políticos. Bánzer renuncia em 1978 e abre-se novo período de golpes e contragolpes. Em 1980, Hernán Siles Zuazo, de centro-esquerda, é eleito presidente, mas impedido de assumir por um golpe liderado pelo general Luis García Meza. Acusado pelos EUA de envolvimento com o narcotráfico, García Meza é deposto em 1981. Generais sucedem-se no poder até 1982, quando entregam o governo ao presidente eleito dois anos antes, Siles Zuazo. Ao decretar medidas de austeridade, Zuazo enfrenta oposição e greves.

Plano antiinflacionário – As eleições de 1985 trazem de volta Paz Estenssoro, que confronta os sindicatos e manda prender seus dirigentes após uma greve geral contra um pacote econômico recessivo. O plano, imposto pelo FMI, derruba a inflação, que chegara a 24.000% anuais. Nas eleições de 1989, nenhum candidato obtém maioria, e o Congresso elege presidente Jaime Paz Zamora, terceiro colocado no pleito direto. O novo governo mantém a política de austeridade e acelera as privatizações. Em 1993, o ex-ditador García Meza e 14 colaboradores são condenados por violação dos direitos humanos. Gonzalo Sánchez de Lozada, autor do plano que derrubou a inflação, é eleito presidente.
Protestos – O mandato de Lozada é marcado por conflitos: com os camponeses, em virtude da política de erradicação do cultivo da coca, e com a Central Operária Boliviana (COB), por causa da privatização de estatais, em especial as da área de mineração. Em 1996, uma nova lei de reforma agrária proposta por Lozada só é aprovada no Congresso depois de sofrer alterações exigidas por camponeses, indígenas e fazendeiros. No mesmo ano, a Bolívia acerta com o Brasil a construção de um gasoduto que transportará gás boliviano de Santa Cruz a Porto Alegre (RS). O país também assina acordo com o Mercosul e torna-se membro associado a partir de 1997.

Coalizão nacionalista – Após quatro anos de governo neoliberal, as eleições presidenciais de 1997 dão vitória relativa (22,3% dos votos) à Ação Democrática Nacionalista (ADN), do ex-presidente Hugo Bánzer Suárez. Como não obtém maioria absoluta dos votos, Bánzer faz acordo com o Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR) e com a União Cívica Solidariedade (UCS) para assegurar sua eleição em segundo turno pelo Congresso. Apesar de suas promessas de mudar o modelo econômico, Bánzer não consegue deter as privatizações e enfrenta em janeiro de 1998 uma greve geral contra o aumento dos impostos e do preço dos combustíveis. Por um acordo acertado por Bánzer com os EUA, 7.000 ha de plantações de coca devem ser eliminados até o fim de 1998, para garantir ao país o certificado de empenho na luta antidrogas e uma ajuda anual de US$ 46 milhões. Mas ocorrem violentos protestos contra o corte de 40% na indenização das plantações destruídas e a falta de programas de plantio alternativos. Bánzer insiste em levar o plano adiante à força e ameaça decretar estado de sítio para acabar com as greves e os protestos estudantis.