História

Protestos Brasileiros “Primavera Brasileira”

Em 2013, o Brasil viveu um momento histórico de manifestações contra a corrupção e pela melhoria dos serviços públicos.

Uma onda de protestos e manifestações tomaram conta do Brasil em junho de 2013. O movimento levou milhões de pessoas às ruas, avenidas e rodovias das principais cidades do país.

Os protestos começaram levantando a bandeira do passe livre no transporte coletivo. Os manifestantes exigiam a revogação do reajuste das tarifas de ônibus e metrô na cidade de São Paulo, mas logo outras reivindicações começaram a aparecer.

A primeira manifestação aconteceu no dia 6 de junho. O movimento Passe Livre de São Paulo reuniu cerca de 4 mil pessoas na Avenida Paulista. O protesto foi violentamente reprimido pela Polícia Militar, que utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha para conter os manifestantes.

Os protestos continuaram nos dias subsequentes, e se tornaram cada vez mais violentos. As manifestações resultaram na prisão de manifestantes e na repressão ao trabalho da imprensa.

Nos primeiros dias de protestos, a mídia e os governantes rotularam as manifestações como atos de vandalismo, com reivindicações vazias e sem propósito. Em determinado momento dos protestos, alguns jornalistas foram agredidos e feridos por balas de borracha. Entre eles estava uma jornalista da Folha de São Paulo, que foi atingida por um tiro no olho.

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin; e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, vieram a público dizer que não aceitariam rever o preço das passagens do transporte coletivo.

No dia 15 de junho, na abertura da Copa das Confederações, a presidente Dilma Rousseff foi vaiada. Os protestos continuaram e se intensificaram depois do começo da competição.

Os manifestantes começaram a se reunir nos arredores dos estádios que receberam jogos da Copa das Confederações. Os protestos ganharam repercussão internacional e brasileiros que vivem no exterior começaram a apoiar as manifestações.

No dia 16 de junho, a comunidade brasileira realizou protestos na Irlanda, em Londres e em Nova Iorque. A partir do dia 17 de junho, os protestos se espalharam para as demais capitais do Brasil. No Rio de Janeiro, o movimento reuniu 100 mil manifestantes no primeiro dia.

Com o passar do tempo, os atos de vandalismo passaram a ser mais frequentes nas manifestações. Os prédios da prefeitura de São Paulo, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e o Palácio do Itamaraty, em Brasília, foram alvos de vândalos.

No dia 18 de junho, a presidente Dilma Rousseff anunciou o diálogo com os manifestantes e os governantes de São Paulo iniciaram as negociações com o Movimento Passe Livre. Já no dia 20 de junho, a capital paulista e mais 6 cidades brasileiras anunciaram a redução no preço das passagens.

Os protestos não pararam por aí. Dezenas de cidades do Brasil começaram a chamar mobilizações. Nesse momento, as principais reivindicações dos manifestantes passaram a ser contra a corrupção, pela melhoria dos serviços públicos e contra os gastos excessivos na construção dos estádios para a Copa do Mundo de 2014.

No dia 21 de junho, o Movimento Passe Livre anunciou que não convocaria mais manifestações em São Paulo. Nesse mesmo dia, a presidente Dilma Rousseff foi à rede nacional de televisão para fazer um pronunciamento de dez minutos, divulgando melhorias para o Plano Nacional de Mobilidade, recursos do petróleo para a educação e a importação de médicos do exterior para atender na rede pública de saúde.

Mesmo depois do pronunciamento da presidente, os protestos continuaram nas ruas do Brasil por todo o mês de junho. Aconteceram protestos e bloqueios de estradas em São Luís, Goiânia, Belém, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte e outras cidades.

A presidente Dilma Rousseff recebeu representantes de oito centrais sindicais e do Movimento Passe Livre para conversar. Em seguida, os manifestantes alcançaram algumas vitórias, como: a revogação do reajuste da tarifa do transporte coletivo em muitas cidades, a queda da proposta da PEC 37 e a aprovação de requerimento no Senado para permitir que o projeto do passe livre para estudantes fosse debatido em regime de urgência.

Os protestos brasileiros foram comparados à Primavera Árabe, uma série de manifestações que aconteceram nos países arábes. A diferença primordial é que, no Brasil, os protestos clamavam por direitos fundamentais e pelo fim da corrupção, e nos países do Oriente, a principal reivindicação era por democracia.