Pedagogia

Planejamento de ensino no cotidiano escolar

Para o professor, o registro representa muito mais que um roteiro de aula ou uma enumeração de atividades desenvolvidas com a classe. Escrever sobre a prática faz pensar e refletir sobre cada decisão que foi ou será tomada, permitindo aprimorar o trabalho diário e adequá-lo às necessidades dos alunos.

A cada dia não falta oportunidades para o professor colocar as ideias no papel. Ao fazer planejamento, por exemplo, ele pode antecipar o que pretende alcançar em sala e pensar em como trabalhar com o grupo. Com o planejamento não corre o risco do professor ficar improvisando.

Já ao elaborar registros ou anotações depois das aulas, é possível se questionar sobre o que aconteceu em classe e identificar as conquistas da turma e os conteúdos que ainda precisam ser mais bem trabalhados. A avaliação serve de base para o planejamento futuro.

Os registros podem ser: planejamento (sequência didática e projeto didático), e de classe (notas, pautas de observação e diários). Alguns são mais usados, como os diários, que, pela sua flexibilidade, permitem cobrir diversos propósitos. Eles podem ser documentos pessoais para descarregar as próprias tensões; um instrumento de observação, que serve de espaço para documentar as situações interessantes que ocorrem em classe; um dispositivo que auxilie no planejamento do trabalho do professor com o projeto educativo em vigor; ou um recurso de investigação para analisar os dados que se queira estudar.

Alguns tipos de registros e como elaborá-los:

– Planejamento, é interessante programar até mesmo o que vai falar aos alunos, prevê situações de ensino, é possível prever diferentes modalidades dos conteúdos.

. Atividades permanentes, trabalho didático realizado regularmente( diária, semanal ou quinzenalmente), como ler para os alunos, organizar rodas de conversas e resevar uma aula de semana para a produção de pinturas.

. Objetivos: familiarizar a turma com um conteúdo e formar hábitos. Ao fazer leiturar diárias, por exemplo, as crianças aprendem sobre a linguagem escrita e desenvolvem comportamentos dos leitores.

. Como usar: realizar atividades permanentes não significa fazer sempre a mesma coisa. A proposta deve ser empregada com regularidade durante o ano ou um semestre e oferecer novos desafios ( rodas de leitura em que livros cada vez mais difíceis são lidos pelo professor).

– Sequência didática, são série de atividades envolvendo um mesmo conteúdo, com ordem crescente de dificuldade, planejadas para possibilitar o desenvolvimento.

. Objetivo: ensinar conteúdos que exijam tempo para aprender e aprofundamento gradual, como o reconhecimento das características de uma paisagem brasileira em Geografia, uma série de experiências para observar a ação de micro-organismos em ciências ou leitura da obra de um autor em Língua Portuguesa.

. Organização: prever a ordem em que as atividades serão propostas, os objetivos, os conteúdos, os materiais, as etapas do desenvolvimento, a duração e a maneira como será feita a avaliação.

. Como usar: a maioria dos conteúdos exige tempo para aprender. Por isso, a sequência didática é a modalidade organizativa mais presente no planejamento. Escolher os conteúdos mais importantes, organizar a série, garantindo a continuidade, e distribuí-los durante o ano. O número de atividades de cada sequência é variado, assim como o tempo de duração, dependem do objetivo e da resposta da turma às propostas.

– Projeto Didático, é um conjunto de ações para elaboração de um produto final que tenha uso pela comunidade escolar. Envolver a turma em todas as etapas do planejamento.

. Objetivo: reunir conteúdos abrangentes, atingindo propósitos didáticos e sociais. Um projeto de leitura e escrita, por exemplo, em que os estudantes fazem um livro de receitas , ensina a ler e escrever e trabalha com valores nutricionais. Pode aproveitar para trabalhar a importância das frutas regionais.

. Organização: prever os momentos de planejamento e de discussão em grupo e os trabalhos individuais. Colocar justificativas, aprendizagens desejadas, duração e avaliação final.

. Como usar: a duração é variada, por volta de dois meses ou até mais, o ideal é propor um ou dois por ano para cada turma. Desenvolver as atividades do projeto sem abandonar as atividades permanentes e as sequência didáticas.

– Registro de classe: notas, pautas de observação e diários ajudam acompanhar o desenvolvimento dos alunos e são uma fonte de aprendizado para o professor.

. Notas: anotações curtas feitas nas aulas, como frases, comentários dos alunos, perguntas e dúvidas levantadas por eles, conteúdos a serem pesquisados, informações para checarem etc.

. Objetivo: lembrar momentos importantes e não perder dados significativos do processo de ensino e aprendizagem.

. Organização: deixar sobre a mesa uma prancheta, sulfite e canetas.

. Como usar: serão a base de planejamentos futuros, relatórios mais detalhados sobre projetos ou atividades e dos relatórios de avaliação dos alunos.

– Pauta de Observação: são tabelas de duas ou mais entradas, nas quais aparecem o nome dos alunos e os conteúdos didáticos .

. Objetivo: acompanham a evolução do aprendizado de um ou mais conteúdos ao longo do ano.

. Organização: tabular os nomes e os aspectos a serem analisados. Legendar a tabela com conceitos ou cores referentes a um estágio de aprendizagem. Preencher durante ou logo após a atividade.

. Como usar: é preciso fazer a análise e a comparação das tabelas. Quanto maior a frequência com que elas forem preenchidas e analisadas, mais informações se tem sobre o avanço de cada aluno e mais rápido é possível fazer intervenções.

– Diários de aula: são narrativas sobre o que aconteceu na sala de aula, tanto em relação a comentários e produções dos alunos como em relação a si mesmo.

. Objetivo: refletir sobre o planejamento e sua adequação às necessidades dos alunos, documentar o trabalho feito com a turma e aprofundar ideias para serem usadas no futuro.

. Organização: ter um caderno para o diário, ou um arquivo no computador, escrever nele depois de cada aula, importante registrar maior número possível de dados, sempre refletindo e avaliando a prática pedagógica e não apenas listando as atividades.

. Como usar: utilidades é o compartilhamento com o coordenador pedagógico, poderá ajudar a reavaliar sua prática pedagógica.

– Avaliação: reunir o material produzido por cada aluno e relembrar as vivências em sala para fazer um relatório requer dedicação.

– Relatório: avaliação do desempenho de uma criança ou do grupo durante um determinado período.

. Objetivo: documentar o desempenho dos estudantes para comunicar às famílias as aprendizagens.

. Organização: pautas de observação, notas e diários são fundamentais na hora de elaborar os relatórios. Relatar como foi o avanço global em relação aos objetivos iniciais. Vale lembrar que elementos como falas e desenhos enriquecem o registro e facilitam o diálogo com a família. O coordenador pedagógico deve aparecer como responsável pelo documento, com quem o professor compartilha o material e reflete sobre ele.

. Como usar: cada escola trabalha com uma periodicidade para enviar a avaliação aos pais – bimestral, trimestral ou semestralmente. Em todos os casos, é preciso começar a produção dos relatórios com antecedência, pois o detalhamento requer tempo e reflexão.

Bibliografia:
. Diários de aula- um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional, Miguel Zabalza, Ed. Artmed.
. Nova escola, planejamento, edição especial.

Texto enviado às 10:39 – 15 de dezembro de 2010
Autor: Josilene Queiroz Santos

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