Geografia

Norte e Sul: Desigualdades e Exclusão Social

Em meio à globalização econômica e à política neoliberal, a nova ordem internacional passou a ter como grandes marcas a dinamização produtiva e uma cada vez mais profunda desigualdade socioeconômica. Liderando o capitalismo, estavam os países dos três principais blocos econômicos (Nafta, UE bloco do Pacífico), realizando mais de 60% de todas as trocas comerciais do planeta. Em outro lado, estava o mundo pobre, com quase todos os países do hemisfério sul, vivendo um agravamento dos índices socioeconomicos, produzindo um quadro alarmante.

Comparando-se a distribuição da população da população mundial nas regiões ricas e pobres do planeta com o conjunto de seus bens e serviços produzidos (PNB), entre 1980 e 1994, observa-se um rápido distanciamento com possibilidade de ganhar velocidade maior.

Um indicador de gravidade no avanço das desigualdades socioeconômicas entre regiões e grupos sociais é que à população mundial, acrescentava-se a todo ano, 97 milhões de nascimentos, principalmente nas áreas pobres. É um dado que aponta um combustível histórico para turbulências político-sociaise impasses econômicos.

Em meados de 90, a situação era muito grave em certas regiões africanas e asiáticas, onde haviam milhões de indivíduos, sem condições básicas de vida. Ao mesmo tempo, tal quadro já estava várias cidades latino-americanas, onde até mesmo nos países desenvolvidos os índices de marginalidade, desemprego, etc, cresciam todos os anos, especialmente com o fim das garantias sociais, eliminadas pelo neoliberalismo.

Os imensos bolsões de pobreza dos países desenvolvidos agrupam, nos EUA, negros e imigrantes latino-americanos e, na UE, imigrantes das ex-colônias africanas e asiáticas das antigas potências (Reino Unido, França, Alemanha).

Tomando o caso norte-americano como exemplo, a taxa de pobreza das famílias negras de 30,6% em 1994, frente a 11,7% das famílias brancas . Isto sem se considerar os 10% da população norte-americana que é de origem hispânica, cuja condição social não fica muito acima da dos negros. O crescimento das desigualdades socioeconômicas indica que 20% das famílias mais ricas da sociedade detinham 49,1% da renda familiar nacional em 1994. Entre os norte-americanos mais abastados, os 1% mais ricos do país, em 1994, detinham quase 40% da riqueza nacional.

No conjunto mundial, segundo relatório da ONU de 1996, as riquezas de 358 pessoas era superior à renda anual de 45% de toda a população do planeta.

A continuação do agravamento da desigualdade e exclusão social certamente completará a substituição da tradicional distinção entre países de Primeiro e de Terceiro Mundo pela existência, em cada país, de bolsões de riqueza absoluta e de miséria absoluta, ou seja, de um primeiro e de um terceiro mundo em cada país.

Até mesmo a solução constantemente repetida para aliviar as dificuldades das regiões das regiões mais pobres e dos grupos marginalizados do mundo, como elevar a capacidade produtiva e conseqüentemente o consumo dos pobres excluídos, aproximando-os dos de classe média dos países ricos, esbarra em inúmeros limites. Entre eles estão a carência de capitais disponíveis para esses investimentos, a insegurança política, social e econômica dos países subdesenvolvidos, a sua deficiência tecnológica em contínuo distanciamento dos centros mais desenvolvidos, a falta de investimento em áreas de infra-estrutura, a educação em crise, e até a ação de elites privilegiadas e voltadas para seus interesses.

Não bastando tantas barreiras estranguladoras, soma-se ainda a não menos grave questão ambiental, já que o crescimento das necessidades de matérias-primas e de energia e uma produção e consumo cada vez maiores esbarram nos limites físicos do planeta, podendo colocar em risco o que ainda resta do meio ambiente do planeta.

Uma conclusão plausível para o quadro histórico deste final de século é que tanto o socialismo quanto o capitalismo foram incapazes de de indicar diretrizes para a solução dos problemas socioeconômicos e políticos que afligem a humanidade nesta passagem para o terceiro milênio. O socialismo não conseguiu acompanhar a dinâmica capitalista dos países desenvolvidos e nem superar os seus crescentes entraves burocráticos, além de não oferecer as liberdades democráticas exigidas pela população. Do outro lado, o capitalismo globalizado também não conseguiu dar respostas à miséria da maioria da população mundial e às suas carências, exceto aos poucos bolsões de países desenvolvidos.

A nova ordem internacional manteve o quadro de miséria, guerras e sofrimento em todo o planta, e o que é pior, em crescente agravamento, sob a feição de um capitalismo vitorioso e globalizado.