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Literatura no Brasil

As primeiras manifestações das letras no Brasil colonial são textos informativos, que visam a conquista do território e a expansão da fé católica. Dependente de Portugal, esse tipo de literatura inicia-se em 1500, com a Carta de Pero Vaz de Caminha (1450-1500) sobre a terra recém-descoberta. Seguem-se os tratados dos cronistas portugueses, como Pero de Magalhães Gandavo, autor de Tratado da Terra do Brasil, e Gabriel Soares de Sousa (1540?-1591), de Tratado Descritivo do Brasil. Entre os poemas, sermões e peças religiosas escritos pelos jesuítas para a catequese dos índios, a partir de 1549, destacam-se os textos dos padres José de Anchieta (1534-1597), autor de “Poema à Virgem”, e Manuel da Nóbrega (1517-1570), que escreve Diálogo sobre a Conversão do Gentio.

Barroco – O marco inicial do barroco no Brasil é a publicação, em 1601, de Prosopopéia, poema épico de Bento Teixeira (1561-1600) sobre a conquista de Pernambuco. Destacam-se também os sermões, como os do padre Antônio Vieira (1608-1697). Poemas de Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711) e do frei Manuel de Santa Maria Itaparica (1704-1768) celebram as belezas e os recursos naturais da colônia. A obra do poeta baiano Gregório de Matos (1636?-1696), que vai do religioso ao satírico e ao erótico, é a mais importante produzida no Brasil no período.
No início do século XVIII, as academias difundem o gosto pelas letras e realizam trabalhos de pesquisa histórica. As mais importantes são a dos Esquecidos, em Salvador (1724/25), e as dos Felizes (1736-1740) e dos Seletos (1752-1754), no Rio de Janeiro.

Arcadismo – Em 1768, a publicação de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), é considerada o marco inicial do arcadismo. O movimento tenta adequar as propostas do neoclassicismo europeu às condições de vida brasileira e produz uma poesia lírica e bucólica. Um dos principais nomes é Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas.

Romantismo – O marco inicial do romantismo brasileiro é a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades (1836), de Gonçalves de Magalhães (1811-1882). O movimento, de caráter nacionalista, valoriza a natureza, a história e a língua brasileiras. O ideal da pureza amorosa é contraposto às convenções sociais. O primeiro grande romântico brasileiro é Gonçalves Dias (1823-1864). No poema I-Juca Pirama, inova ao substituir o ancestral português pelo índio. Álvares de Azevedo (1831-1852), autor de Lira dos Vinte Anos, é um dos representantes do ultra-romantismo, caracterizado pela poesia egocêntrica, sentimental e pessimista. Na prosa, destacam-se Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), autor de A Moreninha, e José de Alencar (1829-1877). Em sua obra trata da temática indianista (O Guarani e Iracema ), urbana (Lucíola) e regionalista (O Gaúcho). A poesia social é praticada por Castro Alves (1847-1871), autor de O Navio Negreiro e Espumas Flutuantes, de inspiração abolicionista, e por Sousândrade (1833-1902), autor do Guesa. O anti-sentimentalismo e o estilo irônico aparecem em Manuel Antônio de Almeida (1831-1861), que escreve Memórias de um Sargento de Milícias. Bernardo Guimarães (1825-1884), autor de A Escrava Isaura, e Alfredo de Taunay (1843-1899), de Inocência, orientam-se para o regionalismo, que enfoca costumes e tradições do interior brasileiro.

Realismo – As transformações político-sociais do
2º Reinado, o desenvolvimento das cidades e o crescimento da população urbana impulsionam a crise do romantismo. Considerado o marco inicial do realismo brasileiro, Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis (1839-1908), faz uma análise crítica da sociedade da época. Na linha de indagação psicológica está O Ateneu (1888), de Raul Pompéia (1863-1895), que trata do relacionamento entre alunos e professores num repressivo colégio interno. Sob a influência do naturalismo, que considera o comportamento humano o resultado da influência da hereditariedade e do meio ambiente, Aluísio Azevedo (1857-1913) escreve O Cortiço (1890).

Parnasianismo – Ao rejeitar o sentimentalismo romântico e as preocupações sociais, o parnasianismo propõe uma poesia de preocupação formal. Alberto de Oliveira (1857-1937), autor de Meridionais, e Raimundo Correa (1859-1911), de Sinfonias, buscam correção métrica, vocabulário raro e rimas exóticas. A obra de Olavo Bilac (1865-1918), autor de Via Láctea, é a mais representativa do movimento.

Simbolismo – A publicação de Broquéis e Missal (1893), de Cruz e Sousa (1861-1898), inaugura o simbolismo, que se caracteriza por uma poesia mística, espiritual, e pela preferência por ritmos musicais. Destacam-se os poetas Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), autor de Câmara Ardente, e Augusto dos Anjos (1884-1914), que trabalha a temática da morte e da decomposição da matéria.

Pré-modernismo – No início do século XX, fase de consolidação da república e de expansão cultural, alguns escritores passam a expressar uma visão crítica dos problemas socioeconômicos brasileiros e antecipam uma das tendências mais marcantes do modernismo. Por essa razão, são considerados pré-modernos. Lima Barreto (1881-1922) faz uma caricatura do nacionalismo e da pobreza dos subúrbios cariocas. Euclides da Cunha (1866-1909), em Os Sertões , revela a situação miserável do sertanejo nordestino. Monteiro Lobato (1882-1948), além de ficção (Urupês) e ensaios, escreve o ciclo do Sítio do Pica-Pau Amarelo , o maior conjunto de literatura infantil já escrito no Brasil.

Modernismo – No Brasil, o termo identifica o movimento desencadeado pela Semana de Arte Moderna de 1922. Em 13, 15 e 17 de fevereiro daquele ano, conferências, recitais de música, coreografias, declamações de poesia e exposição de quadros, realizados no Teatro Municipal de São Paulo, apresentam ao público as novas tendências da arte e da literatura do país. Os idealizadores da Semana rejeitam a arte do século XIX e as influências estrangeiras do passado. Defendem a absorção de algumas tendências estéticas internacionais para que elas se mesclem com a cultura nacional, originando uma arte vinculada à realidade brasileira. O evento escandaliza público e críticos.
A partir da Semana de Arte Moderna surgem vários grupos e movimentos, radicalizando ou opondo-se a seus princípios básicos. O escritor Oswald de Andrade (1890-1954) e a artista plástica Tarsila do Amaral (1886-1973) lançam em 1924 o Manifesto Pau-Brasil, que enfatiza a necessidade de criar uma arte baseada nas características do povo brasileiro, com absorção crítica da modernidade européia. Em 1928, eles levam ao extremo essas idéias com o Manifesto Antropofágico, que propõe “devorar” influências e valores estrangeiros para impor o caráter brasileiro à arte e à Literatura. No mesmo ano, como efeito das idéias modernistas, o sociólogo e escritor Gilberto Freyre (1900-1987) lança o Manifesto Regionalista. Por outro caminho, politicamente mais conservador, segue o grupo da Anta, liderado pelo escritor Menotti del Picchia (1892-1988) e pelo poeta Cassiano Ricardo (1895-1974). Num movimento chamado de verde-amarelismo, fecham-se às vanguardas européias e aderem a idéias políticas que prenunciam o integralismo ,

Versão brasileira do fascismo.
A divulgação das teorias vanguardistas européias é feita, em 1922, pela Semana de Arte Moderna, marco inicial do modernismo brasileiro. Esta fase representa uma ruptura com o passado literário parnasiano e um resgate de tradições tipicamente brasileiras.

Com a chamada Geração de 22, instalam-se, na literatura brasileira, o verso livre, a prosa experimental e uma exploração criativa do folclore, da tradição oral e da linguagem coloquial. Os principais autores são Mário de Andrade (1893-1945) , que escreve Paulicéia Desvairada e Macunaíma , Oswald de Andrade (1890-1954), autor de Memórias Sentimentais de João Miramar, e Manuel Bandeira (1886-1968), de Ritmo Dissoluto. A esse núcleo juntam-se, a partir de 1930, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) , autor de Alguma Poesia , Mário Quintana (1906-) , de A Rua do Catavento , e Jorge de Lima (1895-1953), de Poemas Negros, entre outros.

Posteriormente, com a geração que surge em 30, há uma fase de grande tensão ideológica e de abordagem da Literatura como instrumento de conhecimento e modificação da realidade. O regionalismo amplia sua temática. Paisagens e personagens são regionais, mas são usados para abordar assuntos de interesse universal. Surgem novos nomes, como José Américo de Almeida , (1887-1980) autor de A Bagaceira , Érico Verissimo (1905-1975), da trilogia O Tempo e o Vento, Jorge Amado (1912-), de Capitães da Areia , Rachel de Queiroz (1910-) , autora de O Quinze, José Lins do Rego (1901-1957), de Menino de Engenho, e Graciliano Ramos (1892-1953), que escreve São Bernardo e Vidas Secas. Numa linha mais intimista estão poetas como Cecília Meireles (1901-1964), autora de Vaga Música, Vinícius de Moraes (1913-1980) , de Poemas, Sonetos e Baladas , Augusto Frederico Schmidt (1906-1995), de Desaparição da Amada, e Henriqueta Lisboa (1904-1985), que escreve A Face Lívida.

Em reação à politização da fase anterior, os poetas da geração de 45 recuperam o parnasianismo, como Lêdo Ivo (1924-), autor de Acontecimento do Soneto. João Cabral de Melo Neto (1920-) , de Morte e Vida Severina, destaca-se pela inventividade verbal e pelo engajamento político. Na prosa, os nomes mais importantes são Guimarães Rosa (1908-1967) , autor de Sagarana e Grande Sertão: Veredas , e Clarice Lispector (1920-1977), de Perto do Coração Selvagem.
de Barros (1916-).

ARTES PLÁSTICAS – O romantismo chega à pintura no início do século XIX. Na Espanha, o principal expoente é Francisco de Goya (1746-1828). Na França, destaca-se Eugène Delacroix (1798-1863), com sua obra Dante e Virgílio. Na Inglaterra, o interesse pelos fenômenos da natureza em reação à urbanização e à Revolução Industrial é visto como um traço romântico de naturalistas como John Constable (1776-1837). O romantismo na Alemanha produz obras de apelo místico, como as paisagens de Caspar David Friedrich (1774-1840).

LITERATURA – A poesia lírica é a principal expressão. Também são freqüentes os romances. Frases diretas, vocábulos estrangeiros, metáforas, personificação e comparação são características marcantes. Amores irrealizados, morte e fatos históricos são os principais temas. O marco inicial da literatura romântica é Cantos e Inocência (1789), do poeta inglês William Blake (1757-1827). O livro de poemas Baladas Líricas, do inglês William Wordsworth (1770-1850), é uma espécie de manifesto do movimento. Poeta fundamental do romantismo inglês é Lord Byron (1788-1824). Na linha do romance histórico, o principal nome é o escocês Walter Scott (1771-1832). Na Alemanha, o expoente é Goethe (1749-1832), autor de Fausto .
O romantismo impõe-se na França no fim da década de 1820 com Victor Hugo (1802-1885), autor de Os Miseráveis . Outro dramaturgo e escritor francês importante é Alexandre Dumas (1802-1870), autor de Os Três Mosqueteiros.

MÚSICA – Os compositores buscam liberdade de expressão. Para isso, flexibilizam a forma e valorizam a emoção. Exploram as potencialidades da orquestra e também cultivam a interpretação-solo. Resgatam temas populares e folclóricos, que dão ao romantismo caráter nacionalista.
A transição do classicismo musical, que acontece já no século XVIII, para o romantismo é representada pela última fase da obra do compositor alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827). Nas sonatas e em seus últimos quartetos de cordas, começa a se fortalecer o virtuosismo. De suas nove sinfonias, a mais conhecida e mais típica do romantismo é a nona. As tendências românticas consolidam-se depois com Carl Maria von Weber (1786-1826) e Franz Schubert (1797-1828).
O apogeu, em meados do século XIX, é atingido principalmente com Felix Mendelssohn (1809-1847), autor de Sonho de uma Noite de Verão, Hector Berlioz (1803-1869), Robert Schumann (1810-1856), Frederic Chopin (1810-1849) e Franz Liszt (1811-1886). No fim do século XIX, o grande romântico é Richard Wagner (1813-1883), autor das óperas românticas O Navio Fantasma e Tristão e Isolda.

TEATRO – A renovação do teatro começa na Alemanha. Individualismo, subjetividade, religiosidade, valorização da obra de Shakespeare (1564-1616) e situações próximas do cotidiano são as principais características. O drama romântico em geral opõe num conflito o herói e o vilão. Os dois grandes expoentes são os poetas e dramaturgos alemães Goethe e Friedrich von Schiller (1759-1805). Victor Hugo é o grande responsável pela formulação teórica que leva os ideais românticos ao teatro. Os franceses influenciam os espanhóis, como José Zorrilla (1817-1893), autor de Don Juan Tenório; os portugueses, como Almeida Garrett (1799-1854), de Frei Luís de Sousa; os italianos, como Vittorio Alfieri (1749-1803), de Saul; e os ingleses, como Lord Byron (1788-1824), de Marino Faliero.