Tecnologia

Gemini Titan

Projeto da NASA que continuou a trilhar o caminho aberto pela Mercury e que culminaria no projeto Apollo.

Gemini Titan IV (GT-4)
Em 3 de junho de 1965, a Gemini IV e o propulsor Titan II levaram James A. McDivitt e Edward H. White ao espaço. O fato distintivo dessa missão é a realização de atividade extra-veicular: o primeiro passeio no espaço realizado pelos EUA, tendo Edward H. White como realizador. O primeiro passeio espacial realizado pelos norte-americanos teve seu desenrolar mais facilitado, se comparado ao dos soviéticos.

Gemini Titan V(GT-V)
Em 21 de agosto de 1965, a cápsula Gemini, o “Vagão Coberto”, e o foguete Titan II levaram Gordon Cooper Jr. e Charles “Pete” Conrad Jr em órbita. Esta era a mais longa e alta das últimas missões Gemini. Os objetivos se resumiam basicamente à coleta de dados dos efeitos sofridos pela tripulação num vôo de oito dias, além do cálculo do tempo despendido na ida e volta de uma viagem à Lua. Um objetivo igualmente importante era o de se realizar uma avaliação do sistema de orientação e de navegação, além do equipamento de radar durante um encontro no espaço, e também durante a reentrada. Para honrar a persistência do objetivo da Gemini V, Cooper desenhou o primeiro emblema da missão, o que se tornou uma tradição da NASA. Uma prematura queda de energia das células de combustível da Gemini resultou no cancelamento das experiências com os sistemas de acoplagem e de orientação de reentrada. As células de combustível comportaram-se de modo irregular, necessitando então de que os astronautas e os controladores de vôo assistissem-nas durante a missão. E, realmente, Cooper e Conrad passaram os últimos dias do vôo racionando a energia disponível. O grande risco dos oito dias em órbita tornou-se apenas um tedioso aborrecimento. A Gemini V chegou a um apogeu de 394,8 quilômetros e a um perigeu de 161,8 quilômetros. Após cento e vinte e uma órbitas (cento e noventa horas e cinquenta e cinco minutos), a Gemini V reentrou no dia 9 de agosto de 1965, aproximadamente a uma distância de 170,3 quilômetros de distância do alvo. Isso ocorreu em virtude das incorreções dos dados de navegação enviados pela base.

Gemini Titan VI-A (GT-VIA)
Em 15 de dezembro de 1965, a nave Gemini VI-A e o foguete Titan II levaram Walter M. Schirra Jr. e Thomas P. Stafford ao espaço. Inicialmente, a Gemini VI-A deveria ser acoplada à Agena, que seria o veículo alvo. No entanto, a Agena falhou ao entrar em órbita, e a data originariamente estabelecida para o lançamento, em 25 de abril de 1965, foi adiada. A Gemini foi programada para o lançamento em 25 de outubro. Desta forma, quando o plano de vôo da Gemini VI-A foi alterado para uma missão de encontro com a Gemini VII, ambas tornaram-se a missão Gemini VI-A. Uma imperfeição no sistema de propulsão foi a causa de uma nova programação, para 12 de dezembro. Em 12 de dezembro, a missão acabou por ser abortada a 1,2 segundos da ignição. Uma chave na base de lançamento havia sido prematuramente desconectada. Essa chave estava fixada à plataforma de lançamento e foi puxada pelo veículo de lançamento, indicando que este já havia deixado a plataforma. Os computadores imediatamente indicaram que o veículo de lançamento ainda se encontrava atracado à plataforma, o que levou à desativação dos motores. O piloto comandante Schirra, que teria ativado o mecanismo de ejeção de ambos os membros da tripulação, afirmou que o Titan II não havia começado sua ascensão. Atrasos à parte, a Gemini VI-A realizou a primeira missão norte-americana de encontro em órbita. Além disso, foi a última missão em que se utilizaram baterias elétricas convencionais pois, nas missões posteriores, as naves passaram a utilizar células de combustível para o fornecimento de energia em viagens de longa duração. A tripulação da Gemini VI-A realizou um encontro espacial em sua quarta órbita ao redor da Terra, enquanto a base controlava a Gemini VII. Também foram conduzidos testes de visibilidade com a Gemini VII e demonstrada a capacidade de orientação na reentrada. Durante vinte e cinco horas e cinquenta e um minutos, a Gemini VI-A atingiu um apogeu de 311,3 quilômetros e um perigeu de 160,9 quilômetros. Após dezesseis órbitas, a Gemini VI-A reentrou em 16 de dezembro de 1965 a 12,9 quilômetros de distância do seu alvo.

Gemini-Titan (GT-3)
Em 23 março de 1965, Molly Brown e seu veículo de lançamento, o Titan II, levaram Virgil I. Grissom ao espaço, colocando também os astronautas Grissom e John W. Young em órbita. A missão demonstrou o vôo orbital da Gemini, desenhada para dois astronautas . Também foi provado o Sistema de Manobras Orbitais (Orbit Attitude Maneuvering System). Adicionalmente, foram testados os equipamentos de vôo da tripulação e um sistema pessoal de higiene. Os avanços nas operações da base em terra deram-se, sobretudo, nas áreas da rede de comunicação. Um primeiro imprevisto ocorreu quando John Young perguntou a Grissom se este queria um sanduíche de carne em conserva; um alimento “clandestino” trazido a bordo. Wally Schirra sabia que Grissom não gostava da comida preparada para viagens espaciais, então comprou para Young um sanduíche para viagem. O público americano adorou a pequena surpresa, mas a NASA não achou graça no fato, o que acabou resultando em regulamentos mais rigorosos quanto aos objetos que os astronautas poderiam levar à nave. Os sucessos mais gratificantes do vôo para os astronautas e a NASA deram-se no momento em que Grissom fez a Gemini “voar”. Ele tinha à sua disposição os computadores de orientação, mas acabou tomando o controle total da espaçonave durante toda a missão. Isto significou que as complicadas manobras orbitais que seriam necessárias nas missões Apollo eram possíveis. Por quatro horas e cinquenta e dois minutos, a Gemini 3 alcançou o apogeu de duzentos e vinte e quatro quilômetros e o perigeu de cento e cinquenta e oito quilômetros e meio. Depois de três órbitas, Molly Brown mergulhou por volta de cento e onze quilômetros longe de seu alvo.

Gemini-Titan IX-A (GT-A)
Em 3 de junho de 1966, a Gemini IX-A e o veículo Titan II levaram Thomas P. Stafford e Eugene A. Cernan ao espaço. O objetivo dessa missão incluía encontro e acoplagem com o Augmented Target Docking Adapter, ou ATDA, e ainda seria demonstrada a reentrada controlada. A Gemini IX-A não se acoplou ao ATDA., mas, mesmo assim, a missão foi marcada pela grande precisão do controle de reentrada e, ao mesmo tempo, pela precisão do mergulho, com uma margem de erro mínima. A missão Gemini IX contou com a participação dos astronautas Charles A. Basset e Elliot See. No entanto, em 28 de fevereiro de 1966, ambos foram mortos enquanto voavam em uma aeronave de treino que chocou-se contra o prédio em que a sua nave estava sendo construída. A data original de lançamento da Gemini IX-A deveria ter sido em 17 de maio de 1966. A falha do Atlas-Agena, pouco depois, resultou não somente em um atraso do lançamento da Gemini IX, mas também em alterações nos rumos da missão. Durante setenta e duas horas e vinte minutos, a Gemini IX-A atingiu um apogeu de 311,5 quilômetros e um perigeu de 158,7 quilômetros. Depois das quarenta e cinco órbitas, a nave caiu no oceano em 6 de junho de 1966 a apenas setecentos metros do alvo estabelecido.

Gemini-Titan VII (GT-7)
Em 4 de dezembro de 1965, a Gemini VII e o foguete Titan II colocaram Frank Borman e James A. Lovell Jr. em órbita. Essa missão, em conjunto com a Gemini VI-A, realizou o primeiro encontro orbital de duas espaçonaves americanas tripuladas, além de quebrar o recorde de permanência no espaço, aumentado para treze dias, dezoito horas e trinta e cinco minutos. Devido à falha no lançamento da Gemini VI, a Gemini VII , na verdade, entrou em órbita duas semanas antes da Gemini VI. A Gemini VII deveria ter se encontrado em órbita com um veículo Agena (veículo-alvo), mas quando a Gemini VI já era perdida, foi decidido que o encontro far-se-ia somente quando uma nova missão tripulada fosse enviada. A Gemini VII foi exatamente a nave que conduziu essa operação. Depois da emoção do encontro com a Gemini VI, nada restou de atividade para Borman e Lovell, a não ser suportar o tédio dos três últimos dias de uma missão recorde. Eles passaram o tempo restante lendo livros que não tinham absolutamente nada a ver com o espaço. A Gemini VII atingiu um apogeu de 327,9 quilômetros e um perigeu de 161,4 quilômetros. Após duzentos e seis órbitas, a Gemini VII retornou à Terra, em 18 de dezembro de 1965, a 11,8 quilômetros de distância do alvo.

Gemini-Titan VIII (GT-8)
Em 16 de março de 1966, a Gemini VIII e o veículo de lançamento Titan II colocaram Neil A. Armstrong e David R Scott em órbita. A agenda da missão deveria incluir um encontro com o Agena, o veículo-alvo, para a realização de manobras de acoplagem, e ainda para conduzir dez experimentos. A Gemini VIII acoplou, com sucesso, com a nave Agena. “Foi moleza”, relatou Armstrong. “Sem oscilações visíveis”. Minutos depois, entretanto, as naves acopladas entraram em rotação. Armstrong procurou parar o movimento usando os impulsionadores, mas não adiantou. Armstrong e Scott então desengataram a nave da Agena, mas rapidamente perceberam que o problema acontecia com a própria Gemini VIII. Uma vez livre da Agena, a Gemini VIII começou a rodar cada vez mais rápido. Lutando contra a vertigem e a confusão visual, eles desligaram o impulsionador e passaram o controle de reentrada para o modo manual. E funcionou! Eles foram capazes de estabilizar a nave e de fazer uma reentrada de emergência, mergulhando então no Pacífico. Após o incidente, foi constatada uma pane elétrica no sistema orbital de manobras, a qual causou um acionamento contínuo do propulsor. Dessa maneira, a nave passou a girar rapidamente, dando uma volta por segundo em torno de seu próprio eixo. . Durante dez horas e quarenta e um minutos de vôo, a Gemini VIII atingiu um apogeu de 298,7 quilômetros e um perigeu de 159,8 quilômetros. Após sete órbitas, a Gemini VIII mergulhou em 17 de março de 1966.

Gemini-Titan X (GT-10)
Em 18 de julho de 1966, a Gemini X e o foguete Titan II colocaram John W. Young e Michael Collins em órbita. A Gemini X quebrou o recorde de altitude, outrora pertencente à Gemini V. O objetivo da missão incluía o uso de propulsão da nave acoplada a outra para manobras orbitais. A Gemini X encontrou-se com a Agena (veículo-alvo) e, depois da acoplagem, o sistema de propulsão da Agena foi acionado, levando a Gemini X à mais alta órbita realizada ao redor da Terra até aquele momento. O astronauta John Young descreveu o acionamento do propulsor da Agena: “Houve um estouro e, depois, uma grande explosão. Nós estávamos estendidos em nossos assentos. . . eu nunca vi algo parecido antes. . . faíscas e fogo, fumaça e luzes”. A viagem também incluiu um passeio no espaço, com duração de uma hora e vinte e nove minutos. Durante setenta horas e quarenta e seis minutos, a Gemini X atingiu um apogeu de 753,3 quilômetros e um perigeu de 159,8 quilômetros. Após quarenta e três órbitas, a Gemini X retornou à Terra em 21 de julho de 1966 a 6,2 quilômetros de seu alvo.

Gemini-Titan XI (GT-11)
Em 12 de setembro de 1966, a Gemini XI e o foguete Titan II levaram ao espaço os astronautas Charles Conrad Jr. e Richard F. Gordon Jr. O objetivo da missão resumiu-se num encontro espacial e numa acoplagem à Gemini Agena (veículo-alvo) em sua primeira órbita. Ainda na missão, as naves simulariam gravidade artificial através do movimento de rotação das naves atracadas. Havia planos de se colocar uma cápsula Gemini em órbita da Lua. Embora isto não tenha se realizado, Conrad ansiava por uma missão que pudesse levar uma Gemini o mais distante possível da Terra. Esta missão foi levada a cabo pela Gemini XI. Depois de muitas e muitas horas de projetos e experimentos, Gordon acaba por render-se ao cansaço. O passeio no espaço foi reduzido de cento e sete para quarenta e quatro minutos. Mais tarde, em seu assento e através da escotilha aberta, o piloto completou o tempo de missão relativo ao passeio no espaço. Durante setenta e uma horas e dezessete minutos, a nave Gemini XI atingiu um apogeu de 1368,9 quilômetros e um perigeu de 160,3 quilômetros. Após quarenta e quatro órbitas, a Gemini XI mergulhou em 15 de setembro de 1966 a 4,9 quilômetros de seu alvo.

Gemini-Titan XII (GT-12)
Em 11 de novembro de 1966, a Gemini XII e o veículo Titan II levaram James A. Lovell Jr. e Edwin E. “Buzz” Aldrin ao espaço. Este foi o último vôo do projeto Gemini. Os objetivos da missão incluíam encontro e acoplagem com o veículo Agena, além de atividade extra-veicular e teste de reentrada automática. Aldrin conduziu seu passeio extra-veicular com movimentos ponderados e lentos, aperfeiçoados durante meses de prática num tanque de água. Os astronautas foram previamente treinados para enfrentar a exaustão e a aceleração dos batimentos cardíacos para longos passeios extra-veiculares; Aldrin provou que estas dificuldades poderiam ser superadas com treinamento adequado e que o trabalho no espaço poderia ser realmente algo praticável. O passeio fora do veículo, realizado por Aldrin, teve uma duração de cinco horas e trinta minutos. Quando se soube que o computador de bordo não funcionava adequadamente, pondo em risco a missão do encontro, Aldrin e Lovell guiaram a nave em direção ao Agena usando apenas mapas de emergência e um compasso de navegação. Foi um feito particularmente surpreendente. A tese de doutorado de Aldrin foi sobre encontros orbitais, e seu apelido entre os amigos era “Dr. Rendezvous (Doutor Encontro Orbital)”. Durante noventa e quatro horas e trinta e quatro minutos de vôo, a Gemini XII atingiu um apogeu de 301,3 quilômetros e um perigeu de 160,7 quilômetros. Em 15 de novembro de 1966, após cinquenta e nove órbitas, a nave mergulhou a 4,8 quilômetros de seu alvo estipulado.

Fonte:
Crédito Imagem – http://www.daviddarling.info/images/Gemini-Titan.jpg