Ciclo do Pau-Brasil
Quando os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, encontraram uma árvore de 10 a 15 metros, que crescia em abundância por todo o litoral: o pau-brasil, que fazia parte de uma exuberante Mata Atlântica. Essa árvore já era conhecida dos europeus sob outra variedade, e era amplamente usada para tingir tecidos nobres, pois liberava uma substância que, geralmente tinha uma cor avermelhada. Além disso, sua madeira era usada na fabricação de móveis.
Na França a árvore era conhecida como brezil, na Itália sua denominação variava entre bracire ou brazili. E em Portugal e Espanha a árvore era chamada de Brasil desde 1220. Os índios a chamavam de ibirapitanga. Os estudiosos acreditam que todas essas palavras se referem a cor da resina presente na árvore, seria algo como “vermelho feito brasa”.
Os portugueses compravam as árvores do oriente, mas com a descoberta do Brasil, tornou-se mais lucrativo explorá-la aqui. E, essa foi a primeira fonte de lucros que os europeus encontraram nas terras brasileiras, um ciclo que se iniciou em 1501.
O rei de Portugal, Dom Manuel, ao perceber o grande valor econômico do pau-brasil, determinou que sua exploração era exclusividade dos portugueses, assim, qualquer outro país que quisesse retirar as árvores daqui, precisaria de autorização e pagaria tributos. Mas, essa medida não impediu que ingleses, espanhóis e franceses fizessem a extração ilegal de madeira. Sempre houve problemas com invasores, e batalhas violentas foram travadas. Para se ter uma ideia das barbaridades resultantes dessa disputa, em 1526, 300 traficantes franceses foram presos na Bahia, e todos foram executados. Mesmo assim, calcula-se que franceses, ingleses e espanhóis tenham extraído por volta de 12 mil toneladas de pau-brasil por ano.
A primeira pessoa a receber permissão da coroa portuguesa para a exploração do pau-brasil foi Fernão de Noronha, e seus navios aportaram na ilha de São João em 1501, que mais tarde viria a se chamar Fernando de Noronha. Foi a primeira capitania hereditária do país.
Os comerciantes de pau-brasil eram chamados de brasileiros, mas esse termo perdeu seu sentido original e passou a denominar os nativos daquela terra. E a extração da madeira dependia do trabalho dos índios; eles eram responsáveis por cortar as árvores, carregar os troncos e abastecer os navios. No início o trabalho foi feito de forma amigável, através do escambo, os portugueses pagavam os indígenas com pequenos objetos, como facas, panos e espelhos.
A exploração tinha um caráter predatório, então os responsáveis avançavam pelo território à medida que a madeira se esgotava, assim não havia a formação de nenhum povoado. Foram construídas apenas algumas feitorias no litoral, que eram grandes galpões usados para estocar a madeira e protegê-la de ataques inimigos.
O pau-brasil resultou na atividade mais lucrativa da coroa portuguesa em terras brasileiras até 1930, mas o desmatamento sem qualquer planejamento, fez com que mais de 2 milhões de árvores fossem derrubadas apenas no primeiro século de exploração. Então, para encontrar boas árvores, os portugueses precisavam avançar cada vez mais.
Na tentativa de frear a destruição da Mata Atlântica os portugueses criaram a função de guarda florestal, e a pena para quem fosse apanhado desmatando ilegalmente era a morte.
Depois, devido à dificuldade de exploração e à descoberta de novas tintas e corantes sintéticos, o uso dessa árvore perdeu força. Mesmo assim, o pau-brasil continuou a ser explorado em menor escala até o século XIX, o que quase resultou em sua extinção.
Apenas em 1978, através da lei 6.607 de 7 de dezembro, o pau-brasil foi declarado a árvore oficial do Brasil e foi instituído o dia do pau-brasil: 3 de maio. Desde então, campanhas de reflorestamento e preservação tentam recuperar a Mata Atlântica e preservar essa árvore que conta parte da nossa História.
REFERÊNCIAS
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
SILVA, Daniel Neves. “Pau-brasil”. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/pau-brasil.htm. Acesso em: 03 de dez. 2020.