Geografia

Índios

De onde vieram?
A origem dos índios americanos ou Ameríndios, à época da descoberta da América, gerou muitas dúvidas. De ordem intelectual porque a presença de seres humanos no continente recém- descoberto representava um desafio para os europeus, que tentavam enquadrá-los na sua forma tradicional de explicar o mundo. Prática porque, se comprovada a sua origem independente de contato com

o Velho Mundo, isso excluiria os indígenas dos descendentes de Adão, única explicação dos europeus para a origem dos homens, colocando-os na categoria de não-humanos. Em conseqüência, estariam os índios sujeitos a todo tipo de exploração, da qual não escaparam mesmo depois de declarados homens através de uma bula do Papa Paulo III, em 1537.

Embora não se tenha encontrado uma resposta definitiva sobre a origem dos índios, essas antigas hipóteses, mais excêntricas, vêm sendo substituídas por outras, mais razoáveis. As primeiras – do período quinhentista até o início deste século – incluíam os índios entre os descendentes de Judeus, Fenícios, Cananeus e Mongóis, entre outros povos do Velho Mundo. Outra hipótese atribuía à Atlântida, imensa ilha que teria existido ao longo da costa da Europa e do Norte da África, a Oeste do estreito de Gibraltar, a facilidade da passagem entre o Velho Mundo e a América. Essas hipóteses, entretanto, foram descartadas a partir da constatação, por geólogos e paleontólogos, de que os continentes e mares já apresentavam a atual configuração quando o homem surgiu sobre a terra.

De interesse histórico é também a tese do paleontólogo Ameghino, segundo a qual a humanidade seria originária da região meridional da América do Sul, mais precisamente na Argentina, onde teria surgido o Tetraprothomo, o primeiro ser adaptado à posição vertical. Por evolução progressiva, dele surgiriam o Triprothomo, o Diprothomo e o Prothomo, antecessor imediato do homem de hoje. Argumentos diversos, entretanto, derrubaram esta hipótese. Entre eles, o fato de terem sido apontados como pertencentes a um Tetraprothomo uma vértebra humana e um fêmur de animal.

Saiba também:
Alimentação dos Índios
Vestes dos Índios
Deuses Indígenas

Hipóteses mais recentes
Hoje a questão da origem do homem americano faz parte das pesquisas de físicos, arqueólogos e etnólogos, cujos trabalhos se complementam. Os estudos começam pela análise de antigos esqueletos índios, passam pela disposição geográfica desses achados e estudos apurados que permitem estabelecer o seu tempo de existência. Os profissionais envolvidos nesse trabalho valem-se dos conhecimentos de outros, entre eles geólogos e paleontólogos – especialistas em animais fósseis, entre os quais figura o homem.

Para obter uma cronologia absoluta, o antropólogo físico recorre às técnicas de datação oferecidas pela química, baseada na quantidade de chumbo e urânio encontrada nas rochas, de fluorina nos ossos , de carbono 14 nos materiais orgânicos ou no processo do potássio-argônio. Além de estudar os restos ósseos dos antigos habitantes da América, ele compara as características biológicas herdadas pelos ameríndios e as dos habitantes de outras partes do mundo, valendo-se do geneticista, que dispõe de informações sobre a distribuição dos fatores sangüíneos ABO, MN, RH etc, nas populações do mundo.

O arqueólogo estuda os objetos fabricados pelas sociedades já desaparecidas. Para datar os objetos encontrados ele se utiliza dos recursos do carbono 14, que assegura uma crononologia do tipo absoluto. Por sua vez o etnólogo estuda a distribuição de objetos fabricados pelas Sociedades Indígenas atuais ou seus costumes, comparando-os com aqueles mantidos por povos de outras partes do mundo. Nesse trabalho ele pode contar com a colaboração do lingüista, que dispõe de técnicas que apontam as línguas de mesma origem, que leva à hipótese de uma possível origem comum para os povos que as falam.

Os estudos sobre o povoamento da América visam conhecer o ponto ou pontos por onde os primitivos habitantes penetraram no continente, o lugar de onde vieram e as direções que tomou o povoamento do Novo Mundo. Alguns acentuam as características comuns a todos os índios americanos, razão pela qual procuram uma origem única para eles. Para Hrdlicka, por exemplo, os índios descendem das populações da Ásia Oriental, cujos representantes teriam chegado à América através do Estreito de Bering. Com uma concepção inteiramente oposta, Imbelloni acentua as diferenças e atribui o povoamento da América à imigração de sete tipos humanos distintos: tasmanóide, australóide, melanesóide, indonésio, proto-indonésio, mongolóide e esquimó.

No campo da Etnologia destaca-se Paul Rivet. Com base em semelhanças etnográficas, lingüistícas e biológicas, ele considera que o povoamento da América deve-se a elementos asiáticos – os mais importantes – que entraram pelo Estreito de Bering; assim como a melanésios; a australianos, que chegaram à América pela Terra do Fogo, passando pelas ilhas existentes entre a Austrália e a Antártida e, entre esta e a América. Ele faz ligações, ainda, entre a América e a Polinésia.

Embora as opiniões sobre o assunto apresentem divergências, a maioria dos estudiosos considera que o homem não surgiu da América, veio de fora, sendo sua presença mais recente no Novo Mundo. Eles atribuem a elementos asiáticos vindos através do Estreito de Bering, a migração mais importante para o povoamento da América e consideram que os primeiros humanos chegaram à América a 40 mil anos passados, na última idade glacial, denominada Wisconsin. Esses primeiros migrantes estariam no nível cultural de caçadores, não possuindo conhecimentos e técnicas de agricultura. De acordo com esses pesquisadores os esquimós, que se estabeleceram na região setentrional do Continente americano, seriam os últimos grupos migratórios.

Diversidade

Física
Diferentes entre si e também da sociedade nacional, os índios brasileiros totalizam cerca de 220 sociedades indígenas que falam 170 idiomas distintos. Cada grupo caracteriza-se por usos, costumes e culturas próprios, habilidades, organização social, crenças, filosofia e estética peculiares. Também não constituem um todo homogêneo. As diferenças físicas podem ser bem expressivas, mesmo entre os integrantes de uma mesma Comunidade, em decorrência do hábito de acasalamento entre diferentes etnias.

De língua
Muitos acreditam que o tupi é a língua falada pelos índios brasileiros. Essa idéia equivocada surgiu com a chegada dos conquistadores portugueses ao Brasil, onde encontraram o litoral habitado por índios que, em sua maioria, falavam a língua Tupi. Aliás, essa foi a primeira língua nativa que os missionários aprenderam no Brasil. Nas crônicas da época predominavam, também, as informações sobre os índios Tupi. Daí a idéia falsa, de que essa é a língua falada por todos os índios brasileiros.
Na verdade é surpreendente a variedade e riqueza das línguas faladas pelos índios do Brasil. A primeira classificação dividia as línguas indígenas em Tupi e Tapuya e vigorou até o século passado, quando Von Martius demonstrou que as línguas Tapuya não formavam um conjunto homogêneo. Hoje as línguas indígenas classificam-se em dois troncos: o Tupi, com sete famílias lingüísticas e que envolve o Tupi-Guarani e o Macro-Jê, composta de cinco famílias entre elas o Jê. Existem, ainda, outros grupos não incluídos nestes troncos: o Aruák, o Karíb e o Arawá, as três maiores. Além dessas o Guaikurú, Nambikwára, Txapakúpa, Páno, Múra, Katukina, Tukáno, Makú e Yanomami, nove famílias menores, e cerca de dez línguas isoladas, com características únicas, que não se enquadram nas classificações de troncos e famílias existentes. Um exemplo, é a língua Tikúna, falada por 28.000 índios no Estado do Amazonas.

De Costumes
Os estudos etnológicos dividem os índios em áreas culturais, assim chamadas as regiões que apresentam homogeneidade sobre certos costumes e artefatos que as caracterizam . De acordo com essa classificação são onze as áreas culturais: Norte-Amazônica, Juruá-Purus; Guaporé; Tapajós-Madeira; Alto-Xingu; Tocantis-Xingu; Pindaré-Gurupi; Paraguai; Paraná; Tietê-Uruguai e Nordeste. Essa classificação refere-se apenas às sociedades indígenas brasileiras do século XX, não incluindo os Tupinambá, os Kaeté e os Goitaká, grupos exterminados antes do começo deste século. Nessas áreas vivem os seguintes grupos indígenas:

Áreas Culturais
Sociedades Indígenas

Norte-Amazônica Warikyana, Apalay, Makuxi, Taulipang, Waiãpi, Waiwai, Kulina, Waiká, Tukano, Baniwa, Maku e Kobewa.

Juruá-Purus Apurinã, Paumari, Yamamadi, Kaxinawá, Katukina e Yaminawá

Guaporé Txapakura, Tupari e Nambikwára

Tapajós-Madeira Munduruku, Mawé, Kayabi, Kawahib e Arara

Alto-Xingu Kalapálo, Bakairi, Kamayurá, Suyá, Txikão, Waurá, Kreen-Akarôre

Tocantins-Xingu Bororo, Karajá, Parakanã, Kayapó, Canela, Krahô, Xerente e Assurini

Pindaré-Gurupi Tembé, Urubu-Kaapor, Guajajara, Guajá

Paraguai Terena e Kadiwéu

Paraná Nandeva, Guarani, Kaiowá

Tietê-Uruguai Kaingang, Xetá, Xokleng

Nordeste Fulniô, Potiguára, Maxakali, Kariri, Atikum, Tremembé, Xokó e Pankararu

Produção de Alimentos
Os métodos utilizados pelos índios brasileiros para explorar os recursos naturais de suas terras, comprovam ainda hoje um relacionamento harmonioso entre o homem e o meio ambiente. Na luta pela sobrevivência eles caçam, pescam, plantam, coletam e criam animais. Eles fabricam armas de caça, armadilhas, canoas, potes e cestos, que utilizam para produzir, transportar, guardar ou conservar os alimentos. Até hoje esse trabalho garante a sobrevivência dos índios do Brasil.

Caça
Atividade tipicamente masculina em todas as Sociedades Indígenas a caçada, em grupo ou individual, é considerada um trabalho pelos índios, que dela dependem para terem alimentos ricos em proteína. As técnicas por eles utilizadas variam de acordo com os Grupos Indígenas e com o animal a ser caçado. Assim, os índios se valem da ajuda de cães para caçar, utilizam o fogo para obrigar o animal a sair da toca ou, ainda, constróem abrigos no alto das árvores, onde o caçador espera a caça, para abatê-la.

Hábeis caçadores, os índios conhecem bem os hábitos dos animais, as espécies que andam de dia e aquelas que saem à noite, os locais onde se escondem e as frutas que apreciam. Entretanto, nem todos os grupos indígenas dão a mesma importância à caça. Alguns preferem a pesca, a exemplo dos índios do Alto-Xingu. Em contrapartida, os índios Timbira dão grande valor à carne da caça e organizam caçadas coletivas com freqüência, enquanto os Mawé preferem caçar individualmente.

O contato com o mundo civilizado alterou as técnicas utilizadas pelos índios para caçar. A introdução das armas de fogo e do cão tornaram as caçadas mais eficazes, não só à procura da carne para comer, mas do couro e das penas, produtos que podem ser utilizados na confecção de artesanatos.

Pesca
A atividade da pesca e sua importância entre os índios também varia de grupo para grupo. São inúmeras as técnicas utilizadas para pescar, merecendo destaque o uso de vegetais que têm a propriedade de matar ou atordoar os peixes, como o Timbó ou oTingui. A pesca com vegetais é sempre feita em conjunto. Os índios pescam, ainda, com as mãos ou abatem os peixes com flechas de ponta de osso ou a golpes de facão. Na pesca também podem ser utilizadas armadilhas, feitas com cestos cilíndricos, esteiras de talos em forma de cerca ou cercado de varetas, além de jiraus, construídos junto a pequenas quedas d’água. Hoje é comum o uso de anzóis de metal, técnica adotada depois do contato com os civilizados.

Bastante apreciado por alguns grupos indígenas, o peixe é moqueado – assado e defumado em fogo lento. Com ele os índios também fazem farinha, socando no pilão o peixe moqueado que, depois, é torrado no forno.

Coleta
A prática da coleta é comum entre os Grupos Indígenas que não conhecem a agricultura, para os quais essa atividade torna-se a única maneira de encontrar alimento vegetal. Assim, os índios procuram frutos, caules e raízes vegetais nativos ou seja, não cultivados. A coleta, entretanto, não se limita apenas aos vegetais, incluindo a procura de animais minúsculos como larvas, algumas espécies de formigas, gafanhotos, além de mel e ovos de tartaruga, entre outros produtos. Por meio dessa atividade os índios obtêm, ainda, a matéria-prima necessária à confecção de inúmeros produtos como plantas medicinais, canas para o preparo de flechas, fibras para fazer cordas, timbó utilizado na pesca, cera, resinas e cal, para a pintura corporal.

Agricultura
A maior parte das Sociedades Indígenas do Brasil pratica a agricultura em terras florestais. No período da seca os índios derrubam a mata e limpam o terreno destinado à lavoura. Depois de secos os galhos e troncos caídos são queimados e o terreno está pronto para a semeadura. O plantio é feito nas primeiras chuvas e as plantas crescem misturadas, embora não sejam plantadas na mesma época. É a chamada agricultura de coivara, comum também entre os “civilizados” que vivem no interior.

Quando o terreno já não produz o necessário para a subsistência, os índios derrubam outros trechos da floresta e assim sucessivamente. Com isso migram cada vez para mais longe. Ao contrário do que muitos pensam, os índios não são predadores e retiram do solo apenas o necessário, só retornando a plantar no local de origem quando a mata volta a se formar naturalmente.

O uso de facões, machados e enxadas é comum entre a maioria dos grupos indígenas. Antes da introdução dessas ferramentas, os índios usavam machados de pedra para derrubar as árvores e, na semeadura, perfuravam o solo com paus pontudos, chamados “bastão de cavar”. Para o plantio os grupos indígenas agricultores preferem, em geral, a mandioca, a batata doce, a abóbora, o cará, as diversas qualidades de milho, a fava, a pimenta, a cana-de-açúcar, o algodão, o inhame, o ananás, a banana e o tabaco.

Criação de Animais
Depois do contato com a civilização tornou-se comum, entre diversos grupos indígenas, criar animais domésticos como galinhas, patos, porcos e até bovinos, para o consumo da carne. Mesmo antes os índios já capturavam filhotes de araras, papagaios, macacos e grande variedade de pássaros, para criá-los como bichos de estimação. O homem civilizado introduziu entre as Sociedades Indígenas o cachorro, hoje indispensável à caça, alterando as técnicas até então utilizadas pelos índios nas caçadas.

Programa de Artesanato Indígena
O Programa de Artesanato Indígena – ARTÍNDIA comercializa em suas lojas, espalhadas por todo o Brasil, o artesanato original e rico em cores produzido por cerca de 100 diferentes etnias, com matéria-prima extraída da natureza e sem causar danos ao meio ambiente. Instituído pela FUNAI na década de 70 e ampliado em 1987, com a criação da Coordenadoria de Artesanato-COART, o programa atende ainda os objetivos de divulgar e resgatar a cultura material indígena, através da realização ou participação em feiras e exposições.

Hábeis artesãos, os índios produzem diversos tipos de artefatos para atender suas necessidades cotidianas e rituais, que assumem, hoje, o importante papel de gerador de recursos financeiros, beneficiando as Comunidades com uma renda complementar. Assim surgem fantásticos trançados que tomam a forma de cestos, bolsas e esteiras, moldam a cerâmica que dá origem a panelas e esculturas, entalham a madeira da qual nascem armas, instrumentos musicais, máscaras e esculturas, além das plumárias e adornos de materiais diversos como cocos, sementes, unhas, ossos, conchas que, com habilidade e tecnologia, são transformados em verdadeiras obras de arte.

Onde adquirir Artesanatos Indígenas
Cidade
Estado Endereço Telefone
Belém PA Rua Presidente Vargas, n.º 72
Galeria Ed. da Assembléia Paraense,
loja 2 Centro
66017-000 (091) 223-6248
Brasília DF Loja Artíndia e Centro de Exposições
SEUPS Quadra 702 Edifício Lex – Térreo
70340-904 (061) 226-4270
Cuiabá MT Rua Pedro Celestino, n.º 301 – Centro
78005-500 (065) 623-1675
Manaus AM Rua Guilherme Moreira
Praça Tenreiro Aranha – Centro
Pavilhão Universal – 69005-300 (092) 232-4890 telefax
Museu do Índio RJ Rua das Palmeiras, n.º 55 – Botafogo
22270-070 (021) 286-2097 e 286-8899
Recife PE Rua João de Barros, n.º 668
Bairro Boa Vista
50100-020 (081) 421-2144
São Paulo SP Rua Augusta, n.º 1371
Galeria Ouro Velho, Loja 119
01305-902 (011) 283-2102
(011) 284-1361 fax

Medicina Indígena
Nas Aldeias Indígenas, em geral, o tratamento e a cura das doenças é feita pelos médicos-pajés, através de práticas-mágicas. Esses poderes podem ser usados para curar doenças como também para provocá-las, razão pela qual é comum atribuir a causa de doenças a feitiço.Os processos de cura e de entrar em contato com o sobrenatural variam entre os grupos indígenas. Os Xamãs, por exemplo, são uma categoria especial de médico-pajé, que podem entrar em êxtase. Nesse estado, segundo os índios, a alma vai para longe do corpo, percorrendo lugares distantes ou encarnando um espírito estranho.

Muitos vegetais usados pelos índígenas como medicamentos, apresentam resultados surpreendentes,o que vem motivando a procura dessa matéria-prima por parte de estrangeiros. Os conhecimentos técnicos, muitas vezes complexos, dos índios brasileiros estão presentes tanto no combate às doenças, quanto na caça -(venenos de caça), na pesca – (venenos de pesca), na ecologia, na astronomia, na fabricação de sal, de objetos de borracha, de tecidos e na guerra (uso de gases asfixiantes).

Histórico da política indigenista de saúde a partir da década de 80

1986 – Realização da I Conferência Nacional de Proteção à Saúde do Índio, conforme deliberação da VII Conferência Nacional de Saúde, ocorrida no mesmo ano. Nessa conferência ficaram estabelecidas as bases para um sub-sistema específico para atenção à saúde do índio, ligado à agência governamental gestora do Sistema Único de Saúde.

Além da preocupação com a especificidade do sub-sistema proposto e de sua integração ao SUS, fica estabelecida a necessidade de representação indígena nas instâncias deliberativas do modelo proposto.

1988 – Criação do Sistema Único de Saúde – SUS, através da Assembléia Nacional Constituinte, garantindo aos povos indígenas o direito de atenção integral e diferenciada à saúde.

1991 – Promulgação do Decreto Presidencial n( 23, de fevereiro de 1991, que transfere para o Ministério da Saúde a responsabilidade pela coordenação das ações de saúde para os povos indígenas, fazendo referência ao Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI, como forma de organização do sub-sistema de atenção à saúde do índio, conforme o seu artigo IV: “… as ações e serviços de saúde serão desenvolvidos segundo modelo de organização na forma de Distritos Sanitários de natureza especial, consideradas as especificidades das diferentes áreas e das comunidades indígenas”.

– É criada a Coordenação de Saúde do Índio – COSAI, ligada à FNS/MS.

1992 – Realização da IX Conferência Nacional de Saúde, quando fica assegurada no SUS, a atenção integral à saúde do índio, conforme texto transcrito a seguir: “…é necessário garantir no SUS a atenção integral à saúde dos povos indígenas, de forma diferenciada, em função das especificidades étnico culturais e da situação sanitária, com garantia de seus sistemas tradicionais de saúde, por meio da criação de Distritos Sanitários Especiais Indígenas, diretamente ligados ao Ministério da Saúde e administrados por Conselhos Indígenas de Saúde”.

– Criada a Comissão Intersetorial de Saúde do Índio – CISI, através da resolução n( 11, do Conselho Nacional de Saúde.

1993 – Realização do I Fórum Nacional de Saúde Indígena, promovido pela FNS/COSAI, com a participação de instituições governamentais e não governamentais.

– Realização da II Conferência Nacional de Proteção à Saúde dos Povos Indígenas, que contou pela primeira vez, com a participação paritária de delegados indígenas e não indígenas. Esta conferência preconizou, em seus princípios e diretrizes para o modelo assistencial, que a saúde do índio seja responsabilidade do Governo Federal, sem excluir as contribuições que possam advir dos estados e municípios, bem como de outras organizações governamentais e não governamentais. Definiu ainda a incorporação de um sub-sistema diferenciado de saúde, com base nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas – DSEI, com autonomia de gestão administrativa, orçamentária e financeira.

1994 – Aprovação pela Câmara dos Deputados, do novo Estatuto do Índio, que referenda o modelo proposto nas Conferências Nacionais, referindo-se especificamente ao Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI. Atualmente, o novo Estatuto encontra-se em trâmite no Senado.

– Revogação do Decreto n( 23, de Fevereiro de 1991, e promulgação do Decreto Presidencial 1141 de 19 de maio de 1994, que restitui à FUNAI o papel de gestor da saúde indígena no país. Este decreto constitui a Comissão Intersetorial – CIS, reunindo representantes de vários ministérios e outros setores governamentais e da sociedade civil, com a finalidade de definir os objetivos gerais que norteiam os programas e projetos propostos e estabelecer prioridades para otimizar o uso de recursos financeiros, materiais e humanos existentes.

Para viabilizar uma proposta de política de saúde para as populações indígenas, no contexto do Decreto Presidencial 1141, foi criada a subcomissão de saúde da CIS, responsável pela elaboração da proposta “Modelo de Atenção Integral à Saúde do Índio”, que foi concebido como o início de um processo de distritalização sanitária, numa tentativa de adequação institucional ao modelo proposto pelas conferências. Este modelo prevê que o gerenciamento da atenção à saúde do índio seja exercido concomitantemente pela FUNAI e FNS/COSAI, com atribuições definidas. À FUNAI compete a assistência direta aos índios, reservando-se à FNS as ações de imunização, saneamento básico, desenvolvimento de recursos humanos e controle de endemias. O primeiro passo na estratégia adotada para a implementação do MAISI, é a constituição dos Conselhos Locais de Saúde do Índio, de caráter paritário, deliberativo e fiscalizador.

1995 – Criação dos Conselhos Locais de Saúde do Índio, no âmbito de algumas Administrações Regionais da FUNAI, nas regiões norte, sul, centro-oeste e nordeste.

1996 – Realização da X Conferência Nacional de Saúde, quando foi deliberada a convocação da III Conferência Nacional de Proteção à Saúde do Índio.

1997 – Aprovado na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei n( 4681/94, de autoria do Deputado Sérgio Arouca, que complementa as leis que regem o SUS (8080 e 8142), regulamentando a criação do sub-sistema diferenciado de saúde do índio, com base nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas. No momento, em tramitação no Senado Federal.

Proposta Atual:
A proposta atual de organização dos serviços de saúde nas áreas indígenas está calcada no reconhecimento da precariedade das ações de saúde desenvolvidas até o presente e busca sua reorientação, preconizando maior concentração das ações nas áreas indígenas, com lotação de profissionais de saúde devidamente capacitados.

Propõe-se a implantação gradativa dos Conselhos Locais de Saúde do Índio, encarregado pela coordenação política entre todas as instituições governamentais e não governamentais e representações indígenas, com a garantia de uma coordenação gerencial, a cargo das Administrações Regionais, encarregadas de viabilizar a execução dos programas e projetos deliberados pela plenária dos conselhos.

A atenção primária deve ser desenvolvida nas áreas indígenas, tendo como base o treinamento e capacitação de agentes indígenas de saúde para o trabalho nas aldeias e de auxiliares de enfermagem nos postos indígenas. Equipes multiprofissionais e interinstitucionais, formadas por médicos, enfermeiros e odontólogos devem se encarregar das ações de assistência de maior complexidade e, principalmente, da supervisão e treinamento em serviço dos agentes indígenas de saúde e auxiliares de enfermagem.

Essa proposta, atualmente orientada pelo Modelo de Atenção Integral à Saúde do Índio, constitui embrião dos futuros Distritos Sanitários Especiais Indígenas – DSEI.

Para amenizar as dificuldades relacionadas a escassez de recursos humanos na área da saúde, estão sendo celebrados convênios com organizações governamentais e não governamentais, através das Administrações Regionais da FUNAI, espalhadas pela grande maioria dos estados brasileiros.

Recursos Orçamentários Destinados à Assistência à saúde Indígena, através da FUNAI:

1996 – R$ 6.800.000,00

1997 – R$ 9.030.000,00

Os Índios na descoberta do Brasil
Estima-se entre um milhão e cinco milhões o número de índios que viviam no Brasil em 1.500, à época do descobrimento do Brasil. Esse número foi obtido tomando-se por base o ocorrido no antigo México e Peru, onde o decréscimo da população nativa foi de vinte a um, ou seja, de cada 20 indivíduos restou apenas um. Considerando-se que a população indígena do Brasil, em1980, era de 227.800 pessoas e multiplicando-se esse número por 20, chega-se a 4.556.000 índios em 1500. Essa estimativa é extremamente modesta se considerarmos que o cálculo de Pierre Clastres para a população Guarani é de 1.404.000, num território de 350.000 km2, que abrange o Paraguai, o norte da Argentina e o sul do Brasil. Para se ter uma idéia do que isso representa, basta levar em conta que a população atual do Paraguai é de cerca de 3 milhões de habitantes para um território de 407.000 km2.

O Mapa Etno-histórico do Brasil e países limítrofes, do etnólogo alemão-brasileiro Curt Nimuendaju Unkei, publicação conjunta do Museu Nacional e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, de 1981, indica a localização de 1400 tribos existentes em 1500, que falavam línguas pertencentes a 40 troncos, divididos em 94 famílias lingüísticas. Isso sem contar as línguas isoladas, que não podiam ser agrupadas em famílias. O Mapa mostra o rumo das migrações dessas tribos, a época em que ocorreram os primeiros registros sobre elas e aquelas que se extinguiram nos 450 anos seguintes à invasão européia e que correspondem a 90 por cento do total. Apesar de não se ter notícia, em nenhuma outra parte do mundo, de uma variedade lingüística semelhante à verificada na América do Sul tropical, a precariedade de dados históricos torna impossível precisar a totalidade da população indígena do Brasil, em 1500.

Conflitos e Impactos
Os interesses econômicos nacionais e estrangeiros são os maiores inimigos das Sociedades Indígenas. Sujeitos a todo tipo de exploração, os índios brasileiros e suas terras são o alvo preferido de garimpeiros, madeireiros e fazendeiros que cobiçam essas terras e as riquezas naturais nelas existentes, indiferentes aos males e prejuízos causados aos índios e o meio ambiente. Um exemplo são os garimpeiros que exploram ouro, diamante e cassiterita em terras indígenas e que, além de agir com violência e transmitir todo o tipo de doenças contagiosas aos índios, provocam danos poluindo os rios com mercúrio e outros produtos químicos.

Depois da devastação nas araucárias e as florestas da Mata Atlântica do sul da Bahia e Espírito Santo, a exploração da madeira deslocou-se para a Amazônia, apesar dos inúmeros avisos de cientistas brasileiros e estrangeiros sobre a fragilidade ecológica da região em decorrência dessa prática. E o deflorestamento caminha rápido nos Estados do Pará e Rondônia. Nas áreas do índios Xikrin, Tembé e Parakanã, no Pará, as madeireiras procuram convencer os índios a arrendar lotes de suas terras para a exploração. Em troca propõem um pagamento que não chega a 10 por cento do valor das madeiras no mercado mas que, mesmo assim, parece alto e suficiente aos índios. Mesmo pouco, se comparado às percentagens de garimpos, o dinheiro leva os índios a aceitar a presença de brancos e a exploração de suas terras e riquezas.

Em Rondônia, os maiores problemas devem-se aos projetos de colonização de terras. Ali paraenses, gaúchos, mineiros, goianos e capixabas são alocados em áreas que, cada vez mais, apertam o cerco sobre os povos indígenas da região. Os latifundiários que compram a terra beneficiada, formam grandes propriedades, fato que os índios são obrigados a aceitar, a exemplo dos Nambiquara, que vivem hoje em áreas espaçadas umas das outras, cortadas por fazendas e estradas. Da mesma forma os posseiros, sem terras onde trabalhar, invadem terras indígenas, sobretudo aquelas ainda não demarcadas, gerando conflitos e impactos que afetam profundamente as Sociedades Indígenas.

Quantos são e onde estão os Índios Hoje?

Estado
Sociedades, Indígenas e População:

Acre – Arára, Asheninka, Huniquim, Katukina do Acre, Manitenéri, Maxineri, Poyanáwa, Yaminawá, Yawanáwa, Makuráp, Apurinã, Katukína, Kulina, (Venezuela/Colombia) Amawáka (Peru), Kaxinawá (Peru) 6.610

Alagoas – Jerinpancó, Karapotó, Kariri-Xocó, Tingui-Botó, Wassú, Xucurú-Karirí 4.917

Amapá – Galibí Marworno, Karipúna, Palikur, Waiãpi, Galibí (Guiana Francesa) 5.095

Amazonas – Banavá-Jafí, Caixana, Corvana, Dení, Diahói, Himarimã, Hixkaryana, Issé, Jarawára, Juma, Kambéba, Kanamatí, Kanamari, Katawixi, Kokáma, Korubo, Marúbo, Matis, Mayorúna, Miranha, Múra, Múra-Pirahã, Nukuíni, Parintintín, Paumarí, Sateré Mawé, Taríana, Tenharín, Tikúna, Torá, Tshom-Djapá, Tukano, Wamiri, Yamamadí, Yabaána, Zuruahã, , Maku, Warekéna (Venezuela), Karafawyána Sakiribar, Apurinã, Katukína/ Kulina, (Venezuela/Colômbia), Makú (Colômbia), Baníwa (Colômbia/Venezuela), Baré (Venezuela), Katuena, Mawayana, Munduruku, Xeren, Vitotó (Peru), Atroarí, Yanomámi, Waiwai, Kaxarari. 89.529

Bahia – Aricobé, Gerén, Kaimbé, Kantaruré, Kirirí, Pankararé, Pankaru, Pataxó, Pataxó ha hã hãe, Xucurú -Kariri, Pankararú, Tuxá. 8.561

Ceará – Calabassa, Jenipapo Kanindé, Karirí, Paiaku, Pitaguari, Tapeba, Tabajara, Tremenbé. 4.650

Espírito Santo – Tupiniquim, Guarani M’ Biá. 1.347

Goiás – Tapuia, Avá- Canoeiro, Karajá. 142

Maranhão – Canela, Guajá, Guajajára, Kokuiregatejê, Kreye, Krikatí, Urubu -Kaapor, Gavião. 14.271

Mato Grosso – Apiaká, Arára do Aripuanã, Arará do Guariba, Awetí, Bakairí, Bororo, Enawenê-Nawê, Irántxe, Kalapálo, Kamayurá, Kuikúro, Matipú, Mehináku, Ofayé, Panará, Paresí, Rikbaktsa, Suyá, Tapirapé, Tapayuna Trumaí, Txikão, Umutína, Waurá, Xavante, Yawalapití, Kadiwéu, Jurúna, Kayabí, Kaypó, Cinta Larga, Zoró, Itogapúk, Nambikwára, Suruí, Karajá. 17.329

Mato Grosso do Sul – Camba, Guató, Kadiwéu, Guarani-Nhandeva, Guarani- Kaiwá, Terena.Kaiwá, Terena. 45.259

Minas Gerais – Kaxixó, Krenak, Maxakali, Xakriabá. 6.200

Pará – Amanayé, Anambé, Apalaí Arára do Pará, Araweté, Asuriní do Trocará, Asuriní do Koatinemo, Kaxuyána, Parakanã, Suruí do Pará, Tiryó, Turiwára, Warikyána, Wayâna, Xipáya, Zo’é, Tembé, Karafawyána, Katuena, Mawayana, Munduruku, Xeren, Jurúna, Kayabí, Kayapó, Gavião, Waiwai, Karajá, Kuruáya. 15.715

Paraíba – Potiguára 6.902

Paraná – Guarani – Nhandeva, Guarani M’ Biá, Kaingáng, Xetá. 7.921

Pernambuco – Atikum, Fulniô, Kambiwá, Kapinawá, Truká, Xukurú, Pankararú, Tuxá 19.950

Rio de Janeiro – Guarani-M ‘Biá 271

Rio Grande do Sul – Kaingáng 13.354

Rondônia – Aikaná, Ajuru, Akuntsu, Arará, Arikapú, Arikém, Aruá, Awakê, Gavião, Jabutí, Kanoê, Karipúna do Guaporé, Karitiána, Koaia, Mekém, Pakaánova Paumelenho, Tuparí, Uarí, Urueuwauwau, Urubu, Urupá, Cinta-Larga, Zoró, Itogapúk, Nambikwára, Suruí, Sirionó (Bolívia), Kaxarari, Makurap, Sakiribar. 5.573

Roraima – Ingarikó, Makuxí, Mayongóng, Taulipáng, Wapixána, Atroarí, Yanomámi, Waiwai 37.025

Santa Catarina – Xokléng, Guarani-M’ Biá, Kaingáng 6.667

São Paulo – Guarani- Nhandeva, Guarani M’Biá, Kaingáng, Terena. 1.774

Sergipe – Xocó 230

Tocantins – Apinayé, Javaé, Krahô, Xambioá, Xerente, Avá Canoeiro, Karajá. 6.360

Total – 325.652

OBS: As sociedades que estão em negrito, também estão presentes nos países indicados nos parênteses. Dados Populacionais extraídos do censo realizado pela FUNAI em 1995.

Índios Isolados

Quem são?
São povos indígenas que, desde à época do descobrimento, vivem isolados do convívio com a sociedade nacional, mantendo-se afastados de todas as transformações ocorridas no País, e que habitam, tradicionalmente, os pontos mais distantes e inóspitos da Amazônia brasileira. Pouco se sabe sobre esses grupos, cuja língua, de modo geral, é desconhecida e que não mantêm qualquer tipo de relação com outros povos indígenas existentes nas proximidades do seu território.

Como vivem?
A exemplo de seus antepassados, os índios isolados sobrevivem da caça, da pesca, da coleta e de incipiente agricultura. Com o passar do tempo esses grupos indígenas acumularam conhecimentos empíricos, desenvolveram técnicas próprias e construíram um rico universo mitológico. No confronto com os invasores das terras em que vivem, defendem bravamente seu território e, quando não conseguem mais sustentar a luta, recuam para pontos mais distantes, na esperança de sobreviver.

As chances de sobrevivência desses povos, entretanto, diminuem a cada dia. Os confrontos motivados por interesses econômicos, diante do potencial madeireiro e mineral das áreas habitadas pelos índios, trazem conseqüências desastrosas para essas Comunidades. Entre elas os óbitos decorrentes de lutas violentas travadas para preservação de seu território e a contaminação por agentes infecto-contagiosos que não podem combater.

Os avanços cada vez mais freqüentes dos invasores e as lutas e recuos constantes dos índios, eternizando o processo de fugas e sobressaltos, agravam cada vez mais esse quadro, colocando em risco a existência desses grupos . A medida em que essas Sociedades desaparecem, perde-se todo o seu saber, sem que o mesmo chegasse a ser conhecido e registrado. Mais pobre fica a humanidade, que não incorpora elementos físicos e expressões culturais, que a enriqueceriam e a tornariam mais sábia.

O Departamento de Índios Isolados
Para repensar a prática do sertanismo, com base nos princípios Constitucionais, no Estatuto do Índio e nos conhecimentos acumulados pelos sertanistas ao longo dos anos, a FUNAI cria, em 1987, o Departamento de Índios Isolados – DII e, paralelamente, institui o Sistema de Proteção ao Índio Isolados – SPII. Diante dessa nova política para índios isolados, a demarcação de suas terras e a proteção ao meio ambiente passam a integrar as prioridades da instituição, que visa assegurar a esses índios o direito ao exercício de atividades tradicionais. Com isso, a efetivação do contato com esses grupos passa a ser cogitado, somente nos casos em que as ações implementadas não produzem os resultados esperados.

O DII dispõe, hoje, de 55 informações sobre a possível existência de índios isolados no território nacional, localizando-se a grande maioria na Amazônia Legal. Assim, no processo de ocupação da Amazônia, o conhecimento e dimensionamento das regiões habitadas por grupos de índios isolados é fundamental, para evitar-se o confronto com essas Sociedades. Para o desenvolvimento dos trabalhos de campo, o Departamento conta com 07 Frentes de Contato, com atividades específicas, localizadas nos estados do Amazonas, Pará, Acre, Mato Grosso, Rondônia e Goiás.

Maiores informações podem ser obtidas no Departamento de Índios Isolados da FUNAI, telefax n.º (061)226-4817.

Por que 19 de Abril é o Dia do Índio
Durante a realização do I Congresso Indigenista Interamericano no México, em 1940, os representantes de diversos países americanos decidiram convidar os índios, tema central do Congresso, para o evento. Entretanto, a comissão encarregada de fazer o convite encontrou resistência por parte dos índios que, habituados a perseguições e traições, mantinham-se afastados das reuniões, de nada valendo os esclarecimentos e tentativas dos congressistas. Dias depois,, convencidos da importância do Congresso na luta pela garantia de seus direitos, os índios resolveram comparecer. Essa data, por sua importância na história do indigenismo das Américas, foi dedicada à comemoração do Dia do Índio. A partir de então o dia 19 de abril passou a ser consagrado ao Índio, em todo o continente americano.

Também por deliberação dos Congressitas foi criado o Instituto Indigenista Interamericano,, órgão internacional, com sede no México, ao qual estariam ligados Institutos Indigenistas nacionais encarregados de zelar pela garantia dos direitos indígenas. No Brasil a adesão ao Instituto foi determinada pelo então Presidente Getúlio Vargas que, atendendo aos apelos do Marechal Rondon, assinou o decreto nº 5.540, de 02.06.43, determinando que, a exemplo dos demais países americanos, o Brasil comemorasse o Dia do Índio em 19 de abril.

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