História

A População Nativa Brasileira

A População Nativa

Existem pelo menos 50 grupos que jamais mantiveram contato com o homem branco, 41 dos quais sequer se sabe onde vivem

Jamais se saberá com certeza, mas quando os portugueses chegaram à Bahia os índios brasileiros somavam mais de 2 milhões – quase três, segundo alguns autores. Agora, dizimados por gripe, sarampo e varíola, escravizados aos milhares e exterminados pelas guerras tribais e pelo avanço da civilização, não passam de 325.652 – menos de dois Maracanãs lotados. Ainda assim, são 215 nações e 170 línguas diferentes.

As tribos mais ameaçadas de extinção são os xetás, do Paraná (restam apenas três indivíduos), os junas, do Amazonas (sete) e os avás-canoeiros (14, dos quais só seis contatados). As tribos mais numerosas são os tikunas (23 mil índios), os xavantes e os caiapós. A idade média dos índios brasileiros é 17,5 anos, porque mais da metade da população tem menos de 15 anos. A expectativa de vida é de 45,6 anos e a mortalidade infantil é de 150 para cada mil nascidos. Existem pelo menos 50 grupos que jamais mantiveram contato com o homem branco, 41 dos quais sequer se sabe onde vivem – embora seu destino já pareça traçado: a extinção os persegue e ameaça.

O drama dos guarani-caiovás

De todos os dramas vividos pelas tribos brasileiras, o mais rumoroso tem sido o do suicídio coletivo dos guaranis-caiovás, de Mato Grosso do Sul. Agrupados em reservas improdutivas, submetidos a um regime de trabalho semi-escravo e despojados de suas tradições, 236 caiovás (ou caiuás) se mataram em emnos de uam década. Só em 1995, foram 54 os que cometeram do deduí, o suicídio ritual – ou rito de “apagar o sol”, como os próprios índios, trágica e poeticamente, o denominam.

Em dezembro de 1995, o então ministro da Justiça Nélson Jobim foi a Mato Grosso e aumentou a área de uma das menores reservas dos caiovás. No mesmo dia, porém, o jovem Odair Lescano, de 17 anos, enforcou-se no abacateiro em frente a sua choupana. Poucas semanas antes da morte de Lescano, antropólogos da Fundação Nacional do Índio (Funai) haviam contatado, em Rondônia, um casal de índios de um grupo desconhecido até então. De acordo com os dois sobreviventes, o restante da tribo já fora exterminado por fazendeiros. No Brasil, a Idade da Pedra ainda não acabou.

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Autor: Eduardo Bueno/Zero Hora

Imagem: http://www.niee.ufrgs.br/alunos/alunos/projeto/equipes/futuro/bebeindio.jpg