História

Teatros Gregos

As primeiras peças de teatro gregas eram apresentadas nas festas religiosas em homenagem ao deus Dioniso. Esse era o deus da festa, do vinho, da loucura, dos prazeres.

Nada mais louco, mais gostoso e mais embriagador do que o teatro não concorda?

Os três autores de teatro mais destacados foram Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Suas obras, escritas no século V a. C., eram chamadas de tragédias, e a maioria delas tinha final triste. O enredo das peças gregas sempre tratava de lendas conhecidas por toda a plateia. Portanto, o que atraía as pessoas não eram as histórias (que todos já conheciam), mas o jeito habilidoso e poético como o autor as tinha escrito. E realmente eram muito bem escritas. Tanto que ainda hoje é comum a apresentação de peças gregas nos mais modernos teatros do mundo.

Uma das tragédias mais bonitas de Ésquio é Prometeu Acorrentado. Prometeu foi o titã (uma espécie de deus antigo) que deu um presente maravilhoso à humanidade: o fogo. Dominando o fogo, os homens puderam superar os outros animais e ficar parecidos com os deuses. Os homens inventaram as ferramentas, a Astronomia, a Medicina a Matemática, a escrita. Com tamanha inteligência, os seres humanos ameaçavam a supremacia dos deuses. Por causa disso, Zeus, o principal dos deuses castigou Prometeu com uma terrível punição: ele foi acorrentado a uma rocha e, todos os dias, era visitado por um abutre que devorava seu fígado. Dor insuportável até a eternidade, que Prometeu aguentava com orgulho. A inteligência humana pode até nos fazer sofrer, mas nós temos orgulho dela!

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A obra mais cé lebre de todas é ÉdiPo Rei, de Sófocles. Édipo era filho de Laio e Jocasta, reis de Tebas. Logo que o menino nasceu, o deus Apoio alertou que um dia, quando adulto, o filho mataria o próprio pai. Apavorado, o rei Laio abandonou a criança numa montanha. Mas o bebê foi salvo por um humilde pastor e foi educado sem saber que era filho de pais adotivos. Certo dia, quando já era adulto, Édipo ouviu uma terrível profecia, que dizia que ele mataria seu pai e casaria com sua mãe. Ficou horrorizado. Não queria que isso acontecesse. Por isso, abandonou seus pais adotivos (que ele acreditava serem seus pais de verdade) e fugiu para bem longe. Na estrada, esbarrou com um estranho e discutiu. Os dois lutaram com espadas e Édipo, mais jovem e vigoroso, matou o sujeito. Estava cumprida a primeira parte da profecia: aquele velho era Laio, o pai real de Édipo. Sem querer, Édipo matara o próprio pai!

Em seguida, Édipo aproximou-se de Tebas. A cidade estava dominada por um monstro terrível, a Esfinge (Sphinx). O rosto e o busto eram de uma mulher, mas o corpo era de leoa. Cada pessoa que se aproximava de Tebas era abordada pelo monstro, que lançava um enigma: “Decifra-me ou devoro-te”, dizia ele. Ou seja, quem não soubesse a resposta do problema seria morto por ele. Muitos tentaram responder, mas todos falharam. Até que chegou Édipo. O monstro fez a mesma pergunta de sempre: “Qual é o animal que de manhã tem quatro patas, ao meio-dia tem duas e ao entardecer tem três?” Conseguiria escapar da terrível Esfinge?

Édipo conseguiu. A resposta foi:
“O animal em questão é o ser humano. Na sua manhã ele é um bebê, que engatinha com os pés e as mãos. Ao meio-dia, é adulto e caminha sobre os dois pés. No seu crepúsculo, é um velho, que precisa de uma bengala, a terceira perna.” Diante da resposta certa, nada restou à Esfinge senão se matar.

Édipo tinha se tornado o herói salvador de Tebas. Famoso, casou-se com a rainha viúva Jocasta. Isso mesmo, ele se casou com a própria mãe! A segunda parte da profecia estava cumprida.

A desgraça se abateu sobre a cidade de Tebas. A fome e a peste mataram muitas pessoas. Édipo, agora rei de Tebas, queria saber o motivo daquela desgraça toda. O adivinho cego, Tirésias, sabia a resposta. Não enxergava nada do presente porque era cego, mas era capaz de enxergar o que nenhum homem poderia: o passado e o futuro. Então, Tirésias anunciou que o culpado de tudo era o assassino do antigo rei Laio.

Pobre rei Édipo! Fazia de tudo para encontrar o culpado quando ele próprio era o culpado! Finalmente, descobriu tudo: tinha matado o próprio pai e casado com sua mãe, chegando a ter quatro filhos com ela. Sua mãe, Jocasta, suicidou-se. Desesperado com a revelação, Édipo arrancou seus próprios olhos e, cego, partiu de Tebas, amaldiçoado, para morrer bem longe de lá.

No século XX, muitos psicanalistas (estudiosos da mente e da personalidade humana), seguidores das idéias de Sigmund Freud, disseram que a lenda grega de Édipo expressa um comportamento típico dos seres humanos durante uma fase de sua infância: o amor do me nino por sua mãe e o medo que tem de ser castigado pelo pai, ou o amor que a menina tem por sua mãe e o sentimento de que foi punida por causa disso.

Puxa vida, como as idéias e sentimentos dos gregos podem ser atuais não é mesmo?

Além das tragédias, os gregos apreciavam as peças engraçadas. O maior escritor de comédias teatrais foi Aristófanes. Ele ria de todo mundo, dos filósofos, dos políticos, dos militares. Até os deuses ridicularizou. Suas peças tinham palavrões e coisas obscenas, mas seu humor era inteligente.

Texto enviado às 11:15 – 12/09/2008
Autor: Ana Cláudia Sartorelli e Fernanda Soria