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Poemas do século 19 sobre amor

O século 19 foi marcado pelos poemas românticos, que relatavam amores impossíveis, proibidos e desamores, além do amor idealizado. Os principais poetas do romantismo do século XIX foram: Álvares de Azevedo e Castro Alves.

Confira alguns importantes poemas do século 19 sobre o amor:

1 – AMOR (Álvares de Azevedo)

“Amemos! Quero de amor

Viver no teu coração!

Sofrer e amar essa dor

Que desmaia de paixão!

Na tu’alma, em teus encantos

E na tua palidez

E nos teus ardentes prantos

Suspirar de languidez!

Quero em teus lábio beber

Os teus amores do céu,

Quero em teu seio morrer

No enlevo do seio teu!

Quero viver d’esperança,

Quero tremer e sentir!

Na tua cheirosa trança

Quero sonhar e dormir!

Vem, anjo, minha donzela,

Minha’alma, meu coração!

Que noite, que noite bela!

Como é doce a viração!

E entre os suspiros do vento

Da noite ao mole frescor,

Quero viver um momento,

Morrer contigo de amor!”

2 – Adormecida (Castro Alves)

“Uma noite, eu me lembro… Ela dormia Numa rede encostada molemente…

Quase aberto o roupão… solto o cabelo E o pé descalço do tapete rente.

‘Stava aberta a janela. Um cheiro agreste Exalavam as silvas da campina…

E ao longe, num pedaço do horizonte, Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados, Indiscretos entravam pela sala,

E de leve oscilando ao tom das auras, Iam na face trêmulos – beijá-la.

Era um quadro celeste!… A cada afago mesmo em sonhos a moça estremecia…

Quando ela serenava… a flor beijava-a…

Quando ela ia beijar-lhe… a flor fugia…

Dir-se-ia que naquele doce instante brincavam duas cândidas crianças…

A brisa, que agitava as folhas verdes, Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se… Mas quando a via despeitada a meio,

P’ra não zangá-la… sacudia alegre uma chuva de pétalas no seio…

Eu, fitando esta cena, repetia naquela noite lânguida e sentida:’ Ó flor! – tu és a virgem das campinas!’Virgem! – tu és a flor da minha vida!…”

3 – Amar e Ser Amado (Castro Alves)

“Amar e ser amado! Com que anelo

Com quanto ardor este adorado sonho

Acalentei em meu delírio ardente

Por essas doces noites de desvelo!

Ser amado por ti, o teu alento

A bafejar-me a abrasadora frente!

Em teus olhos mirar meu pensamento,

Sentir em mim tu’alma, ter só vida

P’ra tão puro e celeste sentimento

Ver nossas vidas quais dois mansos rios,

Juntos, juntos perderem-se no oceano,

Beijar teus lábios em delírio insano

Nossas almas unidas, nosso alento,

Confundido também, amante, amado

Como um anjo feliz… que pensamento!?”