Fatos Gerais

Terceirização – Informatização – Problemas Urbanos

Se tratando de terceirização procuramos salientar os seguintes tópicos:
* Pontos fundamentais – o que é a terceirização, suas origens e como pode ser desempenhada.
* Pontos positivos – quais são os principais pontos positivos quando um serviço é terceirizado.
* Pontos negativos – os principais entraves e pontos negativos desse tipo de medida.
* Relação com a nossa vida – quais os serviços que são terceirizados e que nós nem notamos.
* Problemas Urbanos – o que a terceirização influi nos problemas urbanos

Quando apresentamos a Informatização procuramos os seguintes pontos – chave:
* O que os computadores representam na vida moderna
* A relação entre tecnologia e empresas de diversos ramos
* A ética na informática – como a ética pode ser direcionada nesse novo aspecto da sociedade.
* Os pontos positivos da Informatização – as facilidades geradas pelo uso da informática
* Os pontos negativos da Informatização – os riscos e pontos negativos do processo
* Informatização e os problemas urbanos – a influência da Informatização nesse aspecto
* As empresas mais informatizadas – o que isso representa

Com relação aos problemas urbanos demos um enfoque especial a alguns problemas. Os problemas urbanos são diversos, porém procuramos explorar e explicar aqueles que estão diretamente relacionados às causas e conseqüências da terceirização e ou informatização. Sua citação se encontra na conclusão. Desse modo aqueles que são cruciais:
* Número elevado de habitantes
* Energia elétrica
* Desemprego
* Especialização do trabalho
* Moradia
* Exclusão social

Por fim, através dessa explanação, elaboramos uma conclusão que visa a relação entre esses três temas e a influência dessa relação com a nossa vida.

Terceirização
A tendência da indústria moderna é a terceirização, processo que consiste em delegar a outras empresas a realização de parte do processo industrial.

A terceirização originou-se nos Estados Unidos, logo após a eclosão da II GM, pois as indústrias bélicas tinham que se concentrar no desenvolvimento da produção de armamentos e passaram a delegar algumas atividades a empresas portadoras de serviços. Alguns seguimentos no Brasil, como a industria têxtil, a gráfica se utilizaram da contratação de serviços.

No entanto, atualmente, este mecanismo se dá como uma técnica moderna de administração e que se baseia num processo de gestão que tem critério de aplicação (início, meio e fim), uma visão temporal (curto, médio e longo prazo) e uma ótica estratégica, dimensionada para alcançar objetivos determinados e reconhecidos pela organização.

Nesta nova administração as atenções são dirigidas para o cliente.

As pequenas e médias empresas, foram as primeiras a entrar neste novo processo, por serem as mais ágeis e por terem percebido a necessidade de mudança, conquistando espaço neste mercado.

Mas logo, as grandes organizações começaram a fazer uma reflexão para continuar no mercado de forma competitiva. No Brasil, a indústria metalúrgica terceirizou grande parte da fabricação de autopeças.

A primeira tentativa de mudança, conhecida como downsizing, foi a redução dos níveis hierárquicos, enxugando o organograma, reduzindo o número de cargos e consequentemente agilizando a tomada de decisões – que não implica, necessariamente, com corte de pessoal.

A partir daí, passou-se a transferir para terceiros a incumbência pela execução das atividades secundárias. Surge o outsourcing (terceirização), que foi adotada de forma plena pelas empresas.

No Brasil, a recessão como pano de fundo levou também as empresas a refletirem sobre sua atuação e ao mesmo tempo demonstrava o outro lado, que era a abertura de novas empresas, com oportunidade de mão-de-obra, restringindo assim, de certo modo, o impacto social da recessão e do desemprego.

MAS O QUE É A TERCEIRIZAÇÃO?
É um processo de gestão pelo qual se repassam alguma atividades para terceiros – com os quais se estabelece uma relação de parceria – ficando a empresa concentrada apenas em tarefas essencialmente ligadas ao negócio em que atua. A terceirização também é uma estratégia empresarial que consiste em contratar os serviços de firmas especializadas em áreas que não são as de sua atividade-fim. Adotada por empresas de diferentes ramos de produção para reduzir custos.

FATORES CONDICIONANTES DA TERCEIRIZAÇÃO
1. Ambiente estratégico – os motivos da existência da empresa, conhecendo e focalizando a sua verdadeira missão, os objetivos e as diretrizes, as políticas gerias e setoriais, a aderência e compatibilidade do negócio, além de um conhecimento amplo do mercado e formas de comercialização. Revisão de objetivos/ diretrizes/políticas.

2. A Terceirização e o ambiente político – cada vez mais os governos brasileiros, seja a nível municipal, estadual e federal, têm considerado a Terceirização como uma forma adequada de proceder a mudanças estratégicas/operacionais nos órgãos públicos.

3. A Terceirização e o ambiente organizacional – O espaço físico da empresa poderá ser alterado em função da extinção e criação de novos cargos e consequentemente na mudança do quadro pessoal.

4. A Terceirização e o ambiente econômico – a estrutura de custos internos deverá ser adaptada à nova sistemática; avaliação, com freqüência, dos custos terceirizados em relação aos custos despendidos pela atividade interna.

5. A Terceirização e o tecnológico – necessidade da transferência do conhecimento da utilização da tecnologia entre o contratado e o contratante.

6. A Terceirização e o ambiente social – QUANTO À ABERTURA DE NOVOS NEGÓCIOS – formação de novas empresas.

QUANTO A REVISÃO DAS FUNÇÕES DECORRENTES DA APLICAÇÃO DA TERCEIRIZAÇÃO – o aspecto social das demissões: quando ocorrem demissões é preciso tentar junto ao fornecedor de serviços que será contratado, se possível, o acolhimento parcial ou total desta mão-de-obra demitida.

7. A Terceirização e o ambiente jurídico-legal – As experiências de aplicação da Terceirização trouxeram dúvidas na conceituação jurídica, trabalhista e legal para as empresas brasileiras. Hoje, está claro que as relações são empresariais e de pessoas jurídicas.

O PROCESSO DE TERCEIRIZAÇÃO E AS ATIVIDADES QUE PODEM SER TERCEIRIZADAS
O processo de terceirização envolve o relacionamento da empresa que contrata serviços e a empresa que fornece os serviços.

As atividades terceirizadas:
Tipo 1 – Processo ligado às atividades da empresa – Ex: produção, distribuição, operação;

Tipo 2 – Processos não ligados a atividade-fim da empresa – Ex.: publicidade e limpeza;

Tipo 3 – Atividades de suporte à empresa – Ex.: treinamento, seleção e pesquisa.

Tipo 4 – Substituição de mão-de-obra direta, por mão-de-obra indireta ou temporária.

COMO DESENVOLVER AS PARCERIAS
A terceirização vem a ser um novo estágio entre a empresa fornecedora do serviço e a empresa que a contrata, sendo que esta união só irá se concretizar se as parcerias forem completamente autônomas umas das outras.

Na procura desta empresa prestadora de serviços pela contratante que lhe seja prestado um serviço no mínimo igual ou melhor do que ele executa internamente. Também é exigido da terceirização rapidez, qualidade, execução em tempo recorde, a empresa de serviços contratada deverá realizá-lo exatamente como foi determinado pela sua contratante, mesmo que o pedido seja feito numa sexta-feira à tarde. Estas características tornam essencialmente necessárias para a concretização total do processo de terceirização, tornando-se assim contratante e contratados totalmente parceiros.

A terceirização pode ser feita entre contratante e ex-funcionários, contratante com aproveitamento dos ex-funcionários junto ao fornecedor parceiro e com fornecedor parceiro sem envolvimento funcional. No caso de optar pela terceirização com ex-funcionário, tem sido uma saída estratégica que a maioria das empresas está acolhendo, já que esses tem conhecimento específico da empresa, bem como a sintonia esperada, pois conhecem a cultura e a filosofia da organização.

Já no Brasil as empresas-mãe estão optando por contratarem serviços terceirizados sem nenhum envolvimento funcional, desde que seja ele capacitado e engajado nas necessidades da empresa a se prestar serviço.

Com ou sem vínculo funcional da terceirização é responsabilidade sua e da empresa que o contratou negociarem com precedentes de autonomia sem que haja vínculo de dependência entre as partes, também deve ficar bem claro a capacidade empreendedora da empresa contratante. O fornecedor de serviços não pode ter no seu cliente sua única fonte de renda, sendo assim as partes devem se comportar como de fossem sócios.

Para que isso tudo aconteça cabe ao contratante estabelecer alguns pré-requisitos, que lhe permitem optar pela melhor empresa terceirizadora de acordo com sua necessidades, como capacidade de absorver as atividades a serem terceirizadas, lista de clientes e tipos de trabalho desenvolvidos, número de funcionários e técnicos habilitados para a prestação de serviços, capacidade empreendedora, uso de tecnologia e busca de aprimoramento, com relação as atividades terceirizadas, treinamento e desenvolvimento do seu pessoal e política de treinamento de funcionários do contratante, metodologia de trabalho, com ênfase na transferência de tecnologia se for o caso, processos e programas de qualidade e produtividade empregados em atividades assemelhadas a serem controladas, flexibilidade e agilidade do prestador de serviços em adaptar-se as condições do cliente, principalmente no que tange as solicitações “de última hora”, responsabilidades no cumprimento de prazos, números de funcionários alocados, equipamento e materiais envolvidos, solicitados e comprovados através de atestados de desempenho e/ou de visitas pessoas e clientes, flexibilidade na negociação de preços dos serviços e condições de faturamento de serviços prestados.

Então todos esses cuidados sendo tomados a empresa contratante e o contratado podem ser parcerias.

COMO ELABORAR UM CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
Definido o prestador de serviço, deverá a empresa contratante propor a assinatura de um contrato, que dará o aspecto formal a relação entre as partes. Com a prática da terceirização a formalização contratual se torna um instrumento de apoio e suporte da operação, responsabilizando o prestador de serviços, estabelecendo regras de relacionamento, e dando uma base juridicamente adequada à relação.

Alguns pontos básicos deverão ser observados na caracterização deste documento, como observar o contrato social, definindo bem, as obrigações e direitos de ambos (contratante e contratado) bem como atividades fins, porque devem diferir para que não haja vínculo empregatício.

TERCEIRIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS
A modernização do setor público é um caminho irreversível. Estamos passando por uma grave crise econômica mundial, e a definição do modelo do papel do Estado, com seus mecanismos lentos, burocráticos e ineficientes torna-se imperativo.

Será preciso travar desafios políticos e corporativistas, objetivando modificar o “status quo” do Estado, em prol de uma nova administração pública direcionada para atividades que beneficiem diretamente a sociedade.

A terceirização, com o objetivo de otimizar a gestão, vem contribuir em favor da qualidade, produtividade e redução de custos da máquina pública.

O Estado, como o maior comprador de serviços, estaria, propiciando o surgimento de pequenas e médias empresa que atuariam em serviços terceirizados, desencadeando uma cadeia de ofertas de mão-de-obra e novas empresas para atender esta demanda, culminando com aumento da arrecadação para o Estado.

O Estado imprimiria como princípio básico de terceirização, juntamente com seu fornecedores e parceiros, a qualidade dos serviços prestados, com o desenvolvimento constante da mão-de-obra, tecnologia e métodos de gestão.

Outro fator relevante em favor da terceirização dos serviços pelo Estado, é a necessidade de se ter um planejamento estratégico que defina caminhos de atuação. Poderão ser propostas mudanças organizacionais, nas normas e procedimentos, buscando mudanças de postura e quebra de paradigmas.

Essas mudanças levarão a máquina pública a maior eficiência em beneficio da população em todo o meio empresarial.

SERVIÇOS PÚBLICOS CONTRATADOS SÃO SERVIÇOS TERCEIRIZADOS
A terceirização de serviços realizados pelo Estado pode ser definido como um processo de gestão pelo qual se repassam algumas atividades a terceiros, ficando o Estado contratado nas atividades próprias, indelegáveis.

* CONTROLE DOS SERVIÇOS TERCEIRIZADOS
O controle é feito pelo próprio Estado, através dos tribunais de contas, por exemplo, pois apenas outorgou a execução dos serviços terceirizados.

* EXPERIÊNCIA NO SETOR PÚBLICO COM A TERCEIRIZAÇÃO
– Serviços burocráticos na prefeitura de São Paulo.

– Limpeza pública e coleta de lixo em 80% das cidades com mais de 50.000 habitantes.

– Saneamento básico em cidades do interior de São Paulo.

As atividades terceirizáveis mais comuns que hoje tem sido utilizadas nas empresas estatais e órgãos da administração direta são: microfilmagem, transporte, arquivo moto, desenvolvimento de sistemas, processamento de dados, administração de mão-de-obra, limpeza e conservação, administração de restaurantes, serviços gráficos, projetos especiais, segurança/vigilância, locação de veículos e manutenção geral.
Um dos maiores problemas urbanos da atualidade, o lixo, decorre do desenvolvimento acelerado de nossas cidades. No Brasil, 90 mil toneladas de lixo são gerados por dia e 59% das cidades não possuem destino final para os resíduos. Além disso os depósitos de lixo no país são feitos a céu aberto em 76% dos casos, sendo que 13% apresentam risco de degradação ambiental.

Em outras palavras, o Brasil produz um estádio de futebol do tamanho do Maracanã de lixo por semana. Para recolher tudo isso, prefeituras adotam a terceirização da coleta.

AS VANTAGENS E OS FATORE RESTRITIVOS DA TERCEIRIZAÇÃO
VANTAGENS: desenvolvimento econômico, especialização dos serviços, competitividade, busca de qualidade, controles adequados, aprimoramento do sistema de custeio, esforço de treinamento, e desenvolvimento profissional, diminuição do desperdício, valorização dos talentos humanos, agilidade das decisões, menor custo, maior lucratividade e crescimento.

FATORES RESTRITIVOS: desconhecimento da Alta Administração, resistência e conservadorismo, dificuldade de se encontrar a parceria ideal, risco de coordenação dos contratos, falta de parâmetros de custos internos, custo de demissões, conflito com os Sindicatos, desconhecimento da legislação trabalhista.

Atividade permanente da “tomadora” de serviços
Historicamente, muito se tem debatido a respeito do tema “Terceirização”, tendo se tornado um dos mais controvertidos, em matéria de Direito do Trabalho. Em tempos de globalização da economia, em que as empresas buscam novos mercados, necessitando adaptar-se às regras mundiais de competitividade, a questão da redução dos custos da produção revela-se primordial.

O problema, contudo, diz respeito à intenção, no mais das vezes identificada, de utilização desse expediente, com vistas a fraudar os direitos trabalhistas dos empregados.

Tem-se notícia a respeito de movimentos que se posicionaram contrariamente à intermediação de mão-de-obra, sempre ao argumento de proteger o trabalhador, hipossuficiente na relação, no que se refere às garantias mínimas, legalmente asseguradas.

Ocorre que as empresas buscam, a todo o custo, novas formas de gerenciamento, com vistas ao enxugamento da máquina, de forma a produzir mais com menos recursos. E isto, é lógico, passa pelo problema relativo à redução dos postos de trabalho, de grande conotação social, vindo a refletir, sobremaneira, no Direito Laboral.

A desconcentração do processo produtivo, como forma de otimização da atividade empresarial, é hoje uma realidade inconteste. Repassar as atividades secundárias a empresas especializadas é forma amplamente difundida, concentrando-se a empresa em sua atividade principal. É o que se denomina de “TERCEIRIZAÇÃO”, conhecida, também, por “especialização flexível”.

Um exemplo clássico desse fenômeno é o da indústria automobilística, que passou à condição de montadora, pois os componentes do produto final são produzidos por empresas especializadas.

Podemos identificar duas formas de descentralização do processo produtivo: uma, quando ocorre o repasse de serviços; e outra, na transferência a terceiros da responsabilidade pela produção de produtos. Temos que somente interessa ao Direito do Trabalho a primeira espécie, desde que, na segunda, não haverá o estabelecimento de qualquer vinculação com empregados da empresa contratada, recebendo a contratante o produto acabado, o que caracteriza mero contrato de compra e venda, sem qualquer outra implicação.

A questão, portanto, gira em torno da órbita do fornecimento de serviços.

A intermediação de mão-de-obra, onde o trabalhador vincula-se diretamente com a empresa fornecedora e subordina-se juridicamente à empresa tomadora, ficando patentes quase todos os requisitos da relação de emprego, previstos na CLT, a exceção da contraprestação, que é paga pela primeira, somente é admitida, em nosso país, na hipótese de trabalho temporário, conforme previsto na Lei nº 6.019, de 1974. E não poderia ser diferente, pois, como bem ressaltou o Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello, no Recurso de Revista que originou o Enunciado nº 256, “A relação jurídica mantida entre a locadora de serviços e o contratado tem as características do arrendamento, locação ou aluguel da força de trabalho e reveste-se de ilicitude, pois os homens não podem ser objeto, ainda que velado, deste tipo de contrato, mas somente as coisas”.

Na contratação de serviços específicos, como, por exemplo, nos casos de limpeza, segurança e vigilância, legalmente disciplinados, a subordinação é direta à empresa de prestação de serviços, havendo, apenas, fiscalização por parte do tomador. Da mesma forma, no que diz respeito a serviços ligados à atividade-meio da empresa terceirizante.

Quanto à empreitada, somente será relevante na hipótese de subcontratação dos serviços, quando o art. 455 da CLT estabelece a responsabilidade subsidiária do empreiteiro principal quanto às obrigações trabalhistas relativas aos empregados contratados pelo subempreiteiro.

Temos, atualmente, como orientação, o Enunciado nº 331, editado pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho, que, inclusive, revisou o verbete nº 256, de tendência restritiva, o qual mantém o entendimento no sentido de que a contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário. Admite, ainda, a contratação de serviços de vigilância, conforme previsto na Lei nº 7.102, de 20.06.83, de limpeza e conservação, bem como de serviços especializados, ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistentes a pessoalidade e a subordinação.

Quanto à contratação de serviços específicos, como é o caso dos serviços de vigilância, de conservação e de limpeza, bem como de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, ante a ausência de previsão legal, aquele responde subsidiariamente pelas obrigações do contrato de trabalho firmado com o empregado, em conseqüência, também, da culpa in eligendo e da culpa in vigilando. Isso, no caso de não ficarem caracterizados os requisitos da pessoalidade e da subordinação direta, o que poderá ocasionar o reconhecimento do vínculo diretamente com o tomador dos serviços.

O certo é que o tomador deve, antes de efetivar a contratação da prestadora de serviços, cercar-se dos cuidados necessários, a fim de evitar possíveis contratempos, especificamente no que diz respeito à idoneidade da contratada, havendo-se de manter vigilante em relação à quitação, por parte da mesma, das obrigações decorrentes dos contratos de trabalho mantidos com os empregados que desempenham labor em suas instalações.

De maior complexidade a questão da responsabilidade do Poder Público na contratação de serviços terceirizados.

No caso, não há como sugerir a aplicação do art. 9º da CLT, que estabelece a nulidade dos atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos consolidados, mais favorável ao trabalhador, até porque existe norma de ordem pública, de hierarquia superior, imperativa e proibitiva, dando solução à hipótese, sendo certo que o interesse individual não pode se sobrepor ao interesse público. O próprio art. 8º consolidado, ao dispor sobre a integração normativa, diz, expressamente, que nenhum interesse de classe ou particular pode prevalecer sobre o interesse público.

Impossível, portanto, a aplicação do princípio da norma mais favorável.

Quanto à responsabilidade pelas parcelas decorrentes do trabalho realizado, tenho que, não sendo possível o reconhecimento do vínculo de emprego, não há como se reconhecer o direito de pleitear verbas trabalhistas correspondentes, isto em relação à Administração Pública. Ora, qualquer espécie de indenização deve ser alcançada junto à empresa fornecedora da mão-de-obra ou do serviço. Ao Estado não pode resultar essa responsabilidade, até porque não pode sofrer prejuízos em decorrência da irresponsabilidade do mau administrador, devendo-se, mais uma vez, ressaltar que o interesse público deve prevalecer sobre o interesse individual.

Por fim, no que se refere ao Poder Público, mesmo em caso de contratação irregular, o vínculo de emprego se mantém com a fornecedora, não havendo que se falar em responsabilidade solidária ou subsidiária do Estado.

Problemas com Terceirização
A experiência anterior nas empresas de mercado, tanto no Brasil como no exterior, tem demonstrado que a maioria dos processos de terceirização que fracassa tem uma combinação das seguintes características :
* abordagem fortemente centrada em redução de custos

* visão de curto prazo na expectativa de resultados

* falta de atenção adequada aos impactos na cultura organizacional

* opções tecnológicas casuísticas e precipitadas

* falta de planejamento de longo prazo para os projetos de transformação tecnológica

* transformações apenas superficiais na operação do negócio

* contratos pouco detalhados ou incompletos

* falta de previsão de controles, de ambas as partes, para acompanhamento dos projetos

* falta de uma visão realmente de parceria entre as partes contratantes

* terceirização de atividades estratégicas com perda de espaço para a concorrência

* ausência de mecanismos eficazes para transferência de tecnologia

* inexistência de padrões de prestação de serviço

* falta de controle de qualidade sistemático

As características enunciadas foram observadas em diversas empresas, em diferentes graus de organização e sofisticação tecnológica do ambiente de Informática. As recomendações contidas neste artigo visam, justamente, minimizar os riscos de fracasso, e otimizar a aplicação dos recursos, dos processos de terceirização.

Às vezes estamos utilizando a garantia de um produto sem saber que este terceirizado, como neste artigo:

Serviço ‘autorizado’ é feito por terceiros
Muitas concessionárias terceirizaram tarefas antes feitas por pessoal treinado na fábrica

LÚCIA CAMARGO NUNES

Poucos motoristas sabem, mas deixar o carro para conserto numa revendedora autorizada nem sempre significa que o trabalho será feito por funcionários treinados na fábrica. Grande parte dos serviços prestados nas concessionárias é feita atualmente por outras empresas: de uma simples lavagem até a cristalização da pintura, de reparos na funilaria até a instalação de som e revestimento de couro nos bancos, muita coisa passou a ser realizada por terceiros em revendas autorizadas.

Como em muitos outros setores da economia, a terceirização virou recurso freqüente nas autorizadas para fugir do custo da mão-de-obra e seus encargos. E o resultado para o dono do carro nem sempre é bom, como alertam até mesmo alguns concessionários.

A revenda GM Trans Am adotou a terceirização na funilaria, pintura, lavagem e instalação de acessórios. Todos os serviços, de acordo com o diretor da concessionária, Mauri Missaglia, são realizados dentro da própria revenda e sob sua total responsabilidade. “A terceirização desses serviços diminui nossos custos, mantendo a qualidade”, afirma Mauri.

Essa opinião, contudo, não é compartilhada por João Peixe, diretor de outra revenda GM, a Guaporé. Peixe acredita que essa prática, em áreas fundamentais da oficina, como funilaria e pintura, implica em queda na qualidade. “É comum recebermos reclamações de clientes que vêm de outras concessionárias que possuem atividades terceirizadas”, comenta. Segundo Peixe, seus funcionários são treinados diretamente pela montadora, o que rende maior eficiência e garante atendimento melhor ao consumidor. “Optamos por não terceirizar porque já temos indícios de que a relação custo/benefício não compensa.”

Acessórios – Peixe defende, entretanto, a terceirização para a instalação de alguns tipos de acessórios, como vidros e travas elétricos, alarme e som. “Nesse caso, a concessionária consegue oferecer equipamentos de ponta, mão-de-obra especializada e preços reduzidos”, explica o diretor. “Contrato os melhores especialistas do mercado.”

Já a concessionária Fiat Breda fez uma opção diferente, ao oferecer lavagem e funilaria terceirizados, e não a venda e instalação de acessórios. O gerente de marketing Fábio César dos Santos não vê problemas em contratar uma empresa conceituada, visando diminuir custos operacionais com funcionários, desde que com o compromisso da manter a qualidade.

Naul Ozi, diretor da revenda VW Sopave, que possui cinco lojas em São Paulo, evita trabalhar com serviços terceirizados porque não acredita que isso reduza custos. “A concessionária deixa de ganhar quando coloca intermediários”, argumenta.

A opção de terceirizar ou não faz parte da política de cada concessionária. Mas até que ponto isso pode afetar o consumidor? Para Márcio Salles, técnico do Procon na área de serviços, o mais importante é o estabelecimento informar ao seu cliente de que maneira aquele serviço será executado. “Quando o consumidor escolhe uma concessionária, ele confia seu bem a uma empresa pela grife”, explica Salles. “Todo serviço prestado por outra empresa precisa ser informado, mesmo se ele for executado dentro da concessionária.”

Nem sempre é isso que acontece na prática. Mesmo assim, qualquer responsabilidade sobre o serviço recai sobre a autorizada, segundo o Procon.

Informatização
A informatização generalizada de todas as atividades humanas trouxe à discussão, desde a década de 1970, questões referentes a dois temas importantes: a violação de privacidade e o desemprego causado pela automação dos processos industriais. Não obstante, a mesma revolução tecnológica que causou o desemprego exige paralelamente a incorporação ao mercado de trabalho de mão-de-obra cada vez mais especializada. A criação de grandes bancos de dados, públicos ou privados, onde podem ser armazenadas informações sobre os cidadãos de um país, levou vários governos a regulamentar o acesso a esse tipo de informação, para proteger o direito das pessoas à privacidade.

Os campeões da automação
Pesquisa de Informática Exame mostra quais são as empresas mais informatizadas do Brasil, quanto elas investem em tecnologia e quais são seus planos de expansão

Embora situado em patamares inferiores ao de muitos outros países, o grau de utilização da informática no Brasil não pode mais ser considerado apenas incipiente. Nos últimos cinco anos, registrou-se um autêntico salto na presença da tecnologia digital nas empresas. Para avaliar esse fenômeno mais de perto, Informática Exame está publicando a primeira edição da pesquisa Os Maiores Usuários, que se destina a revelar as empresas que estão utilizando mais intensamente a tecnologia da informação. Também está entre os objetivos do estudo antecipar tendências de mercado, identificando as áreas tecnológicas nas quais esses usuários pesos pesados planejam investir nos próximos meses. A julgar pelos dados da pesquisa, o volume de investimentos em informática nas grandes corporações atingiu cifras impressionantes em 1995 e este ano deverá continuar em expansão. Das 45 empresas que responderam ao questionário de INFORMÁTICA EXAME, 28 delas planejam pelo menos manter o mesmo volume de aplicações em tecnologia digital. Mesmo aquelas que pretendem investir menos que no ano passado mostram-se muito atentas à relação entre uso de informática e competitividade.

As empresas vêem na tecnologia uma ferramenta para ajudá-las a conquistar vantagens competitivas

Os números encontrados por INFORMÁTICA EXAME são coerentes com os resultados de um recente estudo da Andersen Consulting. Baseado no universo das 500 maiores empresas privadas e estatais do país, além dos cinqüenta maiores bancos e outras instituições financeiras, o trabalho da Andersen mostra que, em 1995, 72% das empresas que responderam à pesquisa aumentaram seus investimentos em informática em relação ao ano anterior. Além disso, 63% delas continuarão a expandir suas aplicações este ano. Na análise por área de atividade, os bancos representam o setor que mais investiu em 1995, com 3,7% das receitas destinadas à informática. A indústria vem em seguida, com um índice de 0,9%, enquanto o comércio aplicou, em 1995, 0,6% de seu faturamento.

O primado do setor financeiro revela-se claramente no levantamento de INFORMÁTICA EXAME. O Bradesco, maior banco privado do país, é também, de longe, o maior usuário de informática. Com um parque instalado de 35 000 micros e seis mainframes, esse gigante financeiro investiu 181,6 milhões de reais em 1995 em recursos de tecnologia da informação. O segundo lugar pertence à Petrobras. A estatal do petróleo trabalha com dez computadores de grande porte, além de 23 262 micros, dos quais 18 600 ligados em rede.

No ano passado, a empresa investiu 136 milhões de dólares em informática e telecomunicações. Essa cifra refere-se apenas a novos investimentos. Não inclui, portanto, os custos operacionais do setor, que somaram 374 milhões de dólares no ano passado. Só à área de informática (excluindo telecomunicações) foram destinados 254 milhões de dólares, dos quais 111 milhões referentes a novos investimentos. Usuária intensiva de alta tecnologia, a Petrobras dedicou, à informática e às telecomunicações, 1,8% de seu faturamento, que alcançou 20,1 bilhões de reais em 1995. Segundo José Carlos de Ávila Betencourt, superintendente de recursos da informação, o órgão central de informática, Serinf, é responsável por cerca de 40% da capacidade de processamento

da Petrobras. Outros 43% estão voltados para a atividade de exploração e produção de petróleo, enquanto os 17% restantes são utilizados pelos setores industrial, de engenharia e de transporte. Com o atual nível de informatização, a Petrobras já alcançou a relação de 1,99 empregado por terminal.

Mais da metade dos 1 969 profissionais de informática da Petrobras trabalha no Serinf, que controla os dois principais CPD da empresa, um no Rio de Janeiro e o outro em São Paulo. As áreas de exploração e produção de petróleo utilizam até supercomputadores — equipamentos ultra-rápidos especializados em cálculo científico. Em julho do ano passado, a Petrobras implantou um sistema de correio eletrônico interno que permite a troca de mensagens entre funcionários localizados em diferentes áreas geográficas. Hoje, dos cerca de 46 000 empregados, 42 000 já estão cadastrados nesse sistema. Segundo Betencourt, 80 000 documentos trafegaram pelo correio eletrônico em 1995. Para ele, os ganhos já saltam à vista. “O sistema é flexível porque, mesmo viajando, pode-se ter acesso à caixa postal e responder às mensagens de qualquer ponto do país”, diz ele. “Outra vantagem é que, numa única comunicação, atinge-se todos os envolvidos.”

A Petrobras também não está imune às principais mudanças na administração interna e no uso da tecnologia. Grande parcela dos investimentos feitos no ano passado voltou-se para a efetivação de um processo de downsizing, basicamente buscando tornar viável o processamento de aplicações em máquinas menores ligadas em rede. Esse projeto, ainda em andamento, está sendo conduzido em paralelo com outro, iniciado em 1993, com vista à consolidação dos CPD. O objetivo é reduzir os 33 centros de processamento para somente quatro, dois corporativos e dois científicos.

COMO FOI FEITA A PESQUISA
Para organizar a pesquisa Os Maiores Usuários, INFORMÁTICA EXAME recorreu à lista das maiores empresas do país e de lá destacou 84 nomes de diferentes setores. Foram 51 empresas privadas e dezoito estatais, além de quinze bancos e outras instituições financeiras. A todas essas empresas a revista enviou questionários. Quarenta e cinco delas responderam, fornecendo as informações que deram origem ao ranking mostrado na próxima página. Neste primeiro ano da pesquisa, o critério que mais pesou foi o parque instalado de equipamentos. Nos próximos anos a seleção deverá ser diferente, envolvendo outros indicadores, como a porcentagem da receita dedicada a investimentos em tecnologia da informação. Como nem todas as empresas retornaram o questionário, é possível que algumas das ausentes tivessem lugar de destaque no ranking.

PONTOS DE ACESSO
Satisfeito, Betencourt revela que, até agora, a iniciativa já proporcionou economia da ordem de 10 milhões de dólares. Rapidamente os micros ligados em rede vão tomando conta da malha de processamento da empresa. Em 1990 a Petrobrás contava 6 958 pontos de acesso ao sistema, metade formada por micros e metade por terminais burros. Já no final de 1994 somente 5% eram terminais.

Como uma comprovação do primado do setor financeiro como consumidor de informática, as posições dos números de 3 a 7 no ranking de grandes usuários são todas ocupadas por bancos. O terceiro posto pertence ao Itaú, que reúne em seu parque de máquinas 18 500 micros e nove mainframes. Logo depois vem o Banco do Brasil, com 15 000 PC e três computadores de grande porte. A sexta posição pertence ao Bamerindus, com quatro mainframes e 13 657 micros. Da lista das empresas que responderam ao questionário de INFORMÁTICA EXAME, esses bancos, ao lado do Bradesco e da Petrobrás, formam um quinteto especial. São eles as únicas organizações que possuem mais de 10 000 micros. Entre as empresas que trabalham com um acervo de 2 000 micros, encontra-se a Volkswagen do Brasil (número 16), que tem ainda dois mainframes. Com o fim da Autolatina e sua separação da Ford, a Volks precisou adquirir novos equipamentos e software para manter sua estrutura. Assim, parte dos investimentos que realizou em 1995 foi destinada a esse fim. Depois da cisão, a Volks ficou com o maior CPD do consórcio, cuja fatia correspondia a 70% dos equipamentos e programas. Segundo Edgar Renzo Fabbrini, gerente de terceirização e administração de contas, a empresa está apostando no emprego de tecnologia como estratégia de aproximação com os clientes. Para isso investiu no ano passado — e pretende repetir a dose este ano — em sistemas para os setores de vendas e operações de crédito. Fabbrini cita um exemplo dessas aplicações. No segundo semestre de 1995, durante uma campanha para a comercialização de carros importados, cinqüenta postos de venda foram instalados em locais de grande fluxo de pessoas, como shopping centers. Esses quiosques eram dotados de terminais ligados a um mainframe IBM instalado na fábrica da Volks. Isso permitia aos vendedores acessar um cadastro geral com os preços e modelos de carros disponíveis. “Com isso, era possível fazer a reserva do automóvel e fechar a venda no próprio local”, diz Fabbrini.

CATÁLOGO ELETRÔNICO
Desde que se separou da Ford, a Volkswagen deu início a um processo de downsizing em suas unidades. Uma ação de destaque nesse sentido ocorreu na área de CAD/CAM. Nela, 56 equipamentos ligados a um mainframe foram substituídos por workstations Unix. “Com isso, ganhamos maior independência de trabalho e aumentamos a produtividade”, afirma Fabbrini. A aplicação mais interessante da empresa está sendo feita em multimídia. Para montar um catálogo eletrônico de produtos, foi implantada uma estrutura interna, com máquinas e profissionais especializados. O resultado do trabalho, um CD-ROM chamado Catálogo Eletrônico de Produtos Volkswagen, será distribuído às revendas a partir de 1o de junho.

Por motivos estratégicos, a Volks preferiu montar um esquema interno, em lugar de terceirizar a elaboração do catálogo. Fabbrini explica que uma das razões é a manutenção de sigilo em torno de produtos. Outra é o próprio dinamismo da linha de produtos, que levará o conteúdo do CD a mudar freqüentemente. Dessa forma, uma equipe interna poderá acompanhar melhor as modificações.

O próximo passo do projeto é a criação de duas outras versões do catálogo: uma para quiosques e a outra para o ambiente doméstico. A primeira rodará em terminais instalados em lugares como shopping centers e exposições. O usuário poderá escolher os produtos do catálogo e a revenda onde efetivará a compra, deixando seu nome, endereço e telefone para contato posterior. Já a “versão lar”, como é chamada na Volks, permitirá que o consumidor dono de micro multimídia faça consultas dentro de casa. Depois, ele pode mandar uma mensagem via Internet para a Volks, que a repassará a uma revenda. Atualmente a Volks mantém uma página na Internet apenas com informações institucionais. Mas seu plano, ainda sem data definida, é incorporar serviços de atendimento ao cliente. Assim como a montadora de veículos, muitas companhias pesquisadas colocam a Internet como uma de suas prioridades para 1996. Isso é um sinal de que as empresas estão de olhos abertos para novidades tecnológicas que podem trazer vantagens competitivas.

Opinião de Tânia Fátima Calvi Tait
Professora do Departamento de Informática da Universidade Estadual de Maringá
Mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal de São Carlos – São Paulo

INTRODUÇÃO
Torna-se interessante a abrangência da discussão da ética, na área de informática, dada a própria dimensão de inserção da área em todos os setores da sociedade e na vida privada, onde o computador alcança a todos: crianças, adultos, usuários de bancos, hotéis, farmácias, locadoras de vídeo etc., não ficando mais restrita ao desenvolvimento das atividades nas organizações e nem a especialistas. A promoção de todo esse avanço da informática e a colocação de toda essa gama de serviços à disposição dos usuários é realizada por profissionais da área, cada vez mais qualificados para enfrentar novos desafios e as novas aplicações da informática.

No entanto, não existe para estes profissionais um código de ética, como nas demais profissões, que regulamente as atividades dos que fazem uso do computador.

A própria discussão ética da introdução do computador na sociedade está incipiente e restrita a poucos grupos.

Assim, ao se pensar no uso da tecnologia como promoção do bem- comum e do ser humano, é necessário refletir a informática e sua vinculação à questão ética.

Nesse sentido, uma abordagem preliminar sobre ética, envolvendo sua própria definição e a forma como é encarada na sociedade atual, contribui para o entendimento dessa vinculação entre ética e informática.

ÉTICA E INFORMÁTICA
Inicialmente, vinculado a salas fechadas e considerado “monstro”, que realizava cálculos de forma mais rápida e eficiente, o computador passou a ter um uso corriqueiro, se comparado ao mistério que o envolvia.

E, agora, esta máquina, que modificou comportamentos e procedimentos de trabalho, está totalmente ligada à vida e ao trabalho das pessoas, sem que houvesse preparo e controle de sua abrangência.

Assim, é interessante vincular a discussão de ética e informática aos três campos básicos de atuação dos indivíduos: público, profissional e privado ou pessoal.

ÉTICA PROFISSIONAL NA INFORMÁTICA
Na questão profissional, os problemas mais prementes com os quais os profissionais da área se vêem envolvidos são: a influência do computador na vida das pessoas, o direito autoral dos sistemas e programas e a pirataria de software.

A introdução do computador nas empresas, agilizando o processo de execução das atividades e proporcionando maior segurança e veracidade às informações, acabou por ocasionar a demissão de pessoas que não eram consideradas necessárias devido às mudanças de procedimentos e rotinas de trabalho. Aquela doce utopia de que a máquina liberaria o ser humano para que pudesse se desenvolver em outras atividades, como lazer, cultura, estudos… não se concretiza na realidade. Na prática, pode ser observado que o computador reduziu drasticamente o tempo de execução das atividades, é usado como suporte inclusive para os negócios das empresas, mas não houve preocupação, por parte das empresas nem da sociedade, em geral, com os fatores humanos envolvidos.

No caso de demissão de funcionários pelo desenvolvimento de novas aplicações, como fica a questão ética? O profissional de informática tem noção do que o sistema que desenvolve pode acarretar? Se tiver esta noção, o profissional tem a preocupação em reciclar os potenciais funcionários demitidos para novas funções? Ou deixa a situação acontecer sem interferir?

Com relação ao direito autoral dos sistemas e programas e a pirataria do software existe muita controvérsia. Há os que defendem a pirataria, pautados na justificativa do preço dos produtos de software que são inacessíveis para o conjunto da população, que já possui microcomputadores em suas residências, conforme cita Meirelles.

Ao discutir ética e informática, o professor Paulo Masiero, discorre sobre a necessidade de um código de ética para a área de informática e sobre o trabalho desenvolvido pelo mesmo junto aos alunos. Ao apresentar os códigos de ética das áreas de engenharia civil e contabilidade, traz à tona a necessidade de um código de ética para a área de informática, enfocando aspectos como a influência do computador na vida das pessoas, o comportamento dentro do local de trabalho, a relação com aspectos de segurança e privacidade das informações e a própria promoção do bem- comum e do ser humano pelo exercício das profissões.

Mesmo sem a existência de um código de ética específico para os profissionais de informática (chamados assim os analistas, programadores, engenheiros de software, analistas de suporte, administradores de bancos de dados, entre outros envolvidos com a área), existem alguns aspectos que devem incorporar ao sistemas desenvolvidos: o acesso dos usuários ao computador, com telas de fácil manuseio e entendimento; o bem-estar nos locais de trabalho pelo adequado treinamento e reciclagem dos funcionários; o controle e acesso de informações realizados de forma adequada; o envolvimento do fator humano no desenvolvimento de sistemas por computador; a noção de bem comum com o uso do computador; a noção das modificações ocasionadas por novos sistemas e novas tecnologias na sociedade.

Não se pode deixar de colocar nesta discussão a questão da regulamentação da profissão na área, que gera também muita controvérsia e coloca uma espécie de camisa-de-força nos profissionais, implicando falta de piso salarial, não – determinação de jornada de trabalho e entrada de profissionais que não realizaram cursos de computação ou processamento de dados e estrutura sindical diferenciada para profissionais de informática, que são vinculados a empresas prestadoras de serviços na área e a empresas de outros ramos de atividade que possuem setores de informática. Nesta questão específica, os profissionais vinculados às empresas prestadoras de serviços são organizados em sindicatos de processamento de dados e os demais profissionais permanecem vinculados aos sindicatos do ramo de atividade da empresa.

A área de informática não está isenta das modificações pelas quais as organizações estão passando com relação a processos como downsizing, terceirização e reengenharia. Também, a área não está fora da “onda de modernidade”. Estas modificações colocam novos desafios aos profissionais da área, dados os deslocamentos físicos e de atividades, ocorridos com a implantação de redes e a conseqüente descentralização de serviços. Inclusive, ocorre o surgimento de novos serviços e campos de atuação profissional.

A informatização também gera um entrave. Muitas empresas se recusam a treinar funcionários, e resolvem contatar aqueles já formados em outras empresas. Isso ocorre da seguinte maneira: uma empresa possui as melhores máquinas, os melhores programas mas lhe falta mão de obra especializada para operar esses equipamentos. Essa empresa passa a treinar funcionários e quando esses já estão formados, outra empresa faz uma oferta melhor, seja de cargo ou salário e literalmente rouba esses funcionários. Somente contratos pré – estabelecidos podem impedir esse tipo de ação, porém nada garante que no término do contrato esse funcionário se mantenha nessa mesma empresa.

INFORMATIZAÇÃO NA VIDA PRIVADA
Quando se fala em computador, na vida privada, entram em questão as modificações advindas com a introdução do computador nas residências das pessoas.

É inegável a existência de vantagens de realização do trabalho em casa, como: evitar o trânsito pesado nas grandes cidades, maior tranqüilidade e concentração, flexibilidade de horário, entre outros.

Trata-se de uma máquina, acompanhada de um conjunto de programas e sistemas (em sua maioria “pirateados”), capaz de proporcionar diversão, trabalho e mudanças comportamentais.

No entanto, questões como a produtividade e a tranqüilidade do trabalho, em casa, chocam-se com questões relativas ao envolvimento familiar e o controle de horas-extras de trabalho. Não se trata de um problema tão simples, já que envolve legislação trabalhista. Serviços prestados em nível de terceirização, muitas vezes realizados em casa, não esbarram na questão trabalhista como no caso de funcionários, mas sofrem os mesmos reflexos no tocante a envolvimento pessoal.

Assim, neste aspecto, “privado”, devem ser observados a correta dimensão do trabalho e os reflexos trazidos à estrutura psicológica familiar e pessoal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, em cada área de aplicação transformada pela introdução do computador, são colocados questionamentos sobre a adequação à vida das pessoas, a licitude dessa influência, o comportamento dos profissionais e o controle da informação.

É estimulante perceber a preocupação existente em torno da discussão ética da informática, fortalecida a cada nova área de aplicação do computador, e o esforço de colocar essa discussão em congressos, universidades, sindicatos etc.

No entanto, todos os aspectos levantados, aqui, são polêmicos e não existe ainda um consenso entre os próprios profissionais da área.

O que existe é um cenário que mostra claramente a necessidade de uma discussão, em profundidade, de todos os aspectos inerentes à informática, para que o ser humano desenvolva melhor suas potencialidades, pautados no respeito à vida. Vida entendida no sentido integral, ligando ser humano e natureza.

Sistema bancário
O funcionamento do sistema bancário nacional se dá mediante operações de redesconto, controle da liquidez e das reservas do tesouro, fixação de tetos para a concessão de créditos etc. Desde fins da década de 1970, ocorreram mudanças revolucionárias nos mercados financeiros internacionais, devido à maior disponibilidade de informações e à rapidez com que estas chegavam aos investidores.

Aumentou a participação de novos intermediários financeiros e, assim, os bancos viram diminuir o espaço econômico que tradicionalmente lhes era reservado. A informatização veio permitir uma grande rapidez nas operações de pagamento, cobrança e investimentos entre os pontos mais distantes do planeta e anulou, em parte, as vantagens tradicionais de uma grande rede bancária.

Para muitas pessoas a informatização trata-se de um processo de modernização, encurtamento de distâncias, ganho de tempo. Nessa crítica, Hugo de Brito Machado critica essa visão:
“Informatização
Para que serve a informatização dos serviços na Receita Federal ?

Pura e simplesmente para complicar, excluindo-se dos servidores a responsabilidade pelas complicações. A culpa é sempre do computador. Ou do sistema . Ninguém pode informar nada. Certificar, muito menos. Consulta-se o sistema, e as respostas são apenas verbais. Se ocorre erro, de qualquer natureza, a impedir o deferimento de qualquer pedido do contribuinte, cabe a este o ônus de demonstrar a ocorrência do erro, de comprovar que não está devendo, que não deixou de cumprir nenhum de seus deveres. E para isto tem de enfrentar filas quilométricas, que já não são peculiaridades das repartições do INSS, mas também rotina de quem freqüenta a Receita Federal.

É neste clima que se pretende educar o contribuinte, criando neste o espírito público, a mentalidade de cidadão, e assim melhorar o nível de cumprimento espontâneo dos deveres tributários. Na verdade, porém, só se faz aumentar a cada dia a resistência do contribuinte, que com toda razão se sente injustiçado e oprimido, diante de um Estado que dele tudo exige, e nada lhe oferece. Nem escola, nem hospitais, nem estradas, nem segurança, nem nada. Só burocracia. E arbítrio.
Hugo de Brito Machado
Professor Titular de Direito Tributário da UFC
Presidente do Instituto Cearense de Estudos Tributários
Juiz aposentado do Tribunal Regional Federal da 5a Região

Conclusões sobre Terceirização, Informatização e Problemas Urbanos
A terceirização consiste na delegação de serviços que não são ligados a atividade fim da empresa. Esses serviços são exercidos por empresas contratadas e especializadas nos seus respectivos ramos. Nos dias de hoje cada vez mais empresas terceirizam serviços, tais como: segurança, limpeza, transporte de funcionários e clientes, publicidade, etc.

A terceirização se estende a novos horizontes, como a indústria automobilística que muitas vezes terceiriza a produção de peças. Nesse processo passa a ocorrer e a terceirização de áreas ligadas a atividade – fim.

Se tratando de serviços público a grande maioria das cidades com população acima de 50.000 habitantes terceiriza a coleta de lixo, serviços burocráticos, saneamento de cidades do interior paulista, limpeza pública, entre outros.

Os principais pontos positivos da terceirização são ligados a diminuição de custos e diminuição da burocracia dentro da empresa, pois muitos cargos que apenas complicava o andamento das coisas são extintos. Além disso, com a especialização ocorre uma melhoria da qualidade dos serviços. Porém esse processo deve ser efetuado de maneira gradual e organizada.

Um dos pontos negativos ocorre a partir da distorção de um dos pontos positivos, a redução de custos. O raciocínio é o seguinte: uma empresa quer a redução de custos de todas as maneiras. Portanto essa empresa contrata o serviço mais barato, muitas vezes não fiscalizado por funcionários da empresa e por isso de má qualidade. Dessa maneira o retorno não é o desejado. Outros pontos negativos são a falta de controle do contratante sobre o serviço contratado, como já mencionado; falta de padrões e a busca de resultados em períodos muito curtos, algo que raramente acontece, pois contando os gastos e a transição o tempo para o retorno do investimento é maior.

Portanto para que a terceirização possa dar bons resultados ela deve ser gradual e principalmente com um contrato que exclua os vínculos empregatícios do contratante com os funcionários da contratada.

A informatização ocorre com o intuito de facilitar as coisas. A manutenção de grandes arquivos, realização de tarefas repetitivas ou trabalhosas, maior segurança nas operações, agilização das atividades e ganho de tempo são os pontos positivos chave do processo de informatização, seja ele qual for. Todos sabem que com a Informática, tarefas que necessitavam de dias podem ser feitas em segundos; pela comunicação, um documento que demoraria no mínimo um dia para chegar ao destinatário chega em minutos.

Dentre as empresas mais informatizadas no Brasil, em 1996, se encontram em sua maioria supermercados, bancos e distribuidores de energia. Os dois primeiros utilizam a tecnologia no atendimento ao cliente e em suas próprias ações internas, enquanto o último utiliza para operar o sistema de distribuição. Pela tabela pode-se perceber que a Informática é utilizada em diversas áreas.

Muitos são os pontos positivos da Informatização, porém na mesma medida estão os pontos negativos, que geram muitas controvérsias. Um deles é a ética na Informática. Uma pessoa pode comprar com dinheiro tudo que for proibido e passar desapercebida, mas se uma pessoa usa o cartão de crédito, não importa o que ela tenha comprado fica registrado. Ligações telefônicas, operações bancárias podem vir ao conhecimento de todos. E o pior de tudo, sem que muitas vezes a pessoa saiba. A ética muitas vezes é deixada de lado frente ao jogo de interesses. Temos o nosso próprio Senado como prova!

Muitos outros problemas estão relacionados a Informatização, tais como: desemprego, o principal e mais controverso. Uma máquina pode substituir dezenas, ou até centenas de empregados. Exclusão social causada pela tecnologia. Uma pessoa que mal sabe ler ou escrever e que nem tem onde morar não usufrui do auto atendimento bancário ou da registradora automática no supermercado.

Outro problema é a falta de treinamento de mão de obra para operar as máquinas, pois custa menos literalmente roubar o funcionário mais capacitado de outra empresa. Também há o problema das relações de trabalho. Um funcionário passa a trabalhar em casa. E então? Receberá horas extras ou sequer cumpriu todo o expediente?

Através de tudo isso entendemos que a Informatização é um processo da tal revolução digital, que tanto promete o futuro e suas maravilhas, porém que contrasta com a realidade, que gera desemprego e uma série de outras conseqüências.

Os problemas urbanos que estão relacionados a Terceirização e a Informatização são vários, dentre os quais merecem destaque: o desemprego, que é gerado pelos dois processos. Porém o choque da Terceirização pode ser menor, pois os funcionários podem ser remanejados para outras funções ou até mesmo serem contratados pela própria empresa contratada. Com a Informatização o choque é maior pois uma máquina substitui vários homens. Restarão apenas aqueles que estiverem aptos a manejá-las. E o pior é que aqueles que não sabem não arrumarão emprego em outra empresa informatizada.

A exclusão social vem através da exclusão que o pobre sofre em relação a Informatização. Ele não sabe e nem aprenderá pois não tem chances para isso. A energia elétrica é um problema atual, embora que pudesse ser previsto a anos. O brasileiro sempre foi incentivado a comprar eletrodomésticos. Em seguida vieram os computadores. Hoje, a loja, a multinacional, a família de classe média e o laboratório utilizam computadores. Agora são obrigados a diminuir o consumo estarem sujeitos a cortes. Para um servidor ou um laboratório um minuto de “apagão” gera prejuízos incalculáveis.

O desemprego causado pela Informatização e a Terceirização atingem outros fatores. Com a Informatização no campo, na colheita, por exemplo uma massa muito grande de trabalhadores perdem o emprego. Estes vão para as cidades em busca de uma oportunidade melhor. Nos dias de hoje é muito comum desembarcar em São Paulo centenas de imigrantes. Estes se depararão com uma situação de falta de emprego e de especialização e acaba indo para a favela, para rua ou cortiço, o que seja. Ocorre assim uma povoação desordenada das cidades, outro problema urbano. Estes são os problemas relacionados a moradia, um dos mais graves problemas urbanos.

Nas grandes cidades a administração é complicada.

Visando uma melhoria, muitos serviços são terceirizados, como a coleta de lixo e limpeza. Muitas vezes o serviço acaba piorando, graças a falta de fiscalização, contratos cheios de falhas, interesses políticos, superfaturamento, desvio de verbas, entre outras coisas. Por esses motivos a terceirização de serviços públicos, muitas vezes, “vai pelo ralo”. O serviço caba sendo mal feito, como no caso do metrô de São Paulo, em que a manutenção é terceirizada e o perigo em alguns pontos dos trilhos colocam em risco diariamente milhares de pessoas. A informatização dos serviços públicos tem o intuito de agilizar o processo, acabar com a burocracia. Para outras não é nada disso, ela veio para aumentar a burocracia e a demora. A culpa sempre é do computador, da Internet, do site, da máquina. Nunca do governo ou da pessoa.

O que se pode dizer é que a Informatização e a Terceirização são processos que estão ocorrendo. Para muitos parecem distantes, mas basta lembrá-los que podemos sentir seus efeitos na pele, ou melhor, nos problemas urbanos que todos enfrentamos.

Bibliografia
Livros
MAGNOLI, D. e SCALZARETTO, R. A nova Geografia – a diversidade regional brasileira. Volume 2. São Paulo, Editora Moderna, 1993
VESENTINI, J. W. Brasil – Sociedade e Espaço. São Paulo, Editora Ática, 1990

Sites
http://www.geocities.com/WallStreet/Market/4702/textos/terceiriz.html
http://www.trt13.gov.br/revista/6andre.htm
http://www.informal.com.br/artigos/art018.htm
http://www2.uol.com.br/info/arquivo/ie122/capa1.html
http://www2.uol.com.br/info/arquivo/ie122/tabela.html
http://www.hugomachado.adv.br/artigos/rfba.html
http://www.eafc-pa.gov.br/reciclagem.html

Revista
Revista Universidade e Sociedade, Ano 12, Número 16, Setembro/97 (pág. 29 a 32).

CD- ROM
Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Referentes ao texto de Tania Fatima Calvi sobre Informática

Breton, Philippe. História da Informática. Tradução de Elcio Fernandes. Ed. Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 1991.

CNBB, Documentos daÉtica: Pessoa e sociedade. Edições Paulinas, 2.ed., São Paulo, 1993.

Masiero, Paulo Cesar. Ética para profissionais em Computação. Notas Didáticas do ICMSC. São Carlos, julho/1994.

Meirelles, Fernando de Souza. Informática-Novas aplicações com microcomputadores. Ed. Makron Books, 2.ed., São Paulo, 1994.

Revista Veja. O Computador – o micro chega às casas. A mulher procura seu espaço com a nova tecnologia. Editora Abril, Edição especial, dezembro/1995.

Tait, Tania Fatima Calvi. Reflexões sobre Ética e Informática.Caderno do I Seminário de Pesquisa em Informática. Departamento de Informática – UEM, 1995

Valls, Álvaro L. M. O que é ética. Editora Brasiliense, 6. ed., São Paulo, 1993.

Weill, Pierre. Organizações e tecnologias para o terceiro milênio: a nova cultura organizacional holística. Ed. Rosa dos Ventos, 2. ed, 1992.