Geografia

Por que o Reino Unido quis sair da União Europeia?

Houve neste dia 24 de Junho de 2016 uma decisão histórica: o Reino Unido decidiu sair da União Europeia. Isso deixou muitas pessoas confusas, sem entender o motivo de isso realmente acontecer. Essa decisão tem um potencial bastante intenso para modificar o rumo da geopolítica mundial nas décadas que seguem, tendo sido vitoriosa com uma diferença de mais de 1,2 milhões de votos de diferença.

O que é a União Europeia?

Trata-se de uma união econômica e política que foi criada logo após a 2ª Guerra Mundial, funcionando como um mercado único e com livre circulação de pessoas, capitais, bens e serviços. O Reino Unido passou a fazer parte da União Europeia em Janeiro de 1973, mas não faz parte da Zona do Euro, não tendo, portanto, o euro como moeda oficial. Nenhum país, até o dia de hoje, deixou a União Europeia, mas no ano de 1975 houve algo bastante semelhante, mas a vantagem foi da permanência, com 67% dos votos.

Há, após a saída, uma preocupação de que outros países comecem a organizar consultas similares, o que pode ser confirmado por Marine Le Pen, da extrema-direita francesa, que afirmou ter o desejo de que cada país tenha uma votação popular sobre a permanência ou não na União Europeia. Geert Wilders, chefe do Partido da Liberdade e membro do Parlamento, da Holanda, escreveu “Agora é a nossa vez! Hora de um referendo holandês! #ByeByeEU”.

Os líderes dos países da UE manifestaram abertamente o desejo de permanência do Reino Unido no bloco, mas a decisão foi contrária. Até então, o Reino Unido contava com 73 lugares no Parlamento Europeu e, assim como outros países do bloco, fez contribuições financeiras à União Europeia.

Por que o Reino Unido quis sair?

David Cameron, primeiro-ministro, foi o responsável pela convocação deste referendo, apesar de se posicionar a favor da permanência, além de alertar o Reino Unido quanto ao risco de deixar a União Europeia. Em entrevista ao The Times, no sábado, dia 18 de junho, afirmou que se sentia responsável por realizar essa convocação, uma vez que prometeu, caso eleito, realizá-las. David Cameron renunciou após a decisão, e ainda não se sabe quem será o sucessor. O processo de saída terá um prazo de no máximo dois anos para acontecer, e será negociado com os membros do bloco.

Um dos principais argumentos britânicos para a saída do bloco, é que o Reino Unido contribui mais do que recebe em recursos. A soma total da contribuição britânica com a União Europeia é maior do que os gastos que o bloco tem com o Reino Unido, o que pode ser confirmado com dados da própria União Europeia. No ano de 2014, o Reino Unido teve uma contribuição de € 11,3 milhões, algo em torno de 0,52% de seu rendimento nacional bruto, mas as despesas do bloco com os britânicos foi de € 6,9 milhões, cerca de 0,32% do rendimento bruto.

Esse desequilíbrio monetário, segundo o professor Otto Nogami, do MBA do Insper, trouxe prejuízos por ter mais saída de dinheiro do que entrada, causando uma inflação maior. Segundo o professor Marcus Vinicius de Freitas, do curso de Relações Internacionais da FAAP, o desejo de reorganizar a economia é um dos fatores que motiva os britânicos a votar pela saída do bloco, já que existem muitas regras da UE com relação a administração das finanças públicas, ao sistema financeiro e bancário. Muitos dos que votaram a favor da saída argumentam que o projeto da União Europeia não é a ambição deles para o Reino Unido.