Geografia

Os Índios no Brasil

Existem no Brasil hoje 210 povos indígenas já constatados, em variados graus de contato com segmentos da sociedade brasileira, totalizando uma população em torno de 300.000 indivíduos, que vivem em milhares de aldeias de norte a sul do país.

Mesmo em contato com segmentos da sociedade brasileira, estes povos continuam mantendo sua identidade e se afirmando enquanto grupos étnicos diferenciados, portadores de tradições próprias. Alguns perderam suas línguas maternas e hoje só falam o português. Outros já incorporaram, em seu cotidiano, bens e produtos industrializados. Mas, há também povos que ainda mantêm-se afastados do convívio com os não-índios.

Índio é todo aquele indivíduo que assim se identifica, que é reconhecido pelos membros de sua comunidade como um de seus elementos e que mantém vínculos históricos com populações de origem pré-colombianas.

Tais dados, no entanto, não representam números absolutos. Não se sabe ao certo quantos povos nem quantas línguas nativas existem, de fato..

O público leigo interessado em conhecer mais a respeito dos “índios” está diante de um abismo cultural e terá que se contentar com uma bibliografia didática rala, quando não preconceituosa ou desinformada. Apesar do interesse da mídia pelos “índios” nos últimos 25 anos, o que se informa e, portanto, o que se “consome” sobre o assunto, são fatos fragmentados, histórias superficiais e imagens genéricas, enormemente empobrecedoras da realidade. A coisa mais comum de se ler ou de se ouvir na imprensa são notícias com o nome das “tribos” trocado, grafado ou pronunciado de maneira aleatória. Não raro um determinado povo indígena é associado a locais onde nunca viveu, ou ainda a imagens que, na verdade, são de outro povo indígena.

Embora cada vez mais presentes, ainda são poucos os canais e espaços para a expressão diretamente indígena no cenário cultural e político do país. Via de regra, vivendo em locais de difícil acesso, com tradições basicamente orais de comunicação e na condição de monolíngües, com parco domínio do português, as diferentes etnias encontram barreiras para se expressar livremente com o mundo dos não-índios. Seus pontos de vista são tomados geralmente fora dos contextos onde vivem, mediados por intérpretes freqüentemente precários, e registrados, finalmente, como fragmentos e em português