História

História do Carnaval

Por mais estranho que pareça para os Brasileiros, o carnaval tem origem na Antiguidade, e provavelmente remonta a duas festas, uma chamada “As Sacéias” na Babilônia, onde prisioneiros assumia durante alguns dias a imagem de um rei e vivendo como ele, e por fim era morto. A outra possível origem é o rito do “equinócio da primavera” na Mesopotâmia, onde o rei apanhava na frente da estatua de um “Deus mesopotâmico” como prova de submissão ao Deus.

A história do carnaval em terras brasileiras teve início ainda no período colonial, com sua primeira manifestação feita pelos escravos. No entanto, a origem da festa era portuguesa. No entrudo, como era chamada a festa, os escravos saíam com pinturas no rosto, munidos de farinha e bolas com água de cheiro (ou nem tanto…) para jogar nas pessoas.

Diferente do caráter alegre que o carnaval tem hoje, o entrudo era considerado violento, devido a uma parte divertida da festa ser jogar algo em outros, mas era popular ainda assim. Tão popular, que não era comum a participação das famílias dos senhores de escravos ou mesmo as mais abastadas na festa, eles se contentavam em apenas permanecer nas janelas observando e até jogando água em quem passasse pelas ruas.

O entrudo foi criminalizado no Rio de Janeiro após uma ostensiva campanha realizada pela imprensa local contra a festividade popular. Era século XIX, o entrudo proibido e por coincidência – ou não – os tradicionais bailes de carnaval ganhavam forças em clubes fechados. Foi nesta época que as sociedades carnavalescas foram também criadas e alguns desfiles de rua aconteceram livremente. Mas o entrudo ainda não era permitido.

Entrudo carnaval
Crédito da imagem:
“>Biblioteca Nacional da Austrália / Wikimedia
– Jogos de Entrudo – Carnaval Carioca – 1822

Apesar da tentativa de elitizar o carnaval, a população mais pobre e os escravos não desistiram de sua festa e, ao final do século XIX, cederam às pressões legais e criaram os cordões e ranchos.

Cordões

Os cordões se utilizavam de uma organização bem similar às procissões religiosas, mas mescladas com outras manifestações do povo, como a capoeira e a presença dos tocadores de bumbo.

Ranchos

Os ranchos eram cortejos carnavalescos praticados de forma mais isolada, em especial pela comunidade rural.

A popularização

O século XX tornou o carnaval popular no Brasil entre todas as classes. Com o tempo, além de uma tradição cultural se tornou um negócio que movimenta setores da economia, prestação de serviços, artistas de diversas áreas e o setor turístico. O carnaval brasileiro é famoso no mundo inteiro e atrai milhões de turistas de todas as partes do mundo para as cidades que fazem esta festa muito especial.

Carros alegóricos

Os primeiros carros alegóricos, na época chamados de corsos, não eram nada parecidos com os de hoje: eram carros conversíveis, da elite do Rio de Janeiro. Eles costumavam ser vistos onde hoje é a Avenida Rio Branco, entre 1910 e 1930.

Escolas de Samba

A escolas de samba surgiram por volta de 1920, entre as classes mais baixas, no Rio de Janeiro. As primeiras, deram origem às tradicionais Estácio de Sá e Portela, a Deixa falar e a Vai como pode. Ali se desenvolveram os cordões e os ranchos e a primeira disputa entre elas foi em 1929.

Os desfiles das escolas foram crescendo e se desenvolvendo e na Era Vargas, precisaram se enquadrar às determinações do Regime. A partir de 1960, as escolas de samba tornam-se, além de um atividade cultural, um importante braço do comércio, recebendo investimento de empresários de diversos ramos e do jogo do bicho.

Com o tempo, a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro também passa a investir, colocar arquibancadas na mesma avenida onde os primeiros carros abertos desfilaram e a cobrar ingresso de quem quisesse assistir ao espetáculo.

O estado de São Paulo, a exemplo de sua vizinha, também desenvolveu o desfile das escolas na mesma época.

O famoso Sambódromo do Rio de Janeiro foi criado em 1984, tendo Oscar Niemayer como arquiteto, tornando a Passarela do Samba um dos símbolos do carnaval no Brasil.

Hoje as escolas de samba movimentam milhões em economia, geração de empregos e fazem parte da tradição cultural não só das comunidades, mas do país, em especial no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Trios Elétricos

Em 1950, Dodô e Osmar usaram um caminhão carregados de seus instrumentos e caixas amplificadoras pelas ruas de Salvador, fazendo muito sucesso! No ano seguinte, a invenção foi batizada por Temístocles Aragão de Trio Elétrico.

Já em 1979, Morais Moreira integrou os batuques do afoxé ao Trio e ele foi adotado por todo o país, cada vez maiores e mais modernos.

fobica trio eletrico
Crédito da imagem: André Koehne / Wikimedia. A “fobica” de Dodô e Osmar

Marchinhas de carnaval

Também originárias do século XIX, tem Chiquinha Gonzaga como mais famosa compositora da época, em especial pela música O abre-alas. O samba, mais tradicional expoente do carnaval brasileiro e carioca só surgiu bem depois, em 1910, com Pelo telefone, de Mauro Almeida e Donga.

No entanto, a notoriedade das marchinhas cresceu em muito com o samba, em especial na década de 1930, ficando eternizada como a era das marchinhas. Os irmãos Valença em parceria com Lamartine Babo compuseram a mais famosa delas: Os cabelos da mulata.

Entre os séculos XIX e XX, os afoxés surgem na Bahia, completamente inspirados em tradições africanas. Neste mesmo período nascia ainda o frevo no Recife e o Maracatu em Olinda, ambos em Pernambuco.

As fantasias

Antes de chegar ao Brasil, os nobres da Itália e outros países da Europa já faziam bailes de máscaras, ainda no século XIII.

mascaras de carnaval

Já no século XIX, as máscaras e as fantasias foram se tornando mais acessíveis a outras camadas sociais, inclusive as mais pobre. O tradicional trio Pierrot, Arlequina e Colombina são desta época.

A escolha da data para o carnaval

Todos os anos o carnaval aparece em uma data diferente e, consequentemente a páscoa também. Mas de onde vem a decisão da data?

Funciona assim: calcula-se primeiro a data da páscoa, que em nosso hemisfério acontece após a primeira lua cheia, depois do equinócio da primavera.

Depois, retrocede-se 46 dias no calendário e se descobre a data em que a quarta-feira de cinzas vai cair. A terça-feira gorda, que na verdade é o dia do carnaval é o dia anterior.

carnaval tradicional

Relação do carnaval com a páscoa

Ainda na pré-história, haviam festivais para celebração da colheita, antes de relaciona-la à ressurreição de Cristo. Ela se tratava de uma comemoração da primavera, ou seja, de colheita e abundância e o fim da privação de mantimentos. O inverno, que era considerada uma época infértil estava se encerrando.

Com tempo, a tradição transformou o festejo e a penitência em carnaval e páscoa.

Origem da palavra Carnaval

A palavra Carnaval possui três possíveis origens: Uma é que ocorreu a mudança da data da quaresma, que no dialeto italiano representa: dominica ad carne levandas, depois carne levale, depois carneval e finalmente originando o termo carnaval.

Outra hipótese e a mais aceita é datada na idade média, originaria do latim, referente a quaresma: carnem levare, que significa, ficar livre da carne ou retirar a carne.

A última teoria é que é originária do termo: carrum navalis, um antigo carro alegórico em que homens e mulheres desfilavam nus.