Pedagogia

Fracasso Escolar

Quando traçamos um panorama da atual situação da educação brasileira encontramos um cenário pouco animador. Dados de pesquisas recentes nos mostram que ainda estamos distantes do ideal.

O Ideb 2019, que avalia o desenvolvimento da educação básica brasileira revelou que o desempenho dos alunos tende a cair à medida em que eles avançam no sistema de ensino. Alcançamos a meta estipulada para o ensino fundamental 1, mas pela quarta vez consecutiva não atingimos a meta para o ensino fundamental 2. Enquanto que para o Ensino Médio os números foram ainda piores, não chegando nem perto da meta estipulada.

Outro importante indicador é o PISA: Programa Internacional de Avaliação de Alunos, que teve seus últimos resultados divulgados em dezembro de 2019. O Pisa avaliou o desempenho escolar de alunos de 15 anos de 79 países tendo como base três eixos: Leitura, Ciências e Matemática. E os resultados dos estudantes brasileiros deixaram a desejar:

  • Leitura: 55º e 59º no ranking.
  • Matemática: 69º e 72º no ranking.
  • Ciências: 64º e 67º no ranking.

Mas o que estes números nos mostram? Quais são as causas do baixo desempenho dos nossos alunos? Por que nossas crianças não estão aprendendo como deveriam?

As respostas mais comuns para estes questionamentos costumam direcionar a responsabilidade para um único ponto, o que resulta em tentativas defasadas de resolver o problema, já que muitas vezes os esforços são colocados em apenas alguns elementos de uma grande cadeia que leva ao fracasso escolar.

O primeiro ponto a ser analisado é a relação que o governo tem com a educação. Qual o real interesse de nossos governantes para com o desenvolvimento dos nossos alunos? Sabemos que muitas vezes a verba destinada à educação é insuficiente, por isso encontramos escolas sucateadas, sem equipamentos e sem materiais didáticos de qualidade. E o pior, temos profissionais que não são valorizados e acabam desmotivados.

E os professores são outro ponto fundamental no contexto escolar, e muitas vezes temos profissionais com uma formação precária. Alguns não têm profundo conhecimento da disciplina que lecionam e, às vezes, também pecam em reconhecer as dificuldades e todo o contexto que levam os alunos a terem um desempenho abaixo do esperado.

E, por fim, temos os estudantes. Este é o ponto mais complexo da cadeia que leva ao fracasso escolar, pois precisamos analisar algumas situações que vão além da escola e, muitas vezes, não estamos preparados para isso. O resultado do aluno dentro da sala de aula é reflexo de todas as suas interações sociais.

Crianças que vivem em uma família desestruturada e que não recebem apoio dos responsáveis terão um desempenho abaixo do esperado, e o mesmo acontecerá com aqueles que vivem em condições muito pobres, às vezes sem acesso à internet e até mesmo à comida. Alguns alunos moram em locais perigosos e, influenciados por más amizades, podem acabar se envolvendo com crimes e drogas e não verão na escola nenhum atrativo.

Então é papel dos profissionais da educação, muito além de passar conteúdos na sala de aula, observar os alunos de uma forma mais global ajudando-os e orientando-os em problemas que podem afetar seu desempenho. O primeiro passo para alterar a situação atual é fazer com os alunos se sintam acolhidos e enxerguem a escola como um lugar de aprendizagem e oportunidades para um futuro melhor.

Estes são alguns pontos a serem analisados quando se fala de fracasso escolar. A frieza dos números e gráficos que mostram o desempenho dos nossos alunos esconde problemas gigantescos que só conseguiremos superar quando nos unirmos como sociedade e colocarmos a educação como prioridade para um país que quer crescer e gerar oportunidades para todos.

REFERÊNCIAS
INEP. Ministério da Educação. Glossário dos instrumentos de avaliação externa. Brasília: MEC ;Inep, 2019.

UNICEF. O direito de aprender: potencializar avanços e reduzir desigualdades. Brasília: Unicef, 2019.