Biologia

Doença de Still

Algumas doenças são difíceis de serem diagnosticadas, isso porque apresentam um quadro de sintomas bastante comum a outras enfermidades. Por isso, ao sinal de qualquer desconforto é recomendável procurar ajuda médica para o devido acompanhamento.

A Doença de Still do Adulto (DSA) é considerada uma enfermidade rara e consiste em uma variação da artrite reumatoide, mais precisamente de uma versão severa da artrite idiopática juvenil (AIJ) que acomete os indivíduos durante a infância.

Suas causas e origens ainda são desconhecidas. Trata-se de uma inflamação não-infecciosa das articulações que pode culminar com a incapacitação funcional da pessoa acometida. Clinicamente, é descrita a partir de um quadro febril persistente acompanhado por dores articulares e erupções cutâneas. Aproximadamente 75% dos casos ocorrem entre homens e mulheres entre 16 e 35 anos. Foi descrita pela primeira vez em 1971 e tem se mostrado a maior causa em situações de síndrome febril indeterminada. Estima-se que, anualmente, 1 a cada 100 mil indivíduos desenvolve esta patologia.

Outros sintomas podem estar presentes, como:
dor de garganta;
dor e inchaço do abdômen;
pleurisia;
linfadenomegalia; e
perda de peso.

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Nenhum dos sintomas é suficiente para estabelecer um diagnóstico preciso, uma vez que existem várias doenças (nomeadamente infecções ou doenças neoplásicas) que apresentam esta mesma sintomatologia. O diagnóstico é, quase sempre, de exclusão, ou seja, determina-se o tipo de patologia após outras alternativas possíveis serem descartadas. A evolução dessa doença é difícil de prever; podendo-se limitar a um ataque ou repetir-se durante um período prolongado de vários meses ou até mesmo anos.

A doença geralmente começa com sintomas combinados. A dor na garganta aparece dias ou semanas antes início de febre ou erupção. Na sequência podem ocorrer dor muscular, fadiga, falta de apetite, náusea e perda de peso rápida e intensa.

Cerca de 98% dos pacientes apresentam febre acima de 39ºC. O padrão de febre mostra um pico febril diário ou, ainda, um duplo pico febril. No geral, a temperatura aumenta no final da tarde/início da noite e normaliza pela manhã.

A erupção cutânea, associada às outras manifestações, é o sintoma mais útil para o diagnóstico. Afeta o tronco, os braços e as pernas, incluindo palmas e plantas, quase nunca aparece na face.

O quadro de artrite se consolida em mais de 90% dos casos e costuma aparecer por último. Inicialmente, a artrite afeta poucas articulações, mas pode evoluir para um padrão poliarticular.

Os joelhos e os punhos são afetados em cerca de 84% e 74% dos casos. Tornozelos, ombros, cotovelos e articulações interfalangeanas das mãos são atingidos em 50% e metacarpofalangeanas, em cerca de 30% dos casos.

Critérios propostos para o diagnóstico de doença de Still do adulto, segundo os doutores José Carlos Mansur Szajubok, José Mauro Carneiro Fernandes e Abel Pereira de Souza Jr.:

MAIORES (2 pontos)
febre diária > 39°C
erupção evanescente
leucocitose > 12.000/mm3
VHS > 40mm/h
fator reumatóide negativo
fator antinúcleo negativo
anquilose carpal alterado

MENORES (1 pontos)
idade de início< 35 anos
anquilose cervical ou do tarso
artrite
envolvimento do SRE ou TFH
pródromos
serosites

Provável: 10 pontos com 12 semanas de observação.

Definitivo: 10 pontos com 6 semanas de observação.

A DSA não tem cura, o tratamento visa a reduzir a intensidade dos sintomas. Os medicamentos mais utilizados para este fim são a aspirina e os anti-inflamatórios não-esteroides, que podem ser utilizados mesmo sem a confirmação do diagnóstico. Já para controlar a evolução da doença, é feito o uso de corticosteroides, metotrexato, ciclosporina A e, por vezes, imunoglobulinas intravenosas ou inibidores do TNF-alfa (Etanercept ou Infliximab). Existem terapias auxiliares e homeopáticas que aliviam as dores e o desconforto.