Doenças

Doença de Parkinson

Por Marcelo Veiga Oliveira

T.O. e Doença de Parkinson
Intervenção Terapêutica Ocupacional na Doença de Parkinson.
Considerações Gerais sobre a Doença de Parkinson.

Mecanismo de ação:
Os sintomas do Parkinsonismo ocorrem quando há uma degeneração das células (neurônios) na substância negra do Sistema Nervoso Central, resultando assim na diminuição da disponibilidade da Dopamina. Nessa despigmentação, ocorre a perda de cerca de 80% dos neurônios dopaminérgicos na substância negra.

Conceito:
É uma doença neuro degenerativa progressiva que foi descrita primeiramente pelo médico inglês James Parkinson em 1817. Acomete o indivíduo, primeiramente, no cérebro e progressivamente afeta a parte física e emocional. Tendo importância fundamental na vida social do indivíduo, assim como na sua vida prática.

Etiologia Primária:
Idiopática ou seja de causa desconhecida Secundária: Adquirida Infecções (pós-encefalite) Heredodegenerativa Trauma (encefalopatia do pugilista) Vasculares (múltiplos infartos cerebrais) Drogas, toxinas Degeneração hepatocerebral Outras doenças (doença de Wilson, doença de Huntington)

Sinais e Sintomas:
Os sinais clássicos do Parkinsonismo são: Tremor não volicional Rigidez Bradicinesia ou acinesia.
Os sintomas: As manifestações clínicas são bastantes variadas – Enfraquecimento dos reflexos de estabilização; Marcha com passos curtos e ausência de oscilação do braço; Sialorréia; Transpiração excessiva; Vermelhidão na pele; Fala monótona; Face semelhante a uma máscara; Postura encurvada; Alteração de personalidade: Apatia; Ansiedade; Demência; Desorientação espacial; Paranóia; Psicose; Alucinações; Perda de concentração; Dificuldade na formação de conceitos; Depressão; Distúrbios do sono; Disfunção sexual; Queda da pressão arterial ao ficar de pé; Calafrios; Prisão de ventre; Anorexia; Alterações visuais.

Avaliação Terapêutica Ocupacional:
A avaliação é baseada no conhecimento dos sintomas típicos. Os dados são colhidos, para compactar o Terapeuta a listar os problemas de determinado paciente. O propósito é identificar os sintomas presentes e a extensão em que eles interferem com a função. As avaliações incluem variação de movimento, tônus muscular, contraturas e deformidades, reações de estabilização, amplitude articular dos movimentos coordenação, mobilidade e cuidados pessoais. A presença, a gravidade de tremor, rigidez e bradicinesia devem ser observadas. A classificação clínica está relacionada com o grau dos sintomas, podendo ser: Doença primária – Deficiência moderada – Deficiência grave.

Itens a serem avaliados:
Bradicinesia das mãos:
* pode não haver envolvimento
* pode apresentar uma diminuição detectável da velocidade da supinação – pronação dificultando em manusear ferramentas, abotoar roupas e na escrita.
* diminuição moderada da velocidade de supinação – pronação em ambos os lados evidenciando o enfraquecimento da força da mão ficando a escrita bastante prejudicada e a micrografia está presente.
* pode apresentar diminuição grave da velocidade de supinação – pronação ficando incapaz de escrever e abotoar roupas com marcantes dificuldades para manusear utensílios.

Rigidez:
* pode não apresentar
* pode ser detectada no pescoço e nos ombros.
* o braço apresenta rigidez suave, negativa, de repouso.
* pode apresentar rigidez moderada no pescoço e nos ombros quando o paciente não está sob medicação.
* pode apresentar rigidez grave no pescoço e nos ombros esta rigidez de repouso não pode ser revertida pela medicação.

Postura:
* pode apresentar uma postura normal com apenas a cabeça flexionada menos de 10 cm.
* pode apresentar início de flexão com um ou ambos os braços levantados mas ainda abaixo da cintura.
* pode apresentar a cabeça flexionada mais de 15 cm para frente, uma ou ambas as mãos elevadas acima da cintura, com flexão aguda e extensão interfalangeal, também o começo da flexão dos joelhos.

Oscilação da extremidade superior :
* pode balançar bem os dois braços.
* poderá apenas um único braço ter oscilação definitiva.
* pode apenas um braço não balançar.
* ambos braços não balançam.

Marcha :
* pode andar bem e virar-se quase sem esforço.
* pode apresentar marcha diminuída, começando a inclinar um calcanhar e a virar-se lentamente.
* pode apresentar o passo moderadamente diminuído com ambos calcanhares, orientando-se forçosamente para o chão.
* pode apresentar passos bem curtos, marcha de bloqueio, ocasionalmente do tipo arrastado, andando sobre os artelhos e vira-se muito lentamente.

Tremor :
* pode não se encontrar tremor detectável.
* pode apresentar um pouco de tremor em membros ou cabeça em repouso, ou nas duas mãos ao caminhar ou durante o teste do repouso do percurso do dedo até o nariz.
* pode apresentar tremor grave, mas não é constante e o paciente tem certo controle das mãos.
* pode apresentar um tremor constante e grave onde a escrita e a alimentação por si só são impossíveis.

Rosto :
* pode se apresentar normal, com movimentação total sem olhar fixo.
* pode apresentar imobilidade detectável, a boca permanece fechada, início das feições peculiares de ansiedade ou de depressão.
* pode apresentar imobilidade moderada, a emoção pára em um limiar marcadamente crescente, os lábios ficam separados, às vezes, a aparência é moderada de ansiedade ou de depressão e pode babar.
* pode apresentar o rosto congelado (tipo uma máscara), boca aberta e a baba pode ser abundante.

Seborréia : pode não apresentar.
* pode apresentar uma perspiração aumentada, sendo que a secreção permanece fina.
* pode apresentar oleosidade óbvia presente com secreção espessa.
* pode apresentar seborréia marcante, todo rosto e cabeça cobertos por secreção espessa.

Fala :
* pode apresentar início de rouquidão com perda de inflexão e ressonância, o volume é bom e a compreensão ainda é possível.
* pode apresentar rouquidão e fraqueza moderadas, monotonia constante, tom invariável, início de disartria, hesitação e gagueira de difícil compreensão.
* pode apresentar estridência e fraqueza marcantes, sendo muito difícil de escutar e compreender.

Cuidados pessoais :
* pode ainda executar todos os cuidados, mas a velocidade para vestir-se fica definitivamente prejudicada, é capaz de viver sozinho e apto a trabalhar.
* pode precisar de ajuda em certas áreas críticas, como virar na cama, levantar de cadeiras, é lento ao desempenhar a maioria das atividades.
* pode estar continuamente deficiente, incapaz de vestir-se, alimentar-se ou andar sozinho.

Tratamento Terapêutico Ocupaciona
O Terapeuta que trata o paciente portador da Doença de Parkinson deve permanecer alerta ao efeitos colaterais da droga Levodopa (a principal usada no tratamento) que são: náuseas, vômitos, alterações cardiovasculares, vertigens, alterações do Sistema Nervoso Central, confusão mental e depressão dentre outros.

É de fundamental importância a participação da família do paciente para uma evolução constante do tratamento.

Alguns dos sintomas como a expressão facial típica e a lentidão dos movimento podem ser equivocados, e interpretados como falta de interesse e intransigência, gerando na família conflitos e um mal – estar generalizado.

Stefaniwsky e Bilowit obtiveram respostas satisfatórias em teste realizados com dez portadores da Doença de Parkinson e cinco sujeitos normais.

Foi constatado que o uso dos estímulos sensoriais aumenta a velocidade do início dos movimentos.

Observou-se também a melhora da fala e da deambulação em todos os pacientes.

A mobilidade do pescoço e do tronco deve ser desenvolvida para permitir que a cabeça lidere os movimentos do corpo e para permitir também as rápidas mudanças de posição nas reações de equilíbrio. Foi usado vinagre e amônia para ativar os músculos faciais.

Agarrar um objeto é usado para facilitar a estabilidade distal para redução do tremor.

As atividades envolvendo movimentos ativos focalizando a mobilidade e os movimentos rítmicos rápidos, em vez de resistência, são mais apropriados.

A música é usada para ajudar a estabelecer e manter um ritmo. Nas atividades onde seja preciso atingir um plano horizontal tem como objetivo a rotação do pescoço e do tronco, bem como a mobilidade das extremidades superiores.

Atividades como picar couro ou martelar, envolvem aperto resistido e são escolhidas para diminuir os tremores distais.

A resistência aos músculos proximais, contudo, deve ser evitada a fim de aumentar a rigidez.

Os estímulos táteis, visuais e auditivos podem ser usados para verificação, se são úteis, para a contribuição no aumento da velocidade dos cuidados pessoais e outras atividades. No programa de tratamento deve está inserido as seguintes etapas: Manter ou aumentar a Amplitude Articular de Movimento (AMA): Uso de padrões de facilitação neuromuscular Ativação da musculatura extensora Realizar atividades coordenadas e bilateral como por exemplo: jogos de bola, argolas, cantar, dançar e marchar com a música, etc

Treinar padrões de marcha: Promover o desenvolvimento da consciência corporal (esquema corporal)

Melhorar a reação de endireitamento e equilíbrio (sentado e em pé) Orientação familiar: Evitar períodos muito prolongados de ociosidade Promover a melhora da auto – estima Orientar a família para inseri-lo em um programa de recondicionamento físico Adaptações para o meio ambiente Proporcionar ou manter a independência funcional da Vida Diária (V.D.)

Desenvolver adaptações para o meio ambiente: A cama deve ser firme e mais elevada barbeador e escova de dentes elétricos Adaptar roupas e calçados (zíper, velcro)