História

A China Pós-Mao

Em fins de 1976, Hua Kuofeng assumiu o governo chinês, imprimindo uma linha política de centro, tornando os partidários de Chiang Ching extrema esquerda e o grupo de Deng Xiaoping, direita. Em 1977 ocorre a reabilitação de Deng e, a à medida que se deu sua ascenção no PCC, o grupo de Chiang Ching foi marginalizado, culminando com sua prisão e julgamento em 1981.

Enquanto Chiang era condenada como responsável pelos excessos da Revolução Cultural, Deng Xiaoping, agora líder do governo chinês, iniciava o período de desmaoização do país, afastando seus adeptos do governo. A imagem de Mao perdera totalmente a força.

A prioridade do governo Deng era a modernização da agricultura, da indústria, da defesa e das áreas de conhecimento, isto é, as quatro modernizações. Essas medidas atraíram para a China uma imensa onda de investimentos externos, fazendo com que o país intensificasse o início da reversão agrária da época de Mao, passando na década de 1980 a ter uma população rural abaixo de 80%. Entre 1980 e 1995 a China atraiu muitos investimentos estrangeiros, chegando a superar 170 bilhões de dólares.

No final de 1995, enquanto a China apresentava uma população próxima de 1,2 bilhão de habitantes, o seu PIB alcançva os 2,8 bilhões de dólares, consolidando um crescimento econômico superior aos 10% anuais. Da mesma forma, as reservas de divisas do país alcançavam um volume recorde de 58 bilhões de dólares em 1995, confirmando o desempenho exportador.

Mesmo atraindo a atenção mundial para o seu progresso, nem tudo era estabilidade. A disparidade do desenvolvimento entre as províncias acrescia-se à inflação chinesa decorrente dos subsídios às empresas estatais, dominando a metade da economia e sugando quase 40% dos recursos do governo. O crescimento da inflação bateu os 25% em 1994 e, em meio às medidas saneadoras, buscava-se um decréscimo a ser alcançado nos anos seguintes. Somando-se às dificuldades financeiras, a ineficiência burocrática era acompanhada de corrupção e desperdícios, tornando-se o inimigo principal, oficialmente declarado pelo governo, à necessária estabilidade exigida para o desenvolvimento.

Por outro lado, ficavam duas incógnitas para a continuidade do desenvolvimento chinês: em primeiro lugar, a sucessão de Deng Xiaoping por novas lideranças, afinadas ou não com a continuidade da integração ao capitalismo globalizado; em segundo lugar, a inerente contradição entre a abertura econômica sem a correspondente abertura política, juntando-se aos efeitos de uma economia de mercado, que, mesmo socialista, ampliava as desigualdades sociais.

Confirmando tal tendência, as pressões pela liberação política na China foram bastante expressivas na década de 80, atingindo seu ápice em abril de 1989 com a ocupação da praça da Paz Celestial, em Pequim. Como um novo “assalto ao céu” (busca do paraíso socialista), exigia-se liberdade de manifestação e de imprensa, num movimento liderado por estudantes. Entretanto o governo sufocou o movimento à força.

Nos anos 90, a China ampliou sua remodelação econômica iniciada no governo Deng Xiaoping, mas manteve sem alteração sua estrutura política, ou seja, a condição de “uma perestroika sem glasnost”, fortalecendo a incógnita do rumo histórico chinês para o final do século XX e início do XXI.