História

A Ideologia Alemã

ESCLARECIMENTO
O presente volume reúne escritos de Marx e Engels correspondentes aos anos de 1945 – 1846 e concentrados na crítica à filosofia neo-hegliana alemã, principalmente a Ludwig Feuerbach.

A Ideologia Alemã foi dividida em dois volumes : o primeiro voltado par a elaboração das teses fundamentais do materialismo histórico e para a crítica dos princípios filosóficos de Feuerbach, Bruno Bauer e Max Stirner, filósofos neo-hegerianos alemães e o segundo dedicado á crítica dos pontos de vista de alguns representantes do “verdadeiro” socialismo, corrente filosófica e política então existente na Alemanha.

TESES SOBRE FEUERBACH
O principal defeito de todo materialismo até aqui consiste em que o objeto, a realidade, a sensibilidade, só é aprendido sob a forma de objeto ou de intuição, mas não como atividade humana sensível.

A questão de saber se cabe ao pensamento humano uma verdade objetiva não é uma questão teórica, mas na prática. A disputa sobre a realidade ou não – realidade do pensamento isolado, isto é uma questão de escolástica.

A doutrina materialista sob a alteração das circunstâncias são alteradas pelos homens e que o próprio educador deve ser educado. Ela deve separar a sociedade em duas partes – uma das quais é colocada acima da sociedade.

Feuerbach parte do fato d auto – alienação religioso da duplicação do mundo em religioso e terreno. Seu trabalho consiste em dissolver o mundo religioso em seu fundamento terreno.

Feuerbach, não satisfeito com o pensamento abstrato, quer a instituição; mas não apreende a sensibilidade como atividade prática, humano – sensível.

Feuerbach diz que a essência humana não é uma abstração inerente ao indivíduo singular. Em sua realidade é o conjunto de relações sociais.

Toda vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que levam a teoria para o misticismo encontram sua solução racional na praxis humana e na compreensão dessa praxis.

O estremo a que chega o materialismo intuitivo, isto é, o materialismo que não apreende a sensibilidade como atividade prática, é a intuição dos indivíduos singulares e da sociedade civil.

O ponto de vista do velho materialismo é a sociedade civil; o ponto de vista do novo é a sociedade civil;

Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transforma–lo.

A OPOSIÇÃO ENTRE A CONCEPÇÃO MATERIALISTA E A IDEALISTA
Os industriais da filosofia, até então não haviam vivido da exploração do espírito absoluto, lançaram – se então a novas combinações. Cada um se dedicava a explorar, com zelo inaudito, o negócio da parte que lhe coubera por sorte. Mas isso não poderia se dar em a concorrência, tal concorrência foi produzida de maneira burguesa e sólida, posteriormente o mercado alemão encontrava – se abarrotado e, apesar dos esforços, a mercadoria não encontrava saída no mercado mundial.. Essa concorrência culminou numa luta encarniçada que hoje nos é apresentada e exaltada como revolução histórico – mundial e como a produtora de conquistas e resultados prodigiosos.

A IDEOLOGIA EM GERAL, ESPECIALMENTE A ALEMÃ.
A crítica alemã não abandonou o terreno da filosofia, todas as suas questões brotaram de um sistema filosófico determinado, o sistema hegeliano. Não apenas em suas respostas, mas já nas próprias questões, havia um mistificação. Nenhum desses novos críticos tentou de conjunto a do sistema hegeliano, dirigindo – se ao mesmo tempo.

Toda a crítica filosófica alemã de Strauss a Stirner limita – se à crítica das representações religiosas. Partia – se da religião real e da verdadeira teologia. Mas o progresso consistia em subsumir também a esfera das representações religiosa ou teológicas as representações metafísicas, políticas, jurídicas, morais e outras, consideradas dominantes.

O Domínio da religião foi pressuposto, e aos poucos, declarou – se que toda relação dominante era uma relações religiosa e se converteu em culto, culto de direito, culto do Estado, etc. tratava – se – se apenas de dogmas e da crença em dogmas.

Os velhos hegelianos haviam compreendido tudo, desde que tudo fora reduzido a uma categoria da lógica hegeliana. Os jovens hegelianos criticavam tudo introduzido sorrateiramente representações religiosas pôr baixo de tudo ou proclamando tudo como algo teológico

A despeito de suas bases que supostamente “abalam o mundo”, os filósofos da escola neo–hegeliana são ao maiores conservadores.

A nenhum destes filósofos ocorreu perguntar qual era a conexão entre a filosofia alemã e a realidade alemã, a conexão entre a sua crítica e o seu próprio meio material.

O primeiro pressuposto de toda a história humana, é naturalmente a existência de indivíduos humanos vivos. Primeiro deve –se constatar a organização corporal destes indivíduos, e entendem a relação com o resto da natureza.

Pode – se distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião ou por tudo que se queira. Mas eles próprios começaram a diferenciar dos animais tão logo começaram a produzir seus meios de vida, os homens produzem, indiretamente, sua própria vida material.

As relações ente umas nações e outras dependem do estado de desenvolvimento em que se encontra cada uma dela no que concerne às forças produtivas, à divisão do trabalho e ao intercâmbio interno.

O quanto as forças produtivas de uma nação estão desenvolvidas é mostrado da maneira mais clara pelo grau de desenvolvimento antigo pela divisão do tralho.

A primeira forma de propriedade é a propriedade tribal. Ela corresponde a fase desenvolvida da produção, em que um povo se alimenta da caça e da pesca, da criação de gado ou, no máximo, da agricultura

A Segunda forma de propriedade é a propriedade comunal e estatal que se encontra na antigüidade, que provém, sobretudo, da reunião de muitas tribos para formar uma cidade, por contrato ou por conquista, e na qual subsiste a escravidão. A divisão do trabalho há é mais desenvolvida, já encontramos oposição entre a cidade e o campo.

Com o desenvolvimento da propriedade privada, começaram a surgiu pela primeira vez as mesmas relações que encontraremos, só que em escala mais ampla, na propriedade privada moderna.. A transformação de pequenos camponeses plebeus em um proletariado, cuja situação intermediária entre os cidadãos possuidores e os escravos não levou a nenhum desenvolvimento autônomo.

A terceira forma de propriedade é a feudal ou estamental. Enquanto a Antigüidade partia da cidade e de seu pequeno território, a Idade Média partia do campo. A população existente, dispersa e disseminada por uma vasta superfície a que os conquistadores não trouxeram grande incremento, condicionou essas mundanas e ponto de partida.

A estrutura feudal da posse da terra correspondia, nas cidades, a propriedade corporativa, a organização feudal dos ofícios. Aqui, a propriedade consistia, principalmente, no trabalho de cada indivíduo. A necessidade de associação contra a nobreza parece associada, a necessidade de locais de troca comuns numa época em que o industrial era o mesmo tempo comerciante.

A estrutura social e o Estado nascem contentemente do processo de vida de indivíduos determinados, mas destes indivíduos não como podem aparecer na imaginação própria ou alheia, mas tal como realmente são.

Os homens são produtores de sua representações, de suas idéias, etc., mas os homens reais e ativos, tal como se acham condicionados por um determinado desenvolvimento de suas forças produtiva e pelo intercâmbio que a ele corresponde até chegar ás suas formações mais amplas.

Não é a consciência que determina a vida, mas vida que determina a consciência

Onde termina a especulação, na vida real, começa também a ciência real, positiva, a exposição da atividade prática, do processo prático de desenvolvimento dos homens. As fases ocas sobre a consciência cessam, e um saber real deve tomar o seu luar.

HISTÓRIA
Em qualquer pressuposto somos, forçados a começar constatando que o primeiro pressuposto de toda a existência humana e ,portanto, de toda a história.

O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios que permitam a satisfação desta necessidades, a produção da própria vida como há milhares de anos, deve ser cumprido tos os dias e todas as horas, simplesmente para manter os homens vivos.

O segundo ponto é que satisfeita esta primeira necessidade, a ação de satisfazê–la e o instrumento d satisfação já adquirido conduzem a novas necessidades é o primeiro ato histórico.

A terceira condição que já de início intervém n desenvolvimento histórico é que os homens, que diariamente renovam sua própria vida, começam a criar outros homens, a procriar : é a relação entre homem e mulher, entre pais e filhos, a família. Que no início é a única relação social, torna – se depois, uma relação secundária e desce portanto ser tratada e desenvolvida segundo os dados empíricos existentes e não segundo o conceito de família.

Donde se segue que um determinado modo de produção ou uma determinada fase industrial estão constantemente ligados a um determinado modo de cooperação e uma fase social determinada, e que tal modo de cooperação é, ele próprio, uma força produtiva.

Desde o início mostra – se portanto, uma conexão est que ´pe tão antiga quanto os próprios homens, e que toma, insensatamente novas forma e apresenta, portanto, uma história, sem qualquer absurdo político ou religioso.

O homem tem tambó[em consciência, mas ainda assim, não se trata de consciência pura. Desde o iníquo pesa sobre o espírito, a maldição de estar contaminado pela matéria, que se apresenta sob a forma de camadas de ar em movimento, de sons, em suma, d linguagem.

A linguagem é tão antiga quanto a consciência, a linguagem é a consciência real, prática, que existe também, para si mesmo. E a linguagem nasce como a consciência, da carência, da necessidade de intercâmbio com outros homens

A divisão do trabalho, que originariamente nada mais era do que a divisão do tablado no ato sexual e, mais tarde, divisão do tablado que se desenvolve por si própria, em virtude de disposições naturais, necessidades, acasos, etc. A divisão do trabalho torna – se realmente divisão apenas partir do momento em que surge uma divisão entre o trabalho material e o espiritual.

A força d produção, o estado social e a consciência – podem e devem entrar em contradição entre si, porque com a divisão do trabalho, fica dada a possibilidade, mais ainda a realidade, que a atividade espiritual e material.

Com a divisão do trabalho, na qual todas estas contradições estão dadas e que repousa, por sua vez na divisão natural do trabalho na família e na separação as sociedade e diversas famílias opostas umas à outras. A propriedade que já tem seu núcleo, sua primeira forma, na família, onde a mulher e ao filhos são escravos do marido.

Além do mais, com a divisão do trabalho é dada ao mesmo tempo a contradição entre o interesse do indivíduo ou da família singulares e o interesse coletivo de todos os indivíduos que relacionam ente si. Este interesse coletivo não existe apenas na representação, como interesse geral, mas as apresenta, antes de mais nada, na realidade, como a dependência recíproca de indivíduos ente os quais o trabalho está dividido.

Toda classe que aspira a dominação, mesmo que essa dominação, como no caso do proletariado, exija a superação de toda a antiga forma de sociedade e de dominação em geral, deve conquistar

O primeiro poder geral, ao que está obrigada no primeiro momento. O poder social, isto é, a força produtiva multiplicada que nasce da cooperação de vários indivíduos exigida pela divisão do trabalho, aparece a estes indivíduos, porque sua cooperação não é voluntária mas natural, que como seu próprio poder unificado, mas como uma força estanha situada fora deles, cuja origem e cujo destino ignoram, que não pode mais dominar e que, pelo contrário, percorre agora uma série particular de fases e de estágios de desenvolvimento, independente do querer e do agir dos homens e que, na verdade, dirige este querer e agir.

Esta alienação, para usar um termo compreensível aos filósofos, pode ser superada, naturalmente, apenas sob dois pressupostos práticos. Para que ela torne um poder insuportável, isto é, um poder contra o qual se faz uma revolução, é necessária que tenha produzido a massa da humanidade como massa totalmente destituída de propriedade.

O fenômeno da massa destituída de propriedade se produz simultaneamente em todos os povos, fazendo com que cada um deles dependa das revoluções dos outros; e, finalmente, coloca indivíduos empiricamente universais.

Sem isso, 1º – o comunismo não poderia existir a não ser como fenômeno local; 2º – as próprias forças do intercâmbio não teriam podido se desenvolver como forças universais, portanto insuportáveis, e supersticiosas; e 3° – toda ampliação do intercâmbio superaria o comunismo local.

Denominamos comunismo a movimento real que supera o estado de coisas atual. As condições desse movimento, resultam de pressupostos atualmente existentes.;

A forma de intercâmbio, condicionada pelas forças de produção existentes em todas as fases históricas anteriores e que, por suas vez, as condiciona, é a sociedade civil.

A sociedade civil abrange todo o intercâmbio material dos indivíduos, no interior de uma fase determinada de desenvolvimento das forças produtivas.

SOBRE A PRODUÇÃO DA CONSCIÊNCIA
A verdadeira riqueza espiritual do indivíduo depende da riqueza da riqueza de suas relações reais. É apenas dessa forma que os indivíduos singulares são libertados das diversas limitações nacionais e locais, são postos em contrato prático com a produção do mundo inteiro e em condições de adquirir a capacidade de desfrute dessa multiforme produção do mundo inteiro.

A dependência multiforme, esta forma natural de cooperação histórico – mundial dos indivíduos, será transformada por essa revolução comunista no controle domínio consciente destes poderes que, engendrados pela ação recíproca dos homens, impuseram – se a eles como poderes totalmente estranhos que os dominaram.

A série sucessiva de indivíduos relacionados entre si pode ser representada como único indivíduo que realiza o mistério de criar – se a si próprio. Vê – se aqui que os indivíduos fazem – se uns aos outros, tanto física quanto espiritualmente, mas não se fazem a si mesmos, nem na absurda concepção de São Bruno.

Esta concepção da história consiste, pois, em expor o processo real de produção, partindo da produção material da cida imediata; e em conceber forma de intercâmbio conectada a este modo de produção e por ele engendrada como funcionamento de toda a histórias, apresentando – a em sua ação enquanto estado e explicando a partir dela o conjunto dos diversos produtos teóricos e formas da consciência.

Todas as formas e todos os produtos da consciência não podem ser dissolvidos por força da crítica espiritual, pela dissolução na autoconsciência ou pela transformação em fantasmas, espectros, visões, etc. Mas só podem ser dissolvidos pela prática das relações reais onde emanam estas tapeações idealistas; não é a crítica, mas a revolução a força motriz da história, assim como da religião, da filosofia e de qualquer outro tipo de teoria.

Os elementos materiais de uma subversão total são, de um lado, as forças produtivas existentes e, de outro, a formação de uma massa revolucionária que se revolte, não só contra as condições particulares da sociedade existente até então, mas também contra a própria produção da vida vigente, contra a atividade total sobre a qual se baseia.